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CriminalidadeAmérica Latina

Em megaoperação, Interpol mira Brasil e América Latina

19 de abril de 2023

Maior operação contra armas de fogo já executada pela agência foi coordenada de Foz do Iguaçu e aconteceu em 15 países. No Brasil, ação prendeu integrantes do PCC.

Policiais colombianos levam detidos em operação da Interpol contra armas ilegais
Operação ocorreu em 15 países da regiãoFoto: Sebastian Barros/NurPhoto/picture alliance

A maior operação contra armas de fogo na América Latina coordenada pela Interpol apreendeu mais de 5,7 bilhões de dólares em drogas e deteve 14.260 suspeitos em 15 países da região, incluindo Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Panamá e México, anunciou a agência policial nesta terça-feira (18/04)

Denominada "Operação Gatilho IX", a ação, realizada entre 12 março e 2 de abril, apreendeu ainda 8.263 armas ilegais e mais de 300 mil cartuchos de munições, bem como 203 toneladas de drogas e 372 toneladas de precursores de drogas. No Paraguai, a polícia resgatou ainda onze vítimas de tráfico humano.

"O fato de uma operação visando armas de fogo ilícitas ter resultado em uma grande apreensão de drogas é mais uma prova, se necessária, de que esses crimes estão interligados", destacou o secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock.

A operação foi lançada por autoridades locais na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. E, segundo a Interpol, descobriu outros crimes, como corrupção, fraude, tráfico de seres humanos, crimes contra o ambiente e atividades terroristas.

"As armas de fogo ilegais, utilizadas pelos criminosos para cometer assaltos à mão armada e assassinatos, também estão estreitamente relacionadas com a proliferação de uma ampla gama de crimes que utilizam as mesmas rotas do tráfico", especificou a Interpol, que tem sede na cidade francesa de Lyon, num comunicado.

Detalhes da operação que teve sede no Brasil

A Interpol reuniu um Foz do Iguaçu especialistas em armas dos países envolvidos de onde foi coordenada a operação. Segundo a agência policial, o centro operacional na cidade localizada na tríplice fronteira, entre Argentina, Paraguai e Brasil, apoiou a linha de frente e garantiu a rápida troca e checagem cruzada de inteligência.

Na operação, os investigadores contaram com o Sistema de Gerenciamento de Rastreamento e Registro de Armas Ilícitas (iARMS) – o único banco de dados global que inclui registros de armas de fogo roubadas, perdidas e contrabandeadas – e tiveram acesso ao programa da Interpol com registros de digitais balísticas.

De acordo com a Interpol, o rastreio da história das armas recuperadas pode fornecer pistas investigativas cruciais. Cada arma de fogo é única e pode ser identificada pelo seu número de série, impressão balística, marca, modelo e calibre.

Financiada pela União Europeia, a operação consegui desarticular 20 organizações criminosas envolvidas no tráfico de armas e prendeu integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), da gangue salvadorenha Mara Salvatrucha e do Cartel dos Bálcãs, que também atua na América do Sul.

A maior apreensão de munição ocorreu no Uruguai, 100 mil. Na ocasião, dois europeus foram detidos. Já no Brasil e Paraguai, várias revendedoras de armas de fogo foram fechadas após a identificação de transferências irregulares e vendas sem licença.

Próximos passos

Segundo a Interpol, cerca de 30 investigações foram abertas após a operação e as autoridades identificaram 15 novos modus operandi para a fabricação, tráfico e ocultação de armas de fogo ilícitas.

"As redes do crime organizado por trás de todas essas atividades ilícitas têm apenas uma prioridade: o lucro. Nós, como agentes da lei, devemos estar igualmente determinados a desmantelá-las em todas as regiões e globalmente", destacou Stock.

A operação ocorreu num momento no qual o México, apoiado por 16 estados americanos e por países do Caribe, entrou com uma ação civil contra fabricantes de armas dos Estados Unidos, numa tentativa de responsabilizar as empresas por facilitar o tráfico de armas nas fronteiras.

Mais da metade das "armas do crime" recuperadas na América Central vieram dos EUA, de acordo com a agência de controle americana ATF. No México, são quase 70% e aproximadamente 80% em todo o Caribe.

cn (Lusa, Reuters, dpa, ots)

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