Filho de Duterte nega envolvimento com tráfico de drogas
8 de setembro de 2017
Paolo Duterte teria supostamente facilitado entrada de metanfetamina no país. Genro do presidente filipino, que promove morte de traficantes, também estaria envolvido no negócio. Senado investiga o caso.
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Em depoimento ao Senado das Filipinas, o filho do presidente Rodrigo Duterte negou nesta quinta-feira (07/09) ter envolvimento com o tráfico de drogas. Senadores investigam uma carga de metanfetamina, no valor de 125 milhões de dólares, que chegou em Manila.
Senadores da oposição suspeitam que Paolo Duterte facilitou a entrada da droga, vinda da China, no porto da capital em troca de propina. Além do filho, o genro de Duterte, Manases Carpio, também estaria envolvido no negócio.
"Eu e meu cunhado estamos sendo crucificados publicamente com base em rumores e boatos. Não tenho nenhum conhecimento ou envolvimento com a carga ilegal de drogas", disse Carpio, que é casado com a filha do presidente, Sara.
As suspeitas contra os dois surgiram no mês passado, após um despachante aduaneiro ter dito em depoimento que os nomes do filho e do genro de Duterte foram mencionados na tentativa de acelerar o transporte. Pouco tempo depois, o despachante voltou atrás e desmentiu a declaração por comunicado.
Duterte ameaça decretar lei marcial para combater o tráfico
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O senador Antono Trillanes, crítico do presidente, mostrou fotografias nas quais Paolo, que é vice-prefeito de Davao, aparece ao lado de um dos empresários que estaria por trás da carga.
Trillanes afirmou ainda que um serviço de inteligência de um país estrangeiro teria confirmado que Paolo é membro de uma organização criminosa. Uma suposta tatuagem de um dragão com dígitos secretos que ele possuiria nas costas seria a prova dessa ligação. Segundo o senador, o símbolo seria da tríade chinesa, que controla o tráfico de armas e de pessoas.
Segundo um relatório do Congresso dos EUA, a tríade nas Filipinas está envolvida na lavagem de dinheiros, tráfico de drogas e de armas.
Ao ser questionado sobre a tatuagem, Paolo confirmou ter uma, mas se negou a descrevê-la, invocando seu direito à privacidade. O filho de Duterte também recusou a sugestão de enviar uma fotografia da tatuagem à agência americana antidrogas (DEA) para que os tais códigos secretos fossem decifrados.
Paolo não respondeu ainda questões sobre sua conta bancária, argumentando que as perguntas eram irrelevantes.
Após vencer com folga a eleição presidencial no ano passado com a promessa de acabar com o narcotráfico nos primeiros seis meses de mandato, Duterte pediu em várias ocasiões à polícia e aos cidadãos que eliminassem narcotraficantes e usuários de drogas.
Desde que assumiu a presidência em junho do ano passado, a sangrenta guerra contra o tráfico no país, que deixou mais de 3,8 mil mortos em operações antidrogas. Mais de 2,1 mil morreram em circunstâncias não especificadas. Ativistas acusam policiais de executarem usuários de drogas e traficantes. Autoridades negam as acusações.
Em outubro, o presidente chegou a se comparar a Adolf Hitler, afirmando que ficaria "feliz em matar" 3 milhões de usuários de drogas e traficantes. Mais tarde, pediu desculpas pela referência ao líder nazista, mas reafirmou o desejo de matar milhões de pessoas ligadas ao tráfico nas Filipinas.
Após as primeiras acusações contra seus familiares, Duterte afirmou que não renunciará mesmo que seja provado que membros de sua família estão envolvidos em corrupção.
CN/rtr/afp/dpa
Drogas com passado alemão
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.