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Em apelo emotivo, Merkel pede restrição do contato social

9 de dezembro de 2020

No Parlamento, chanceler federal pede que alemães respeitem medidas para conter a covid-19 e se manifesta a favor de lockdown radical recomendado por cientistas. País registrou recorde de mortes diárias.

Chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, em discurso no Parlamento alemão
Merkel pediu por um comportamento da população condizente com a "situação excepcional" vivida pela AlemanhaFoto: Tobias Schwarz/AFP/Getty Images

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, defendeu nesta quarta-feira (09/12) a imposição de restrições sociais mais rígidas para frear a propagação do novo coronavírus no país.

Merkel se manifestou explicitamente a favor das recomendações feitas na terça-feira pela Academia Nacional de Ciências Leopoldina. A instituição aconselhou o fim da presença obrigatória nas escolas a partir de 14 de dezembro, um período prolongado de férias escolares natalinas, o fechamento de todo o comércio com exceção do essencial a partir do Natal e que se adote sempre que possível o trabalho remoto.

A chanceler federal afirmou ainda ser contra a abertura de hotéis para que famílias possam se reunir durante os feriados de Natal e Ano Novo e concordou com as recomendações de fechar as lojas após o Natal até 10 de janeiro – data até qual as normas vigentes de lockdown parcial foram prorrogadas.

"O número de contatos entre as pessoas é demasiado elevado. A redução do número de contatos é insuficiente", disse Merkel. "Devemos fazer todo o possível para evitar um aumento exponencial do número de casos."

Merkel fez as declarações na manhã desta quarta-feira no Parlamento alemão, como parte do debate sobre o orçamento do governo para 2021. Esses debates são tradicionalmente uma oportunidade para fazer um balanço do desempenho do governo. Este foi o último debate sobre o orçamento sob Merkel, já que ela não se candidatará à reeleição, após 15 anos à frente do governo alemão.

Merkel argumentou que a Alemanha está passando por uma "situação excepcional" e voltou a pedir por um comportamento da população condizente com a situação.

"A chave mais importante para lutarmos com sucesso contra o vírus é o comportamento responsável de cada indivíduo e a disposição para cooperar", disse Merkel.

"Sinto muito, do fundo do meu coração. Mas se o preço que pagamos são 590 mortes por dia, isso é inaceitável", disse a chanceler, pedindo que os alemães restrinjam o contato social. "Eu só quero deixar claro: se tivermos muitos contatos agora, pouco antes do Natal, e este acabar sendo o último Natal com nossos avós, então teremos feito algo errado."

Nas últimas semanas, a Alemanha tem tido dificuldade em controlar a covid-19. O Instituto Robert Koch, a agência governamental alemã de controle e prevenção de doenças infecciosas, comunicou nesta quarta-feira um novo recorde de mortes diárias no país. Em últimas 24 horas, foram registradas 590 mortes ligadas à covid-19. No total, o país soma 19.932 mortes e mais de 1,2 milhão de infecções pelo coronavírus.

AfD ataca Merkel

Merkel foi duramente criticada pela legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD). A colíder do partido no Parlamento alemão, Alice Weidel, pediu o fim dos "lockdowns contraproducentes" e criticou o que chamou de gerenciamento "grotesco e sem objetivo" de Merkel na pandemia.

"Ela prende cidadãos e destrói indústrias inteiras", bradou Weidel, que argumentou que o lockdown estava sendo imposto com uma "marreta" e fará mais mal do que bem.      

Já Christian Lindner, líder do Partido Liberal Democrático (FDP), afirmou que as atuais restrições são "puramente simbólicas, ineficazes e minam desproporcionalmente a liberdade pessoal". Lindner pediu mais "previsibilidade" nos esforços do governo para controlar o coronavírus e alertou contra o que seu partido considera um dano desmedido aos negócios e à economia alemã.

O líder do FDP e outros membros do Parlamento alemão criticaram fortemente a ausência de supervisão parlamentar sobre a política governamental adotada para a pandemia.    

Em relação à economia, Weidel afirmou que o legado de Merkel será a dívida e o desemprego. 

PV/usa/dw/ots

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