Em Israel, Ban Ki-moon pede calma em meio à violência
20 de outubro de 2015
Secretário-geral da ONU adverte contra uma escalada na hostilidade entre israelenses e palestinos e insta pelo fim do conflito. Visita surpresa a Jerusalém é marcada por mais mortes na Cisjordânia.
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Durante uma visita surpresa a Jerusalém, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, advertiu contra uma escalada da violência entre israelenses e palestinos. Sua mensagem à população local foi marcada por novas mortes na Cisjordânia.
Em discurso durante encontro com o presidente de Israel, Reuven Rivlin, nesta terça-feira (20/10), Ban pediu por um fim no conflito entre israelenses e palestinos. O secretário-geral da ONU disse que a culpa pela recente onda de ataques violentos, tanto em território israelenses como palestino, é a falta de um "horizonte político".
"Minha visita reflete o sentimento de alarme global com a perigosa escalada da violência entre israelenses e palestinos. Estou aqui para incentivar e apoiar todos os esforços para diminuir as tensões e evitar que a situação saia do controle", disse Ban.
"Eu sei que suas esperanças por paz foram frustradas inúmeras vezes. Vocês estão irritados com a contínua ocupação e expansão de assentamentos. Não estou pedindo para que sejam passivos, mas que baixem as armas do desespero", urgiu o secretário-geral da ONU, visando o povo palestino.
"A violência só prejudica a aspiração legítima de um Estado palestino", disse Ban. "Se não agirmos rapidamente, a dinâmica na região só vai piorar", alertou, acrescentando que ainda não era tarde demais para "evitar uma crise mais ampla".
Dirigindo-se aos israelenses, Ban disse entender seus medos, devido à deterioração da segurança, mas reiterou que não há solução militar. "Quando as crianças têm medo de ir à escola, quando qualquer pessoa na rua é uma vítima em potencial, a segurança é exatamente a prioridade imediata", disse. "Mas muros, postos de controle, respostas duras por parte de forças de segurança e as demolições de casas não podem sustentar a paz e a segurança que vocês precisam."
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, compartilhou uma mensagem semelhante durante uma visita ao seu homólogo jordaniano, em Amã, também nesta terça-feira (20/10). Steinmeier instou israelenses e palestinos para evitarem ações que poderiam "inflamar ainda mais" a instabilidade, advertindo para "consequências incalculáveis".
Novas mortes na Cisjordânia
A visita de Ban a Jerusalém foi ofuscada por novas mortes na Cisjordânia. A polícia israelense comunicou, no início desta terça-feira, que um palestino foi morto a tiros, após ter jogado seu carro contra um grupo de israelenses perto de Jerusalém.
Em outro incidente, um homem israelense morreu após ser atropelado por um caminhão durante um confronto com palestinos. De acordo com um funcionário de segurança palestino, o motorista se entregou à polícia, afirmando ter atingido o homem por acidente.
Ao longo do último mês, dez israelenses foram mortos em ataques palestinos, a maioria foram esfaqueamentos. Neste mesmo período, 43 palestinos – sendo 20 agressores – foram mortos por fogo israelenses. Um emigrante da Eritreia foi morto no fim de semana, após ser baleado e espancado por uma multidão que erroneamente acreditou que ele era um assaltante palestino.
PV/afp/ap/dpa
Os 50 dias de guerra em Gaza em 2014
Os momentos-chave do conflito entre Israel e Hamas, que deixou mais de 2 mil mortos.
Foto: Reuters
Governo de unidade palestino
Em 2 de junho, en Ramallah, na Cisjordânia, Hamas e Fatah oficializam um governo de unidade. Europeus e americanos manifestam apoio, porém com cautela. O governo israelense reage e suspende as negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos, por considerar o Hamas uma organização terrorista.
Foto: Reuters
Sequestro de três estudantes
Em 12 de junho, três estudantes israelenses são sequestrados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu culpa o Hamas pelo desaparecimento dos jovens. No final de junho, os corpos são encontrados. Em 23 de agosto, pouco antes do cessar-fogo duradouro, o Hamas assumiria envolvimento no assassinato dos três.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Assassinato de jovem palestino
Em 2 de julho, o corpo de um adolescente palestino, de 16 anos, é encontrado numa floresta perto de Jerusalém. A família acusa colonos israelenses do assassinato. Na parte árabe de Jerusalém, há confrontos com a polícia israelense. Após seguidos lançamentos de foguetes a partir da Faixa de Gaza, o Exército israelense move tropas adicionais à divisa com o território palestino.
