O dialeto típico de Hamburgo não é o único falado na cidade portuária. Uma outra variante remete à língua escrita adotada em alguns principados antes da unificação da Alemanha.
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O dia já começa com um enfático Moin, Moin. De fato, isso soa como "bom dia" (Guten Morgen), lembrando a saudação em baixo alemão Morgen!, abreviada como Morn (próximo ao anglo-saxão morning) ou Moin. Mas Moin, Moin se diz de manhã, à tarde e à noite...
Na verdade, a expressão é derivada de mooi (bom, bonito), uma palavra usada no baixo alemão, holandês, flamengo e frísio. Moin Dag (Guten Tag) é "boa tarde"; a repetição Moin Moin é para enfatizar.
Apesar da familiaridade da expressão, o hamburguês não é de muitas intimidades, pelo menos de início. Mesmo dentro da Alemanha, ele tem a fama de ser reservado e formal. Mas depois de uma troca de palavras inicial no alemão clássico, não é incomum ele começar a falar em dialeto.
Tentando falar difícil
Afinal, a língua original de Hamburgo não é o alemão clássico, mas sim o chamado Plattdeutsch (baixo-alemão). Na época hanseática, os dialetos de Hamburgo e Lübeck eram a língua franca do norte da Europa, entendida da Inglaterra à Rússia. Até a Idade Moderna, o Plattdeutsch era a língua oficial de Hamburgo, falada em inúmeras variantes dialetais.
Mas o Platt de Hamburgo nem sempre é Platt de Hamburgo. N mooien Dag wünsch ik (Einen guten Tag wünsche ich = Desejo um bom dia) é uma frase em Missingsch.
Missingsch é uma mistura de alemão clássico e baixo-alemão; em outras palavras, uma espécie de tentativa fracassada do nativo de Hamburgo ou de Danzig (hoje Gdansk, Polônia) falar o alemão padrão.
Esperando no jardim
Missingsch não vem de "Mischung" (mistura), mas sim de Meissnisch ou Meissnerisch, ou seja, a língua escrita adotada por diferentes principados antes da unificação da Alemanha. Esta padronização foi feita após as chancelarias terem desistido pouco a pouco do latim como idioma oficial para documentos escritos. Trata-se da chamada "língua de chancelaria de Meissner", para qual Lutero traduziu a Bíblia.
Por Hamburgo passa uma linha imaginária determinada pelo Alster. Este rio, que atravessa a cidade e forma um lago no centro, funciona como uma fronteira sociolinguística.
Os habitantes do bairro rico de Blankenese, cuja vida tem um charme aquático por causa da proximidade do Rio Elba, "esperam no jardim" (warchten im Garchten = warten im Garten), quando combinam de se encontrar com alguém. Já os moradores do bairro de Barmbeck, do outro lado, esperam no jardim de outro jeito: Sie waaten im Gaaten.
Engolindo o L e o R
Mas mais importante que a separação leste e oeste dentro de Hamburgo é a chamada linha de Benrath, de Aachen, no oeste, a Frankfurt do Oder, no leste. Ao norte desta fronteira, se fala o Plattdeutsch, e, ao sul, o alemão padrão. No sul, "gato" é Katze; no norte, é Kat (o que deixa reconhecer mais uma vez a proximidade do anglo-saxão).
Dialeto para cá e para lá, em Hamburgo também se fala o alemão clássico, é claro, apesar de algumas peculiaridades. Muitos hamburgueses separam nitidamente o "s" de outras consoantes, em palavras como S-tein ("pedra") ou S-patz ("pardal"). Eles também costumam engolir o "r" e o "l", falando Miich em vez de Milch ("leite") e Kiiche em vez de Kirche ("igreja").
Dez motivos para visitar Hamburgo
A segunda maior cidade da Alemanha é um importante centro comercial e portuário na Europa. Localizada junto aos rios Elba e Alster, Hamburgo tem muito a oferecer em termos de cultura, história e lazer.
