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EUA reforçam presença no Oriente Médio

18 de junho de 2019

Após Teerã ameaçar violar limite de urânio estabelecido por acordo nuclear, Pentágono anuncia envio de mil militares adicionais à região com "propósitos defensivos". China alerta contra aumento de tensões.

Militar ao lado de bandeira dos EUA
Segundo os EUA, envio de militares serve a "propósitos defensivos para lidar com ameaças aéreas, navais e em solo no Oriente Médio"Foto: picture-alliance/L. Rauch

Em meio a um aumento das tensões entre Estados Unidos e Irã, o Pentágono ordenou nesta segunda-feira (17/06) o envio de mil militares adicionais ao Oriente Médio, incluindo forças de segurança, de vigilância e de inteligência.

O secretário de Defesa Interino dos EUA, Patrick Shanahan, emitiu um comunicado afirmando que as forças são destinadas a "propósitos defensivos para lidar com ameaças aéreas, navais e em solo no Oriente Médio".

"Os Estados Unidos não estão buscando um conflito com o Irã. A medida de hoje está sendo tomada para assegurar a segurança e o bem-estar dos nossos militares trabalhando na região e para proteger nossos interesses nacionais", afirmou Shanahan.

O secretário afirmou que os EUA vão continuar ajustando seu contingente no Oriente Médio de acordo com a necessidade. Os militares adicionais se somam a outros 1.500 enviados no mês passado, além de um porta-aviões bombardeiros, em resposta a ataques a navios-tanque e a "ameaças persistentes" do Irã.

A decisão foi anunciada num momento em que o governo Donald Trump se vê forçado a exigir que Teerã cumpra os termos do acordo nuclear assinado com potências internacionais em 2015, apesar de o próprio presidente americano classificá-lo de o pior acordo da história, ter retirado os EUA do pacto e reinstaurado sanções contra o Irã.

Nesta segunda-feira, Teerã sinalizou que deve ultrapassar seu limite de estoque de urânio de baixo enriquecimento até 27 de junho, o que violaria o acordo nuclear, deixaria o país a um passo dos níveis necessários para a produção de uma arma nuclear e aumentaria ainda mais as tensões entre Teerã e Washington.

"Continuamos pedindo que o regime iraniano não obtenha uma arma nuclear, que respeite seus compromissos com a comunidade internacional", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado americano, Morgan Ortagus. Ela classificou o anúncio iraniano sobre o enriquecimento de urânio de "extorsão" e "desafio a normas internacionais".

Teerã ameaçou ir ainda mais longe no não cumprimento dos termos do acordo nuclear se os signatários restantes – Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia – não ajudarem o Irã a contornar sanções impostas pelos EUA e a vender seu petróleo. O acordo de 2015 tem como objetivo restringir as atividades nucleares do Irã em troca do alívio de sanções internacionais.

O reforço do contingente militar americano também foi anunciado após os EUA afirmarem que o Irã está por trás de recentes ataques a dois petroleiros no Oriente Médio. O Pentágono divulgou imagens que mostrariam uma embarcação militar iraniana removendo uma mina marítima não detonada de um dos navios no Golfo de Omã.

Segundo os americanos, as imagens sugerem que os iranianos teriam tentado remover provas de seu envolvimento no incidente. O Irã rejeitou as acusações, afirmando que os EUA realizam uma campanha difamatória contra o país.

China e Irã reagem

Após os EUA anunciarem o envio de mil militares adicionais ao Oriente Médio, a China alertou contra um aumento das tensões na região e apelou a Teerã para não abandone o acordo nuclear "tão facilmente".

"Apelamos a todas as partes para que se mantenham racionais e contidas, não tomem nenhuma ação para provocar uma escalada da tensão na região e não abram uma caixa de Pandora", disse o ministro do Exterior chinês, Wang Yi. "Os Estados Unidos em particular devem mudar sua prática de pressão extrema."

O ministro afirmou ainda que a China se mantém determinada a salvaguardar o acordo nuclear e está disposta a trabalhar com todas as partes envolvidas para que o pacto seja implementado de maneira completa e efetiva.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou que o Irã não vai travar uma guerra contra nenhuma nação. Ele disse que ainda dá tempo de os países europeus salvarem o acordo nuclear. Segundo ele, os EUA quebraram promessas ao abandonarem o pacto que Teerã continuou honrando.

"Apesar de todos os esforços dos americanos na região e do seu desejo de cortar os nossos laços com todo o mundo e manter o Irã isolado, eles não têm tido sucesso", afirmou.

Rohani havia anunciado no último dia 8 de maio que, em retaliação à retirada unilateral dos EUA do acordo nuclear, o Irã deixaria de cumprir algumas das restrições impostas a seus estoques de urânio enriquecido e água pesada estipuladas no pacto.

LPF/ap/afp/rtr/lusa

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