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Em Roraima, Pompeo faz discurso linha-dura contra Maduro

19 de setembro de 2020

Chefe da diplomacia americana visita refugiados em Boa Vista e chama líder venezuelano de "traficante de drogas" que destruiu seu país. Rodrigo Maia critica visita, que ocorre semanas antes das eleições nos EUA.

Brasilien Mike Pompeo und Ernesto Araujo
O secretário Mike Pompeo e o minsitro Ernesto Araújo. Diplomatas subiram críticas ao regime de MaduroFoto: picture-alliance/dpa/Ministerio das Relacoes Exteriores

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, fez duras críticas a Nicolás Maduro nesta sexta-feira (18/09), durante visita a Boa Vista, Roraima. O chefe da diplomacia dos EUA chamou o líder venezuelano de "traficante de drogas” que "destruiu" seu país. Ele ainda afirmou que não pode responder quando Maduro vai cair, "mas que esse dia vai chegar".

"Não devemos esquecer que ele (Maduro) é um líder que destruiu o seu próprio país, mas também é um traficante de drogas, que envia drogas ilícitas para os EUA todos os dias, impactando os americanos todos os dias", disse Pompeo.

"A questão de quando Maduro partirá só pode ser respondida no dia em que ele partir", disse Pompeo, comparando o venezuelano com antigos líderes da Alemanha Oriental e da Romênia comunista. "Ninguém pode prever quando será esse dia, mas esse dia vai chegar", acrescentou.

O secretário do governo Donald Trump ainda afirmou que a missão dos EUA é "assegurar que a Venezuela tenha uma democracia” e que os americanos querem "representar as pessoas” no país sul-americano.

Pompeo deu as declarações durante uma visita a um centro de acolhida de refugiados venezuelanos na capital de Roraima. "As pessoas com que falei hoje estão desesperadas para voltar para casa”, disse o secretário. Estimativas das Nações Unidas apontam que mais de 250 mil venezuelanos fugiram para o Brasil nos últimos anos, tentando escapar da ruína econômica e da turbulência política no país vizinho. Mas apenas um quinto desse total recebeu o status de refugiado. Dezenas de milhares de pedidos seguem em análise.

Numa etapa anterior da viagem, na Guiana, Pompeo já havia se referido ao líder venezuelano como um "traficante”.

"Nós sabemos que o regime de Maduro dizimou o povo da Venezuela, e que o próprio Maduro é um traficante de drogas que já foi denunciado judicialmente. Isso significa que ele tem que ir embora”, completou. Em março, promotores americanos apresentaram uma denúncia criminal contra Maduro e membros do seu círculo por conspiração de narcoterrorismo e tráfico de cocaína. 

O governo dos EUA também ofereceu uma recompensa de 15 milhões de dólares por informações que levem o venezuelano à prisão.

Durante a visita a Roraima, Pompeo também se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo. Os EUA e o Brasil não reconhecem Maduro como presidente. Em 2018, o venezuelano foi reeleito para mais um mandato presidencial em um pleito marcado por acusações de fraude e intimidação. Em 2019, Brasil, EUA e dezenas de outros países reconheceram Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, como líder do país. 

A visita de Pompeo foi a terceira etapa de um giro pela América do Sul. Na quinta-feira, ele já havia visitado Georgetown, a capital da Guiana, e Paramaribo, no Suriname, e se reunido com os presidentes desses países. Nas duas etapas anteriores, ele também fez pesadas críticas a Maduro. Parte da imprensa americana interpretou o giro como um gesto para conquistar votos entre o eleitorado de origem latina do estado americano da Flórida, considerado decisivo nas eleições presidências dos EUA, previstas para o início de novembro.

Depois de Roraima, Pompeo segue para Bogotá, onde deve se encontrar com o presidente colombiano, Ivan Duque.

A visita de Pompeo a Roraima foi alvo de críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apontou que a vinda do americano não era apropriada a menos de 46 dias da eleicao nos EUA.

"A visita do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta sexta-feira, às instalações da Operação Acolhida, em Roraima, junto à fronteira com a Venezuela, no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa”, disse Maia, em nota.

"Como Presidente da Câmara dos Deputados, vejo-me na obrigação de reiterar o disposto no Artigo 4º da Constituição Federal, em que são listados os princípios pelos quais o Brasil deve orientar suas relações internacionais. Em especial, cumpre ressaltar os princípios da: (I) independência nacional; (III) autodeterminação dos povos; (IV) não-intervenção; e (V) defesa da paz.”

"Patrono da diplomacia brasileira, o Barão do Rio Branco deixou-nos um legado de estabilidade em nossas fronteiras e de convívio pacífico e respeitoso com nossos vizinhos na América do Sul. Semelhante herança deve ser preservada com zelo e atenção, uma vez que constitui um dos pilares da soberania nacional e verdadeiro esteio de nossa política de defesa”, concluiu o presidente da Câmara.

Já Maduro classificou o giro de Pompeo como uma viagem "bélica” que , segundo ele, "fracassou”.

"Mike Pompeo está em uma viagem de guerra contra a Venezuela, mas o tiro saiu pela culatra e Mike Pompeo falhou em todas as suas tentativas de organizar os governos do continente em uma guerra contra a Venezuela", disse Maduro durante uma videoconferência com militares transmitida pela TV.

JPS/afp/ots/efe/lusa

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