Em Israel, Steinmeier defende criação de Estado palestino
31 de maio de 2015
Durante encontro com Netanyahu, ministro alemão do Exterior diz que solução de dois Estados é necessária para garantir segurança na região e defende retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos.
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Após encontro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, afirmou neste domingo (31/05) em Jerusalém que a criação de "um Estado palestino viável e pacífico" é condição necessária para que Israel alcance a "segurança real e permanente".
Para Steinmeier, esforços devem ser feitos nesse sentido, "mesmo que a situação atual pareça extremamente difícil". O ministro alemão alertou que uma nova escalada militar na região seria ruim para ambos os lados.
O ministro alemão defendeu ainda a retomada das negociações de paz entre Israel e Palestina, paralisadas devido à exigência palestina para que o governo israelense interrompa a construção de assentamentos na Cisjordânia e no leste de Jerusalém. Israel, porém, rejeita qualquer precondição para iniciar as conversas.
Em resposta a Steinmeier, Netanyahu afirmou estar, a princípio, aberto a uma solução de dois Estados para o conflito com os palestinos. No entanto, o primeiro-ministro israelense, que lidera o governo mais à direita no país desde os anos 1990, afirmou que, primeiramente, é necessário haver condições adequadas para as negociações. No entanto, ele disse, "este não parece ser o caso atualmente".
Para o primeiro-ministro, os palestinos precisam, inicialmente, reconhecer Israel como "Estado nacional do povo judaico". Além disso, afirmou Netanyahu, os palestinos precisam aceitam medidas de segurança para prevenir ataques a territórios israelenses.
As negociações do acordo nuclear entre as seis potências mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha) e o Irã também entraram na pauta do encontro. O primeiro-ministro de Israel disse que um tratado com Teerã ameaça a "paz mundial". O acordo visa limitar as atividades nucleares do governo iraniano.
Visita à Faixa de Gaza
No início da viagem de dois dias a região, Steinmeier reuniu-se com o presidente israelense, Reuven Rivlin. No encontro, o ministro disse que a relação entre os dois países é um "milagre" e um "tesouro especial" perante a história de horror do holocausto.
De Jerusalém, Steinmeier seguiu para Ramallah, onde fica a sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia, para um encontro com o primeiro-ministro palestino, Rami Hamdallah. Na segunda-feira, o alemão fará uma visita à Faixa de Gaza, palco da guerra entre Israel e palestinos no ano passado.
CN/dpa/afp
Os 50 dias de guerra em Gaza em 2014
Os momentos-chave do conflito entre Israel e Hamas, que deixou mais de 2 mil mortos.
Foto: Reuters
Governo de unidade palestino
Em 2 de junho, en Ramallah, na Cisjordânia, Hamas e Fatah oficializam um governo de unidade. Europeus e americanos manifestam apoio, porém com cautela. O governo israelense reage e suspende as negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos, por considerar o Hamas uma organização terrorista.
Foto: Reuters
Sequestro de três estudantes
Em 12 de junho, três estudantes israelenses são sequestrados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu culpa o Hamas pelo desaparecimento dos jovens. No final de junho, os corpos são encontrados. Em 23 de agosto, pouco antes do cessar-fogo duradouro, o Hamas assumiria envolvimento no assassinato dos três.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Assassinato de jovem palestino
Em 2 de julho, o corpo de um adolescente palestino, de 16 anos, é encontrado numa floresta perto de Jerusalém. A família acusa colonos israelenses do assassinato. Na parte árabe de Jerusalém, há confrontos com a polícia israelense. Após seguidos lançamentos de foguetes a partir da Faixa de Gaza, o Exército israelense move tropas adicionais à divisa com o território palestino.
Foto: Getty Images
Começa a guerra
Em 8 de julho, o conflito entre israelenses e palestinos torna-se novamente uma guerra. Em poucas horas, dezenas de foguetes são lançados da Faixa de Gaza contra Israel. Não há feridos, já que grande parte dos mísseis são destruídos no ar. Nos ataques aéreos israelenses, mais de 20 pessoas são mortas.
