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Em livro, Obama elogia Merkel e vê Lula com reservas

17 de novembro de 2020

Chanceler alemã é honesta e confiável, afirma ex-presidente dos EUA. Democrata elogia "reformas pragmáticas" e progressos sociais dos governos do petista, mas lembra rumores de corrupção.

Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva em Washington
Líder brasileiro deixou uma boa impressão em Obama durante sua visita à Casa Branca em 2009Foto: picture-alliance/dpa/M. Reynolds

Em livro de memórias lançado nesta terça-feira (17/11), o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama faz elogios à chanceler federal alemã, Angela Merkel, e observações pouco gentis sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy.

Sobre Merkel, ele diz que a chanceler inicialmente o via com ceticismo, o que ele interpretou como uma reação a seus discursos fortes e sua retórica exagerada. "Para uma chefe de governo alemã, uma aversão a uma possível demagogia provavelmente foi uma atitude saudável", pondera.

Obama acrescenta que, com o tempo, os dois passaram a confiar um no outro. Segundo ele, Merkel é uma "mistura de capacidade de organização, sagacidade estratégica e paciência inabalável" e é "confiável, honesta, intelectualmente precisa e naturalmente gentil".

Obama diz que ele e Merkel passaram a confiar um no outro com o tempoFoto: picture-alliance/dpa/EPA/M. Sohn

O democrata reserva palavras bem menos gentis para Lula. Por um lado, ele diz que o brasileiro deixou uma boa impressão durante uma visita à Casa Branca e o descreveu como um ex-líder sindical "grisalho e cativante" que iniciara "uma série de reformas pragmáticas que fizeram as taxas de crescimento do Brasil dispararem, ampliando sua classe média e assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres".

Mas Obama também faz referências a relatos de corrupção no governo petista e aponta falta de escrúpulos em Lula. "Constava também que tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall, e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões", afirma.

O Tammany Hall foi uma organização dentro do Partido Democrata de Nova York que funcionou como uma engrenagem de controle da política local, facilitando a ascensão de imigrantes irlandeses a cargos políticos e atuando como uma rede de clientelismo e corrupção.

O ex-presidente americano não tem elogios a Putin. Para Obama, o líder russo considera propinas, extorsões, fraudes e violência como ferramentas legítimas de governo.

Obama também não poupa Sarkozy e diz que o francês usava palmilhas especiais para ficar mais alto e conversava com o peito estufado como o de um galo garnisé.

O livro, que leva o nome de Uma terra prometida, é o primeiro de dois volumes sobre a presidência de Obama. Episódios polêmicos, como o uso de drones no Afeganistão e a espionagem da NSA, devem ficar para o segundo volume.

AS/dpa/afp/ots

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