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Em meio a polêmicas, Trump lidera entre os republicanos

Jean-Philip Struck21 de julho de 2015

Bilionário que xingou os mexicanos e questionou status de herói de guerra do senador McCain tem 24% das intenções de voto entre os pré-candidatos do Partido Republicano, mas pesquisa indica tendência de queda.

Foto: Getty Images/C. Gregory

O bilionário Donald Trump aumentou sua vantagem em relação aos outros 15 pré-candidatos republicanos à Presidência dos EUA. Numa pesquisa divulgada na segunda-feira (20/7), Trump aparece com 24% das intenções de voto entre os eleitores do partido. O governador de Wisconsin, Scott Walker, aparece em segundo, com 13%. Jeb Bush ficou com 12%.

A pesquisa encomendada pela rede ABC News e pelo jornal Washington Post foi divulgada no momento em que Trump, de 69 anos, enfrenta mais uma controvérsia pública. No último sábado, diante de uma plateia de eleitores, ele desqualificou o senador e colega de partido John McCain e questionou seu status de "herói de guerra".

McCain, de 78 anos, serviu como piloto da Marinha durante a Guerra do Vietnã. Em 1967, seu avião foi abatido sobre o então Vietnã do Norte. Ele foi capturado e mantido cinco anos e meio em cativeiro, onde foi regularmente torturado. "Eu gosto de pessoas que não foram capturadas", afirmou Trump.

A ABC News afirma que a maioria dos entrevistados foi consultada antes da controvérsia com McCain. De acordo com a rede, o apoio a Trump despencou entre os eleitores consultados logo após o ataque. Nos três dias anteriores aos comentários, Trump aparecia com 28% das intenções. No domingo, seu apoio entre os últimos entrevistados caiu para apenas um dígito.

A imprensa americana destacou que atacar um ex-combatente é considerado uma falta muito grave nos Estados Unidos. Alguns jornais compararam a carreira dos dois homens durante a guerra. Enquanto McCain sofria na mão dos seus raptores, Trump, que conseguiu evitar o serviço militar durante o conflito, levava uma vida de playboy e começava a fazer fortuna.

Na segunda-feira, McCain evitou centrar o debate na sua figura e afirmou que foram as famílias de soldados capturados durante o conflito que mais se sentiram feridas pelos comentários de Trump. Ele disse ainda que o bilionário deveria se desculpar "com as famílias de todos os que tanto se sacrificaram nos conflitos" dos EUA.

Mexicanos trazem drogas, aumentam a criminalidade e são estupradores, afirmou TrumpFoto: Reuters/B. MsDermid

Imigrantes

A briga entre Trump e McCain ocorreu após o senador acusar o bilionário de estimular, em suas palavras, os "malucos" extremistas dos EUA com seu discurso contra os imigrantes mexicanos.

Em junho, Trump provocou uma onda de indignação nos EUA e no México ao afirmar que os mexicanos são responsáveis por levarem drogas e pelo aumento da criminalidade para os EUA. "E eles são estupradores. Alguns, acredito, são boas pessoas." As declarações provocaram indignação entre a comunidade latina dos EUA e um protesto do governo mexicano.

Mas, como mostrou a pesquisa divulgada nesta segunda, os comentários sobre os imigrantes não afetaram seu desempenho. De acordo com o levantamento, Trump tem 38% de apoio entre eleitores que consideram os imigrantes que vêm aos EUA "um fardo". Em maio, antes dessa controvérsia, outra pesquisa ABC News/Washington Post havia apontado que Trump só tinha 4% das intenções de voto.

Analistas da imprensa, no entanto, especulam que o ataque contra McCain "cruzou uma linha vermelha" para muitos eleitores e que a pré-candidatura de Trump deve começar a perder gás a partir de agora.

Apesar de o próprio McCain não ser uma unanimidade no partido, várias personalidades republicanas condenaram o ataque verbal de Trump, entre elas Jeb Bush e o ex-governador texano Rick Perry. Até mesmo personalidades democratas se manifestaram. O secretário de Estado, John Kerry, também um veterano da Guerra do Vietnã, afirmou que Trump não tem a mínima ideia do "que é ser um herói".

Efeito Trump

A pesquisa também mostrou que a candidatura de Trump é um beco sem saída para o Partido Republicano por causa da sua rejeição entre eleitores moderados. Quando questionados sobre a hipótese de que ele venha a ganhar a candidatura e disputar a eleição para a Casa Branca, 62% dos eleitores consultados afirmaram que não votariam em Trump de jeito nenhum.

Mas a pesquisa também mostrou que Trump pode se tornar um fator decisivo – e uma verdadeira armadilha para o Partido Republicano – caso resolva se lançar como candidato independente.

Num cenário hipotético de uma disputa entre a democrata Hillary Clinton e Jeb Bush em 2016, Clinton ganharia com 50%, e Bush ficaria com 44%, uma vantagem de apenas seis pontos percentuais. Mas, caso Trump resolva se candidatar sem partido, a chapa republicana perderia uma quantidade significativa de votos para o bilionário, e a vantagem de Clinton sobre Bush aumentaria. A democrata ficaria com 46%, contra 30% de Bush. Trump seria capaz de conquistar até 20% dos votos.

Apesar das controvérsias, a pressão para que Trump abandone a corrida à Casa Branca tem sido apenas retórica. O bilionário tem financiado as contas da sua campanha com sua fortuna. "Ninguém abandona uma corrida por ficar cansado ou por pensar que não tem os votos necessários. As pessoas desistem quando ficam sem dinheiro", afirmou Frank Luntz, um estrategista do Partido Republicano, à agência de notícias Associated Press. "Donald Trump nunca vai ficar sem dinheiro, e isso o faz incrivelmente poderoso."

A mesma pesquisa também consultou eleitores sobre suas preferências entre os pré-candidatos democratas à presidência. Clinton aparece com 68% das intenções, uma vantagem esmagadora sobre o senador Bernie Sanders, de Vermont, que tem apenas 16%.

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