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Em novos indultos, Trump perdoa aliados e pai do genro

24 de dezembro de 2020

Nova leva de perdões conta com 29 nomes, que se somam a outros 20 divulgados na terça-feira. Entre eles está Charles Kushner, pai do marido de Ivanka Trump.

USA Weißes Haus | Donald Trump, Präsident
Foto: Patrick Semansky/AP Photo/picture alliance

Há menos de um mês de deixar o cargo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (23/12) uma nova lista de indultos e concedeu perdão ao pai de seu genro e a dois aliados que se recusaram a cooperar com os promotores durante a investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.

A nova lista com 29 nomes se soma a outra,publicada na terça-feira e que já havia causado polêmica. Entre os novos nomes, estão Paul Manafort, diretor da campanha eleitoral do republicano há quatro anos, Roger Stone, amigo e conselheiro de longa data de Trump, e Charles Kushner, pai de Jared Kushner, marido de Ivanka Trump.

Kushner, de 66 anos, cumpriu dois anos de prisão após se declarar culpado em 2004 por 16 crimes de sonegação de impostos, um de retaliação contra uma testemunha federal e um por mentir à Comissão Eleitoral Federal.

Stone foi condenado em novembro de 2019 por um júri de Washington por mentir sob juramento. Manafort foi condenado na investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições americanas de 2016. Ele foi acusado de conspiração contra o país, de fazer declarações falsas e por lavagem de dinheiro.

Manafort agradeceu publicamente o presidente em um tweet: "as palavras não podem transmitir totalmente o quanto somos gratos", escreveu.

Crítica da ONU

Na terça-feira, Trump havia concedido indulto a 20 pessoas, incluindo dois homens condenados por conluio entre a sua campanha e a Rússia para interferir nas eleições de 2016 e quatro seguranças privados americanos que abriram fogo em uma praça em Bagdá em 2007.

O perdão presidencial pode extinguir a pena de alguém condenado pela Justiça ou convertê-la em uma punição mais branda. Uma decisão da Suprema Corte de 1925 dá ao chefe de Estado americano a prerrogativa de indultar condenados em processo criminal.

Na lista de terça-feira, o nome mais polêmico foi o de George Papadopoulos, membro do comitê sobre política externa da campanha de 2016 de Trump, que em outubro de 2017 admitiu ter mentido a investigadores do FBI sobre contatos mantidos com um professor que prometeu apresentá-lo a autoridades russas de alto escalão. Papadopoulos passou apenas 12 dias na cadeia.

Trump também concedeu indulto total a quatro seguranças privados da empresa Blackwater que haviam sido condenados por assassinatos no Iraque em 2007, incluindo Nicholas Slatten, condenado à prisão perpétua. Os quatro abriram fogo em 16 de setembro de 2017 na praça Nisur, em Bagdá, deixando 14 civis iraquianos mortos e 17 feridos.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos criticou o indulto concedido aos quatro agentes. "Perdoá-los alimenta a impunidade e tem o efeito de encorajar outros a cometer o mesmo tipo de crimes no futuro", diz comunicado da ONU.

O governo iraquiano também criticou a iniciativa de Trump, considerando que ela compromete e contradiz os compromissos que Washington alega ter com a defesa dos direitos humanos.

LE/rtr/lusa/afp/ots