1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Em Berlim, Lula critica política de austeridade europeia

7 de dezembro de 2012

Ex-presidente brasileiro atacou sistema financeiro internacional e fez críticas veladas à chanceler federal alemã Angela Merkel. Lula evitou imprensa e disse que não ficou surpreso com resultado da Operação Porto Seguro.

Lula da Silva Rede auf Berliner KonferenzFoto: picture-alliance/dpa

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelou nesta sexta-feira (07/12) em Berlim para que os sindicalistas alemães não permitam que a crise europeia leve à perda das conquistas sociais do país e pediu para que a Alemanha, como maior economia da Europa, demonstre mais solidariedade para com as nações em crise do continente.

"Essa crise não pode fazer o trabalhador perder o sono. A União Europeia é um patrimônio da humanidade que não pode ser jogado fora", afirmou, ao falar para cerca de 800 pessoas durante um congresso internacional do IG-Metall, sindicado de metalúrgicos da Alemanha.

Lula atacou diretamente o sistema financeiro internacional, que definiu como principal culpado pela crise na UE, e fez críticas veladas à política europeia do governo Merkel, pedindo que o combate à recessão que castiga países como Grécia, Espanha e Portugal seja feito através do investimento e não de medidas de austeridade.

Ex-presidente discursa para sindicato dos metalúrgicos da AlemanhaFoto: DW/M. Damasceno

"Para consertar o que está errado, precisamos de dirigentes com muita vontade política. Precisamos aumentar o comércio, o consumo e o emprego", disse, defendendo que Berlim ajude a financiar o crescimento econômico de outros países. "A Alemanha está para a Europa assim como o Brasil está para a América Latina. E quem é maior tem que ser mais generoso; quem é mais rico tem que ser mais bondoso."

"Caminhos para um mundo melhor", foi o título da palestra em que o político brasileiro lembrou de sua carreira como metalúrgico e líder sindical que chegou a presidente depois de seguidas derrotas nas urnas. "Quando finalmente fui eleito, não aguentava mais perder eleições", confessou, provocando palmas da plateia. Lula também abordou a política de distribuição de renda de seu governo e avanço econômico durante sua gestão, que tornou o Brasil a sexta economia do planeta.

Aversão à imprensa

Sobre a atual política interna brasileira Lula não estava disposto a falar. Em sua visita à capital alemã o ex-presidente evitou a imprensa, como vem ocorrendo nos últimos eventos de que participou no Brasil. A desenvoltura como orador nos palcos era rapidamente substituída por uma expressão de desagrado cada vez que era abordado por jornalistas. Lula deixou escapar um "não fiquei surpreso" quando questionado sobre o resultado da Operação Porto Seguro.

Ele não se dispôs falar mais sobre a operação, deflagrada em novembro pela Polícia Federal para investigar um suposto esquema de tráfico de influência e corrupção em órgãos federais brasileiros, no qual policiais detectaram participação da ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Nódoa Noronha, indicada por Lula para o cargo.

Importância geopolítica do Brasil

Da conferência da IG-Metall, Lula seguiu para a Fundacao Friedrich Ebert, ligada ao SPD, Partido Social Democrata da Alemanha. Ele participou de um debate com o deputado Frank-Walter Steinmeier, ex-ministro do Exterior e atual líder da bancada parlamentar do SPD.

Lula e Steinmeier durante debate na Fundação Friedrich EbertFoto: picture-alliance/dpa

No evento, assistido por uma plateia de mais de 400 pessoas, o tema era o novo papel do Brasil na nova ordem mundial, com destaque para a reforma do Conselho de Segurança da ONU, no qual tanto o Brasil como a Alemanha pleiteiam assento permanente. Ao explicar as principais linhas da política internacional de sua gestão como presidente, o líder petista criticou seus antecessores, que, segundo ele, priorizavam Europa e Estados Unidos, "ficando de costas para a América Latina e a África".

"Achávamos que a União Europeia e os Estados Unidos iam salvar nosso país. Ficávamos disputando com a Argentina quem era mais amigo dos presidentes europeus ou dos Estados Unidos, coisa de gente pequena, que não tem personalidade", alfinetou, sublinhando que seu governo estabeleceu uma "nova dinâmica em política internacional". Steinmeier concordou, dizendo que "a política de integração entre os vizinhos promovida por Lula mudou a América Latina".

Autor: Marcio Damasceno
Revisão: Francis França

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque