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Oxfam sugere taxar fortunas bilionárias contra desigualdade

16 de janeiro de 2023

No Fórum Econômico Mundial, organização reitera aumento da desigualdade devido a pandemia e guerra na Ucrânia. Empresas de alimentos e energia usaram crises como desculpa para aumentar preços.

Imagem mostra pessoas na rua, de costas, sob neve, em protesto em Davos, na Suíça. Cartaz empunhado por pessoa no centro da foto diz, em inglês: "Taxação justa/Taxe os ricos".
Protesto em Davos pede impostos maiores a fortunas, uma das sugestões da organização de combate à desigualdade Oxfam em seu relatório anual de 2023.Foto: Arnd Wiegmann/REUTERS

No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial que acontece esta semana em Davos, na Suíça, a organização caritativa Oxfam divulgou seu relatório anual denunciando um aprofundamento da desigualdade mundial, com 1% das pessoas mais ricas do planeta acumulando o dobro das riquezas do restante da população mundial nos últimos dois anos.

A Oxfam pede a implementação de um imposto de até 5% sobre fortunas de multimilionários e bilionários, argumentando que a taxa poderia gerar até 1,7 trilhões de euros (R$ 8,6 trilhões) anuais – o suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza. Além disso, quer introduzir impostos solidários e taxas sobre lucros excessivos.

"Enquanto pessoas comuns fazem sacrifícios diários para conseguir itens essenciais como comida, os super-ricos superaram seus sonhos mais loucos", criticou Gabriela Bucher, diretora executiva da Oxfam International.

"Em apenas dois anos, a década atual está se mostrando a melhor de todos os tempos para os bilionários", destacou.

Intitulado Sobrevivência dos Mais Ricos, o relatório sobre desigualdade da Oxfam deste ano diz que dois terços de todas as novas riquezas geradas no mundo nos últimos dois anos – o equivalente a 42 trilhões de dólares (R$ 214 trilhões) foram acumulados por 1% da população mundial. O montante é quase o dobro da riqueza gerada por 99% das pessoas no mundo.

"As fortunas bilionárias estão crescendo 2,7 trilhões de dólares (R$ 13,8 trilhões) por dia, até mesmo com a inflação pressionando para baixo os salários de 1,7 bilhões de trabalhadores", diz a Oxfam, que combate a desigualdade no planeta e é uma organizações internacionais mais críticas ao Fórum Econômico Mundial.

Desculpas para aumentar preços

Para a Oxfam, as empresas de alimentos que aumentaram seus lucros com a subida da inflação mundial deveriam pagar impostos extraordinários para diminuir a desigualdade do planeta.

Assim como as empresas de energia, a Oxfam critica as empresas de alimentos por usar as mudanças climáticas, o aumento do custo de vida, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a pandemia de covid-19 como desculpa para aumentar os preços ao consumidor.

A organização avaliou 95 empresas que tiveram lucros excessivos e diz que 84% desses lucros foram pagos a acionistas, enquanto os preços maiores foram repassados a consumidores.

Alguns governos decidiram taxar empresas fornecedoras de combustíveis fósseis pelos lucros extraordinários depois que a guerra na Ucrânia gerou aumento dos preços de petróleo e gás natural desde a invasão do país pela Rússia, em fevereiro do ano passado.

Imposto para empresas de alimentos

Segundo a Oxfam, empresas de energia e de alimentos fazem parte das indústrias dominadas por um pequeno número de companhias que têm oligopólios efetivos, e que a falta de competição permite que essas empresas mantenham os preços altos.

Em Portugal, por exemplo, passa a valer a partir de janeiro e até o final do ano uma taxa sobre lucros excessivos de empresas de energia e grandes redes de varejo, incluindo hipermercados e supermercados. O imposto de 33% será aplicado a lucros pelo menos 20% maiores que a média dos últimos quatro anos. O dinheiro arrecadado deverá ter como destino programas sociais e pequenos produtores.

Presença brasileira em Davos

Mais de 50 chefes de estado e de governo devem participar dos cinco dias do maior encontro da economia mundial este ano, um número recorde. Dezenas de líderes de bancos centrais, representantes do mundo dos negócios e ministros das Finanças e da Economia comparecem ao Fórum, incluindo o novo ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad.

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) também está em Davos a partir desta segunda-feira (16/01) para sublinhar a mudança na política ambiental brasileira e manter diálogos para abertura de mercados para o agronegócio brasileiro, além de atrair recursos para preservação da Amazônia. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Pará, Helder Barbalho, também fazem parte do grupo brasileiro na Suíça.

A presença dos ministros brasileiros em Davos este ano marca uma alteração na política externa do país desde a mudança de governo. O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu a Davos em 2019, em seu primeiro ano de mandato, mas cancelou a presença em 2020. Em 2021, o evento foi organizado de forma virtual e, em 2022, adiado para maio devido à pandemia de covid-19, o que impediu a presença de diversos líderes por questões de agenda.

rk (AP, DPA, DW)

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