Foto: Reuters
Iniciam-se as negociações
Após uma semana de conflito, em 14 de julho surge a primeira esperança de um cessar-fogo. O Egito intervém como mediador. Israel concorda com uma trégua prevista para o dia seguinte. O Hamas rejeita a proposta egípcia. "Um armistício sem um acordo com Israel está fora de questão", disse o porta-voz do grupo. A guerra, então, já tinha 180 mortos.
Foto: Reuters
A primeira trégua
Em 17 de julho, pela primeira vez desde o início dos combates, Israel e Hamas concordam com um cessar-fogo de cinco horas. Após o período, Israel começa uma ofensiva terrestre. Netanyahu detalha os objetivos da operação: a infraestrutura do Hamas deve ser destruída, especialmente os chamados "túneis do terror".
Foto: DAVID BUIMOVITCH/AFP/Getty Images
Protestos pelo mundo
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apela por uma suspensão dos ataques. Um dia depois, em 20 de julho, ele viaja com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ao Cairo para discutir uma trégua. Em Gaza, milhares de pessoas fogem de suas casas e procuram abrigo. Em alguns países, há protestos contra a ofensiva de Israel. Em Paris, há manifestações e ataques contra instituições judaicas.
Foto: Reuters
Ataque a escola da ONU
Em 24 de julho, 15 pessoas morrem e mais de 200 ficam feridas em um ataque israelense a uma escola das Nações Unidas. O Exército de Israel argumenta que havia avisado sobre a investida antes de ela ocorrer. A agência de refugiados da ONU informa que a evacuação da escola não era possível. Mais de 570 palestinos e 25 soldados israelenses são as vítimas da guerra até então.
Foto: Reuters
Novo cessar-fogo
Em 26 de julho, começa um cessar-fogo de 12 horas. Em Paris, ministros do Exterior se encontram para discutir uma trégua permanente. Muitos palestinos usam a suspensão dos ataques para comprar medicamentos e alimentos. Os serviços de emergência retiram mais de 130 corpos dos escombros. Israel anuncia o prolongamento do cessar-fogo por algumas horas, mas o Hamas dispara foguetes novamente.
Foto: imago
Tréguas violadas
Uma nova trégua é violada, em 1º de agosto. Nos dias seguintes, o caso se repete. No início de agosto, Israel dispara novamente contra uma escola da ONU e, em seguida, retira as tropas terrestres da Faixa de Gaza. No Cairo, as partes envolvidas no conflito negociam um cessar-fogo duradouro.
Foto: picture-alliance/dpa
Chance à paz
A mais longa trégua desde o início da guerra possibilita, a partir de 10 de agosto, negociações. O cessar-fogo que era para durar três dias se estende por nove. O mediador, Egito, evita a longa lista de exigências dos dois lados. Um pequeno texto seria promissor para um possível acordo. A abertura das fronteiras de Gaza e a expansão gradual da zona de pesca são discutidas.
Foto: picture-alliance/AP
Mortes passam de 2 mil
Um armistício permanente é quase alcançado em 19 de agosto. Mas foguetes são novamente lançados. Israel responde e mata, entre outros, a mulher e filho de um chefe militar do Hamas nos ataques. Dois mil palestinos foram mortos e mais de 10 mil ficaram feridos na guerra. O lado israelense contabiliza as mortes de 64 soldados e três civis. Uma criança israelense morre por um foguete lançado de Gaza.
Foto: Menahem Kahana/AFP/Getty Images
Cessar-fogo permanente
Depois de 50 dias de guerra, em 26 de agosto o Egito consegue fazer as duas partes chegarem, enfim, a um cessar-fogo permanente. O acordo entre os palestinos e Israel garante que as fronteiras de Gaza serão reabertas. As negociações para tratar de mais detalhes do acordo continuam em quatro semanas.