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Em Colônia, mulheres se munem de spray de pimenta

Dagmar Breitenbach (ek)19 de janeiro de 2016

Após série de ataques a mulheres no réveillon, cresce demanda por spray de pimenta e armas de eletrochoque na Alemanha. Especialistas alertam para falsa sensação de segurança.

Deutschland, Ansturm auf Selbstverteitigungsmittel
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

Em resposta às agressões sexuais em larga escala ocorridas durante o último réveillon em Colônia e Hamburgo, a Alemanha viu crescer a demanda por produtos de autodefesa, como spray de pimenta e armas de eletrochoque.

Alguns dos produtos, como o spray de pimenta, chegaram a esgotar em algumas lojas. Na Amazon alemã o produto segue disponível, e uma lata de spray de pimenta vale entre 9 e 27 euros. Há até uma versão em formato de batom.

Falsa segurança?

Segundo a psicóloga Katrin Streich, do Instituto de Psicologia e Gerenciamento de Ameças (IPBm, na sigla em alemão), em Darmstadt, a preocupação com a segurança pessoal cresceu muito nas últimas duas semanas, depois dos ataques a mulheres no Ano Novo.

Para ela, é compreensível essa procura por produtos como spray de pimenta e armas com balas de festim. "É uma tentativa de recuperar o controle de uma situação que as pessoas acreditam não estar mais controlando e na qual não se sentem mais protegidas."

Streich adverte, porém, que produtos de autodefesa dão às mulheres uma falsa sensação de segurança. É uma questão de "segurança subjetiva versus segurança objetiva", diz ela.

O fato de carregar consigo um spray de pimenta não significa que a mulher esteja segura: primeiro, o produto pode estar escondido no fundo da bolsa. Segundo, a mulher pode ficar hesitante quando precisar usá-lo ou até mesmo não estar familiarizada com seu manuseio.

Aulas de autodefesa para mulheres ganharam mais adeptas após os ataques do réveillon em ColôniaFoto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

Streich concorda que portar armas de autodefesa pode ajudar a aumentar a autoconfiança, mas ela argumenta que isso também eleva a possibilidade de situações ameaçadoras se tornarem ainda piores.

Como alternativa, a psicóloga sugere algumas medidas simples: anotar mentalmente as portas de saída quando em locais lotados, discutir possíveis procedimentos de segurança com o grupo de amigas com o qual se está e imaginar qual seria a própria reação numa situação concreta de perigo. Aulas de autodefesa são outra opção, mas apenas se servirem para fortalecer a autoconfiança da mulher, diz.

Curso de autodefesa

"Logo após o Ano Novo, tivemos um número cinco vezes maior de inscrições para as aulas de autodefesa para mulheres", afirma Josef Werner, que dirige a escola de artes marciais Silla, em Colônia.

Questionado sobre o crescente uso de produtos de autodefesa por mulheres, ele opina que simplesmente carregar um spray de pimenta consigo não soluciona o problema. "Você precisa estar preparada para passar de um modo instintivo de fuga para um modo agressivo de ataque", diz Werner. "Isso exige know-how, e você ainda precisa saber usar a arma."

Neste ano, 304 pessoas em Colônia já solicitaram a chamada "licença para pequenas armas", que autoriza o porte de armas com balas de festim ou de ar comprimido. Segundo a polícia local, há 4.857 licenças desse tipo registradas em Colônia e na cidade vizinha de Leverkusen, das quais 408 foram emitidas no ano passado.

Enquanto aumenta a demanda por produtos de autodefesa, o Partido Verde pede uma lei de armas mais rigorosa na Alemanha. "A legislação sobre o comércio de pistolas e revólveres com balas de festim ou de ar comprimido é muito vaga", diz a deputada verde Irene Mihalic.

Segundo ela, o governo deve impedir que as pessoas se armem para fazer justiça com as próprias mãos. "O faroeste não é nosso modelo", diz.

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