1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
CriminalidadeEquador

Em menos de 48h, Equador tem dois prefeitos assassinados

19 de abril de 2024

Jorge Maldonado, que administrava a cidade de Portovelo, foi morto a tiros às vésperas de referendo sobre ação contra o crime organizado. País latino vive onda de violência.

Dois militares armados andando; atrás deles há uma rua congestionada
Militares patrulham as ruas de Quito, capital do Equador, às vésperas de referendoFoto: Dolores Ochoa/AP/picture alliance

Dois políticos equatorianos foram assassinados em menos de 48 horas nesta semana. O caso mais recente é o de Jorge Maldonado, prefeito de Portovelo, cidade no sul do Equador, morto a tiros na manhã desta sexta-feira (19/04), conforme informado pela polícia.

Na quarta-feira, José Sánchez, prefeito da cidade andina Camilo Ponce Enríquez, teve o mesmo destino.

A polícia suspeita que os autores das execuções sejam assassinos de aluguel. As duas cidades – Portovelo e Camilo Ponce – têm em comum a presença da mineração ilegal em seus territórios. Também estão na rota do tráfico, que passa por ali rumo à costa do Equador, de cujos portos despacham a cocaína.

Outros crimes políticos

No final de março, outra prefeita, Brigitte García, de 27 anos, da cidade litorânea de San Vicente, também foi executada a tiros. Ela era considerada a prefeita mais jovem do país e militava no movimento Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente esquerdista Rafael Correa (2007-2017).

No início de fevereiro, outra política, a vereadora Diana Carnero, de 29 anos, também apoiadora de Correa, morreu da mesma maneira.

Só neste ano, cinco prefeitos já foram assassinados no país. Promotores, jornalistas e policiais também estão entre as vítimas de criminosos ligados a carteis na Colômbia e no México.

Crimes ocorrem às vésperas de referendo

No domingo, a população do Equador deve votar em um referendo para decidir sobre mudanças na Constituição para o enfrentamento do crime organizado. O país enfrenta umaonda de violência, que se intensificou após o presidente Daniel Noboa anunciar um plano no início deste ano para tentar retomar o controle das prisões – muitas delas dominadas por grupos criminosos rivais.

As mudanças pretendidas pelo governo Noboa abrangem, além da área de segurança e justiça, também questões trabalhistas. Entre os pontos previstos estão o emprego permanente das Forças Armadas em operações de combate ao crime organizado e penas mais duras para esse tipo de criminalidade.

Crise na segurança pública gerou atritos com o México

Recentemente, a onda de violência que varre o Equador ensejou uma crise diplomática com o México, cujo ápice foi o rompimento das relações entre os dois países após policiais equatorianos invadirem a embaixada do México para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, acusado de corrupção e que estava ali refugiado desde o final de 2023.

O governo de Noboa ficou incomodado com uma declaração do seu homônimo mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que comparou a violência na campanha eleitoral mexicana à situação do Equador de 2023, quando foi assassinado o candidato à presidência Fernando Villavicencio.

O presidente mexicano disse que o assassinato prejudicou sobretudo Luisa González, a candidata do movimento de esquerda Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa. Para López Obrador, González foi injustamente associada ao assassinato de Villavicencio, prejudicando sua candidatura e culminando na vitória de Daniel Noboa, um político inexperiente e herdeiro de uma fortuna construída com o comércio de bananas – commodity que é usada pelo narcotráfico como disfarce para o envio de drogas à Europa e aos Estados Unidos.

ra/le (AFP, DW)