Foto: Getty Images
Começa a guerra
Em 8 de julho, o conflito entre israelenses e palestinos torna-se novamente uma guerra. Em poucas horas, dezenas de foguetes são lançados da Faixa de Gaza contra Israel. Não há feridos, já que grande parte dos mísseis são destruídos no ar. Nos ataques aéreos israelenses, mais de 20 pessoas são mortas.
Foto: Reuters
Iniciam-se as negociações
Após uma semana de conflito, em 14 de julho surge a primeira esperança de um cessar-fogo. O Egito intervém como mediador. Israel concorda com uma trégua prevista para o dia seguinte. O Hamas rejeita a proposta egípcia. "Um armistício sem um acordo com Israel está fora de questão", disse o porta-voz do grupo. A guerra, então, já tinha 180 mortos.
Foto: Reuters
A primeira trégua
Em 17 de julho, pela primeira vez desde o início dos combates, Israel e Hamas concordam com um cessar-fogo de cinco horas. Após o período, Israel começa uma ofensiva terrestre. Netanyahu detalha os objetivos da operação: a infraestrutura do Hamas deve ser destruída, especialmente os chamados "túneis do terror".
Foto: DAVID BUIMOVITCH/AFP/Getty Images
Protestos pelo mundo
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apela por uma suspensão dos ataques. Um dia depois, em 20 de julho, ele viaja com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ao Cairo para discutir uma trégua. Em Gaza, milhares de pessoas fogem de suas casas e procuram abrigo. Em alguns países, há protestos contra a ofensiva de Israel. Em Paris, há manifestações e ataques contra instituições judaicas.
Foto: Reuters
Ataque a escola da ONU
Em 24 de julho, 15 pessoas morrem e mais de 200 ficam feridas em um ataque israelense a uma escola das Nações Unidas. O Exército de Israel argumenta que havia avisado sobre a investida antes de ela ocorrer. A agência de refugiados da ONU informa que a evacuação da escola não era possível. Mais de 570 palestinos e 25 soldados israelenses são as vítimas da guerra até então.
Foto: Reuters
Novo cessar-fogo
Em 26 de julho, começa um cessar-fogo de 12 horas. Em Paris, ministros do Exterior se encontram para discutir uma trégua permanente. Muitos palestinos usam a suspensão dos ataques para comprar medicamentos e alimentos. Os serviços de emergência retiram mais de 130 corpos dos escombros. Israel anuncia o prolongamento do cessar-fogo por algumas horas, mas o Hamas dispara foguetes novamente.
Foto: imago
Tréguas violadas
Uma nova trégua é violada, em 1º de agosto. Nos dias seguintes, o caso se repete. No início de agosto, Israel dispara novamente contra uma escola da ONU e, em seguida, retira as tropas terrestres da Faixa de Gaza. No Cairo, as partes envolvidas no conflito negociam um cessar-fogo duradouro.
Foto: picture-alliance/dpa
Chance à paz
A mais longa trégua desde o início da guerra possibilita, a partir de 10 de agosto, negociações. O cessar-fogo que era para durar três dias se estende por nove. O mediador, Egito, evita a longa lista de exigências dos dois lados. Um pequeno texto seria promissor para um possível acordo. A abertura das fronteiras de Gaza e a expansão gradual da zona de pesca são discutidas.
Foto: picture-alliance/AP
Mortes passam de 2 mil
Um armistício permanente é quase alcançado em 19 de agosto. Mas foguetes são novamente lançados. Israel responde e mata, entre outros, a mulher e filho de um chefe militar do Hamas nos ataques. Dois mil palestinos foram mortos e mais de 10 mil ficaram feridos na guerra. O lado israelense contabiliza as mortes de 64 soldados e três civis. Uma criança israelense morre por um foguete lançado de Gaza.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Cessar-fogo permanente
Depois de 50 dias de guerra, em 26 de agosto o Egito consegue fazer as duas partes chegarem, enfim, a um cessar-fogo permanente. O acordo entre os palestinos e Israel garante que as fronteiras de Gaza serão reabertas. As negociações para tratar de mais detalhes do acordo continuam em quatro semanas.