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Em Bruxelas, líderes europeus deixam porta aberta para a Ucrânia

Christoph Hasselbach (ca)21 de dezembro de 2013

Ex-república soviética foi um dos temas da cúpula da União Europeia em Bruxelas. UE saiu em desvantagem na disputa com Rússia, mas ainda tem esperança de que Kiev opte por fechar acordo de associação.

Foto: REUTERS

Embora o presidente ucraniano Viktor Yanukovytch tenha assinado, há poucos dias, um importante acordo com a Rússia, a União Europeia não desiste da Ucrânia. A decisão de Kiev não é vista pelos chefes de Estado e governo da UE como uma rejeição ao bloco.

A Ucrânia foi um dos temas da cúpula da União Europeia, que se encerrou nesta sexta-feira (20/12) em Bruxelas. Após o encontro, que reuniu os chefes de Estado e governo do bloco europeu, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, reiterou que "a porta está aberta". E acrescentou: "Não há uma data para que ela seja fechada." Merkel afirmou que Viktor Yanukovytch continua podendo assinar o planejado acordo de associação com a União Europeia. "A Europa já completou os seus preparativos, agora cabe a Ucrânia decidir."

"Governo não é povo"

O chanceler federal austríaco, Werner Faymann, acredita que a UE tem responsabilidade em relação aos manifestantes ucranianos, que defendem uma aproximação com o Ocidente. "Não podemos decepcionar as pessoas na Ucrânia que têm esperança em nossa causa", disse Faymann.

Outros, como a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, já fazem uma distinção entre o governo e a população. "A Europa está aberta para o povo ucraniano, mas não necessariamente para esse governo." Mas Yanukovytch é o presidente e enquanto ele estiver no cargo, a União Europeia não vai poder ignorá-lo.

"Não somos comerciantes de tapetes"

Yanukovytch justificou sua preferência por Moscou pelo fato de a União Europeia não ter lhe oferecido dinheiro suficiente. O presidente ucraniano argumenta que esta seria uma compensação necessária para as perdas que seu país sofreria no comércio com a Rússia, caso a Ucrânia se aproximasse da União Europeia.

No entanto, com a exigência por mais dinheiro, a estratégia de Yanukowitch não somente fracassou. Desde então, os líderes europeus perderam qualquer compreensão para os pedidos do presidente ucraniano. O novo primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, irritou-se: "Não somos comerciantes de tapetes, onde se pergunta quem dá mais."

Yanukovytch com Putin: acordo com Moscou não é tido como sinal de rejeição à UEFoto: picture-alliance/dpa

E o premiê finlandês, Jyrki Katainen, concordou: "Não se trata de uma questão de dinheiro. Não podemos comprar um país." Segundo o chefe de governo belga, Elio di Rupo, o que a Europa tem a oferecer são "estabilidade, democracia, valores. Isso é difícil, é de longo prazo, mas é assim."

Não é possível se ignorar a Rússia

No entanto, os europeus sabem muito bem que a Rússia continuará a ser um importante fator nesse jogo de poder, não importa se o nome do presidente ucraniano é Viktor Yanukovytch, Vitali Klitschko ou qualquer outro. A UE não vê, de forma alguma, a sua oferta à Ucrânia direcionada contra a Rússia. Pelo contrário, a UE acredita que a Rússia também poderia sair lucrando com um acordo de associação entre Bruxelas e Kiev, mesmo que o bloco europeu não aceite um veto de Moscou.

"A Rússia é um importante parceiro da União Europeia", disse o primeiro-ministro finlandês Jyrki Katainen. "E espero que façamos progressos, e que a Rússia esteja interessada em aprofundar nossas relações bilaterais."

Merkel também acredita ser preciso evitar a dicotomia entre UE e a Rússia. Ela também não deseja perder as oportunidades de diálogo com Moscou. E a próxima oportunidade de falar com a Rússia sobre a Ucrânia será no encontro do Conselho UE-Rússia, que se realizará em janeiro.

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