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Em meio a ceticismo e críticas, Dunga volta a comandar a Seleção

Fernando Caulyt22 de julho de 2014

Gaúcho tenta quebrar tabu de que técnicos que voltam à Seleção têm desempenho pior em Mundiais do que na primeira passagem. Entre os desafios, resgatar autoestima, rejuvenescer time e ter relação melhor com imprensa.

Foto: NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images

Depois de muita especulação da mídia, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou nesta terça-feira (22/07) que Dunga é o novo técnico da seleção brasileira. O capitão do tetra volta como treinador da equipe após ter comandado o Brasil de 2006 a 2010 – até o dia em que o time foi eliminado em 2010 nas quartas de final da Copa da África do Sul, pela Holanda.

A nova tarefa do gaúcho Carlos Caetano Bledorn Verri não será nada fácil após a Seleção ter perdido em casa por 7 a 1 na semifinal da Copa de 2014 contra a Alemanha. E no momento em que muitos pediam renovação na Seleção, a escolha de um velho conhecido já era criticada bem antes de a CBF anunciar oficialmente o nome do ex-jogador.

Dunga ficou mais próximo do cargo depois que o ex-goleiro Gilmar Rinaldi foi escolhido, na última semana, como coordenador de seleções da CBF. A amizade dos dois – Gilmar também é gaúcho e participou da conquista do tetracampeonato nos EUA ao lado do novo técnico – pode ter sido um dos motivo para a opção por Dunga.

"Continuar pregando por renovação baseado na premissa de que falta só um bom treinador para dirigir o time é ignorar por completo o contexto em que o futebol está inserido", afirma Eduardo Conde Tega, diretor da Universidade do Futebol. "Nós temos problemas estruturais gritantes, e nossas instituições esportivas, como os clubes, são arcaicas. A legislação limita o profissionalismo nos clubes."

Como capitão da Seleção, Dunga levantou a taça do tetraFoto: Getty Images

Os principais desafios de Dunga são resgatar a autoestima e rejuvenescer a equipe – já que mais da metade dos jogadores que disputaram a Copa no Brasil não poderão ser reaproveitados na Copa de 2018 –; classificar o Brasil para a Copa na Rússia em eliminatórias que prometem ser difíceis e em meio à pressão por ganhar o primeiro ouro nas Olimpíadas do Rio; e ter uma relação menos tumultuada com a imprensa.

Na visão de Tega, o garimpo e a formação de novos talentos para a Seleção é um dos grandes problemas. Para ele, estrategicamente a Seleção deveria traçar um plano que estivesse além de 2018 e que permitisse ter uma visão clara do perfil de atleta necessário, do estilo de jogo da equipe e de que forma seria possível melhorar a integração de clubes, federações e confederação. "Hoje considero ainda um sonho distante e, infelizmente, impossível", afirmou.

Tabu posto à prova

No retorno à Seleção, o novo técnico terá desafios maiores do que da vez anterior. Ele terá que promover jogadores jovens e dar novamente um padrão tático competitivo à Seleção – o que, para muitos críticos, está além das capacidades de Dunga, mesmo que ele tenha levado os títulos da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações de 2009.

O retrospecto do treinador na sua primeira passagem pela Seleção, de 2006 a 2010, foi de 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas, um balanço positivo, mas que esbarrou na derrota para a Holanda em 2010. Com o time que tinha, Felipão conseguiu chegar entre as quatro melhores seleções da Copa. Em 2010, Dunga não conseguiu nem passar para a semifinal.

"Não se pode analisar o Dunga pela simpatia. O trabalho que ele fez foi muito bom. O resultado que teve, até o meio tempo contra a Holanda, estava perfeito. Em 45 minutos mudou tudo", afirmou o técnico Muricy Ramalho, do São Paulo, a jornalistas.

A recondução de Dunga ao cargo de técnico põe ainda um tabu à prova. Até agora, cinco técnicos da equipe tiveram a oportunidade de participar de dois Mundiais como treinadores: Vicente Feola (1958 e 1966), Zagallo (1970, 1974 e 1998), Parreira (1994 e 2006), Felipão (2002 e 2014) e Telê Santana (1982 e 1986). Todos eles pioraram o desempenho na segunda passagem em comparação com a primeira.

"Eu acho que a dificuldade vai ser maior agora, porque ele não tem o material humano de excelência, ele tem só um jogador que é aquele que faz a diferença, que é o caso do Neymar", disse o ex-jogador da Seleção Junior à imprensa brasileira.

Quase na Venezuela

Antes de ser sondado como novo técnico pelo presidente da CBF, José Maria Marin, e seu sucessor, Marco Polo del Nero, Dunga estava quase certo para treinar a seleção da Venezuela. Mas, com o convite da CBF, o treinador preferiu ficar no Brasil a ir treinar a equipe do país do presidente Nicolás Maduro.

Dunga disputa bola com Roberto Baggio na final de 1994Foto: picture-alliance/dpa

A chegada de Dunga mantém os gaúchos no comando da Seleção, já que desde a entrada dele, em 2006, a equipe é treinada por pessoas que nasceram no Rio Grande do Sul: Mano Menezes, que chefiou a Seleção de 2010 a 2012, e Felipão, que esteve a frente em 2013 e 2014, são conterrâneos de Dunga.

O primeiro compromisso do novo treinador será convocar a equipe para o amistoso contra a Colômbia, a ser realizado em 5 de setembro, em Miami. Portanto, Dunga trabalhará com muita pressão – não só vinda dos brasileiros, mas também da própria CBF – para tentar colocar ordem na casa e recomeçar sua carreira como técnico da Seleção contra uma das revelações do último Mundial.

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