Foto: picture-alliance/dpa/Kay Nietfeld
Importância da água
Navios trafegam noite e dia pelo rio Elba, entre o Mar do Norte e o porto de Hamburgo. O barulho dos motores e das gaivotas acompanham os esportistas na praia. O porto de Hamburgo, um dos maiores da Europa, fica apenas atrás do de Roterdã, na Holanda. São mais de 800 anos de história. Praias, cais, ancoradouros, cargueiros gigantescos e navios-museus dão um ar marítimo singular à cidade.
Foto: picture-alliance/dpa/Christian Charisius
Novo símbolo arquitetônico
Hamburgo está recebendo um novo símbolo. Construída sobre um antigo depósito de cacau, a moderna construção em vidro da Filarmônica do Elba (Elbphilarmonie) terá 110 metros de altura. A sala de concertos deverá ser inaugurada em janeiro de 2017.
Foto: picture-alliance/dpa/Bodo Marks
Passar por debaixo do rio
Para atravessar o Elba mais rápido, em 1911 foi inaugurado um túnel por debaixo do rio, uma verdadeira sensação para a época. Elevadores transportam carros, pedestres e bicicletas para o nível da rua. Apenas quem passa de carro pelos tubos de 426,5 metros de comprimento paga uma taxa.
Foto: picture-alliance/dpa/Bodo Marks
Novo bairro Hafen City
Na antiga área do porto às margens do Elba é implementado um dos maiores projetos de desenvolvimento urbano na Europa. O quarteirão antes esquecido está recebendo prédios sustentáveis e projetos grandiosos, como a Filarmônica do Elba. A área reestruturada poderá abrigar mais de 10 mil moradores a partir de 2025. A torre de metal de cor laranja foi inspirada em guindastes portuários e periscópios.
Foto: picture-alliance/dpa/Ulrich Perrey
Cidade das pontes
Ninguém sabe exatamente quantas pontes há em Hamburgo. A estatística oficial diz que são 2.500. Ou seja, mais do que em Veneza, Amsterdã ou Londres. Depois do grande incêndio de 1842, muitas pontes de madeira tiveram de ser substituídas. E, com o crescimento da área portuária, seguiram-se mais pontes de ferro e aço sobre os rios Elba e Alster, seus canais e também no bairro Speicherstadt.
Foto: picture-alliance/dpa/Kay Nietfeld
Antigo bairro dos armazéns
O complexo de armazéns Speicherstadt foi inaugurado em 1888. Antes disso, Hamburgo havia recebido um porto livre, onde a armazenagem e o processamento de produtos eram isentos de taxas. Assim surgiu o maior complexo de armazéns do mundo. Ainda hoje permanecem ali os aromas de café, chás e especiarias. Em 2015, o Speicherstadt foi reconhecido como patrimônio mundial pela Unesco.
Foto: picture-alliance/dpa/Kay Nietfeld
Mensageiros da primavera
A cidade de Hamburgo é proprietária de mais de cem cisnes. Há inclusive um cuidador oficial, que desde 1674 é responsável por retirar as aves do seu abrigo de inverno. Com a posse do elegante cisne branco, na realidade um privilégio dos reis, a cidade antigamente demonstrava sua soberania. Ainda hoje, Hamburgo é uma das cidades-estado da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Christian Charisius
Noite agitada
A vida noturna de Hamburgo acontece na Reeperbahn, que é comparada à Red Light District de Amsterdã. O bairro St. Pauli concentra bares, restaurantes, teatros, sex shops e clubes eróticos. Nos anos 1960, artistas e músicos descobriram o charme empoeirado do bairro. No legendário Star-Club, os Beatles conquistaram o público alemão e iniciaram a carreira de sucesso.
Foto: picture-alliance/dpa/Angelika Warmuth
Torres que parecem dançar
Na rua Reeperbahn, número 1, há dois prédios que, pela sua arquitetura, parecem um par dançando. Nos andares superiores dos prédios de 105 metros de altura há um restaurante e um bar. Do terraço, há uma magnífica vista para a área portuária.
Foto: picture-alliance/dpa/Marcus Brandt
Feira do peixe
O mercado do peixe (Fischmarkt) em Altona atrai milhares de visitantes a cada domingo. A feira é famosa não só pelos gritos dos vendedores ou pela oferta de peixes. Lá se podem comprar outros produtos frescos e tomar o café da manhã ao som de música ao vivo.