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Em discurso, Macron diz que nacionalismo leva a guerras

12 de novembro de 2019

Na abertura do Fórum da Paz, presidente francês afirma que sistema político global está à beira de uma "crise sem precedentes" e defende "cooperação equilibrada" entre nações para solucionar problemas atuais.

Macron discursa na abertura do Fórum da Paz, em Paris
Macron discursou na abertura do Fórum da Paz, em ParisFoto: picture-alliance/Xinhua News Agency/S. Hong

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira (12/11) que o sistema político global está à beira de uma "crise sem precedentes" e pediu novas alianças para solucionar os problemas no mundo. O apelo foi feito em seu discurso na abertura da segunda edição do Fórum da Paz, em Paris.

Ao discursar para cerca de 30 chefes de Estado e de governo, Macron defendeu o multilateralismo e "uma cooperação equilibrada" entre as nações. Em uma aparente referência à política externa dos Estados Unidos, que não enviou representantes ao fórum, o presidente francês disse que a "tentação do unilateralismo" é "muito arriscada".

"Tentamos essa opção no passado. Ela leva à guerra. Nacionalismo é guerra", ressaltou Macron, acrescentando que "a não cooperação destrói tudo o que foi erguido nos últimos anos".

O tom do discurso do presidente francês foi marcado pela defesa e pela necessidade de reforçar os vínculos entre países. Ele lembrou ainda que os sistemas político e econômico globais construídos após o fim da Segunda Guerra Mundial trouxeram paz a algumas regiões e ajudaram a diminuir a pobreza.

Na sua intervenção, Macron frisou que a Europa, e os respectivos progressos, são um exemplo da importância e do peso da cooperação internacional, lembrando igualmente que, no passado, este mesmo continente também refletiu "o preço a pagar por uma não cooperação". Ele afirmou que desigualdades que surgiram entres povos e países levaram ao renascimento do nacionalismo e unilateralismo.

O presidente argumentou que o mundo precisa de mais cooperação para enfrentar os desafios atuais, como pobreza, guerra, crescimento da população e o declínio dos recursos naturais.

Macron, que na semana passada disse numa entrevista que a Otan se encontra num estado de "morte cerebral", afirmou que o Fórum da Paz pode ser uma plataforma para desenvolver "novas iniciativas" que complementem o trabalho já realizado por organizações internacionais no âmbito da cooperação.

O fórum foi uma iniciativa lançada pelo presidente francês no âmbito das celebrações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e teve a sua primeira edição em novembro de 2018.

A sessão de abertura do evento também contou com a presença da presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que em seu discurso defendeu igualmente o multilateralismo e prometeu iniciar uma "verdadeira Comissão geopolítica" para "uma Europa mais voltada para o exterior".

"Sozinha, nenhuma pessoa consegue enfrentar [os desafios]. Apenas juntos podemos trabalhar pela paz e pela prosperidade", ressaltou Von der Leyen, acrescentando que o multilateralismo criou uma Europa "pacífica e unida" no pós-guerra.

O vice-presidente chinês, Qishan Wang, também se uniu ao apelo por uma cooperação global maior. "A disseminação do unilateralismo, protecionismo e populismo, além da tendência de substituir pensamento e ações racionais pelo derramamento de emoções, não ajudam a resolver os problemas", destacou.

Até quarta-feira, o Fórum da Paz, que foi lançado com o intuito de reforçar o multilateralismo no mundo, será palco de debates com a presença de várias personalidades, como o secretário-geral da ONU, António Guterres. As mudanças climáticas, as desigualdades sociais, a desinformação e a cibercriminalidade são alguns dos temas do evento este ano.

CN/lusa/afp/efe/ap

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