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Em Pequim, Lula assina 15 acordos bilaterais com a China

14 de abril de 2023

Parcerias somam R$ 50 bilhões de investimento, estima Ministério da Fazenda. Em encontro com Xi Jinping, Lula diz "não ter preconceito" na relação com chineses, e líder chinês descreve Brasil como prioridade.

Xi e Lula andam lado a lado com soldados enfileirados em segundo plano e cabeças de militares em primeiro plano
Lula foi recebido por Xi em cerimônia diante do Grande Salão do PovoFoto: Ken Ishii/Kyodo News/AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta sexta-feira (14/04) em Pequim com o líder chinês, Xi Jinping.

O encontro começou com uma cerimônia diante do Grande Salão do Povo, na capital chinesa, iniciada às 16h30 no horário local (3h30 em Brasília), quando Lula chegou com sua comitiva, sendo recebido por Xi. Em seguida, os dois mantiveram uma reunião ampliada e um encontro bilateral antes de seguirem para um jantar programado para a noite.

No mesmo dia, o governo brasileiro divulgou uma lista de 15 novos acordos a serem firmados entre os dois países durante a visita de Lula, totalizando R$ 50 bilhões de investimento, segundo projeção do Ministério da Fazenda.

Entre os destaques, estão memorandos de entendimento entre o ministério chinês das Finanças e a Fazenda, para infraestrutura e parcerias público-privadas, e um protocolo para fabricar e operar satélites CBERS-6. Conforme o governo brasileiro, o diferencial do novo modelo é uma tecnologia que permite o monitoramento de biomas como a Floresta Amazônica mesmo com nuvens.

Outro acordo envolve a chinesa Huawei, que venceu o leilão realizado em 2021 para fornecer equipamentos para implantação da tecnologia 5G no Brasil. A empresa é acusada pelos Estados Unidos de crime organizado e conspiração para roubar segredos comerciais através de tecnologia.

Na área de interesse da agropecuária brasileira, foi firmado um plano de trabalho para a certificação eletrônica de carnes e um protocolo para a abertura aduaneira do mercado chinês para farinhas de suínos e aves.

Lula: "Não temos preconceito"

Discursando no Grande Salão do Povo antes das reuniões, Lula disse que ficou "emocionado com o espetáculo” da cerimônia de boas-vindas e afirmou querer ir além do comércio na relação com a China.

"Nós queremos que a relação Brasil-China transcenda a questão comercial", disse, ressaltando que a visita que ele fez à Huawei na véspera serviu para "dizer ao mundo que não temos preconceito na nossa relação com os chineses e que ninguém vai proibir que o Brasil aprimore a sua relação com a China".

Xi: "Brasil é prioridade"

Já Xi Jinping afirmou que a China e o Brasil devem aprofundar a cooperação prática e o potencial para cooperação em setores como agricultura, energia, infraestrutura e construção.

Ele disse ainda a Lula, segundo a mídia estatal chinesa, que a China fez das relações com o Brasil uma prioridade diplomática.

Em comunicado, o Ministério do Exterior chinês acrescentou que Pequim "buscará um desenvolvimento de alta qualidade, acelerará a criação de um novo paradigma de desenvolvimento e promoverá uma abertura de alto nível". "Isso abrirá novas oportunidades para o Brasil e países do mundo", completa a nota, divulgada pela mídia estatal.

Parceria pelo clima

Em uma declaração conjunta divulgada após o encontro, Lula e Xi ainda abordaram a crise climática. No texto, eles reconhecem que a mudança do clima "representa um dos maiores desafios de nosso tempo e que o enfrentamento desta crise contribui para construir um futuro compartilhado de prosperidade equitativa e comum para a humanidade".

Os líderes afirmam que os dois países estão comprometidos a "ampliar, aprofundar e diversificar a cooperação bilateral sobre o clima".

"O Brasil e a China enfatizam a necessidade de combinar uma ação urgente para o clima com a conservação da natureza para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo a erradicação da pobreza e da fome, sem deixar ninguém para trás", diz a declaração.

O texto também frisa que "países em desenvolvimento requerem apoio previsível e adequado dos países desenvolvidos, incluindo financiamento climático com escopo, escala e velocidade necessários e comensuráveis, bem como acesso à tecnologia e aos mercados para garantir e possibilitar seu desenvolvimento sustentável".

Primeiros compromissos em Xangai

Lula embarcou nesta terça-feira para a China, acompanhado de uma comitiva de empresários, governadores, senadores, deputados e ministros.

Os primeiros  compromissos dele no país asiático foram na quinta-feira em Xangai, onde o presidente participou da posse da ex-presidente Dilma Rousseff como nova chefe do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics.

Em pronunciamento durante a cerimônia, Lula disse que os países não precisam ficar sempre atrelados ao dólar nas suas transações internacionais, que é possível fazer um comércio direto usando as moedas locais, e que fazer as coisas de uma maneira diferente e com muita paciência é uma marca dos chineses.

O presidente afirmou ainda que o NDB tem um potencial transformador para o mundo. Depois, ele visitou a multinacional chinesa de telecomunicações Huawei.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e as relações econômicas entre os dois países deverão ter um papel central na visita. O fluxo comercial entre China e Brasil totaliza atualmente 150,4 bilhões de dólares por ano, tendo as exportações brasileiras para o país asiático atingido 89,7 bilhões de dólares em 2022.

md (EBC, ots)

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