Em silêncio, Paris lembra vítimas do 13 de Novembro
Barbara Wesel ca
13 de novembro de 2016
Um ano depois, capital francesa presta homenagem triste e silenciosa aos 130 mortos nos ataques terroristas. Na presença de Hollande, placas são inauguradas com nomes das vítimas.
Anúncio
Sem música e sem discursos: em Paris, a homenagem aos mortos nos atentados terroristas de 13 de novembro de 2015, que se estendeu por horas na manhã deste domingo (13/11), foi silenciosa – um desejo das associações de vítimas. Mesmo assim, houve momentos comoventes.
Antes de o presidente francês, François Hollande, chegar à casa de espetáculos Bataclan, um homem se aproximou da cerca de separação. Ali, em novembro do ano passado, os parisienses expressaram os seus sentimentos com um mar de rosas e velas. O homem depositou uma rosa para cada uma das 90 vítimas, que morreram pela rajada de balas dos terroristas dentro do clube. E então começou a chorar baixinho.
Nenhuma das dezenas de equipes de televisão, que haviam se posicionado ali nesta manhã, ousou perturbá-lo em seu sofrimento. Ao lado, numa espessa árvore, sobreviventes e parentes das vítimas deixaram mensagens em cartões. Um pai escreveu com a lembrança amorosa de seu filho: mais uma vez, reavivavam-se os destinos das famílias que perderam os seus próximos.
Nos locais dos atentados, foram inauguradas placas em lembrança dos mortos. A inscrição era simples: "Em memória das vítimas, dos feridos e dos mortos dos atentados de 13 de novembro de 2015." A primeira placa memorial foi revelada por Hollande no início da manhã no Stade de France, onde o ataque terrorista fracassou e houve as primeiras mortes.
Em seguida, Hollande e Anne Hidalgo, prefeita de Paris, circularam pelos restaurantes onde os terroristas atingiram com disparos de metralhadoras os clientes do Bonne Bière e de quatro outros cafés. Por todos os lugares, os nomes das vítimas escritos nas fachadas recordam aquela terrível noite.
A Associação muçulmana de Paris enviou dois representantes com flores e um cartaz. "Trazemos uma mensagem de amor e paz", afirmou Hussein Azzadi. Ele admitiu que o clima na cidade se tornou opressivo no ano passado, mas disse que, no entanto, Paris continua tolerante e cosmopolita.
Indagados se, depois da reabertura do Bataclan, Azzadi e seu acompanhante Sebastien Ataouhay iriam a um concerto ali, Sebastien respondeu que iria comprar tíquetes em breve e que ama música. E Hussein Azzadi afirmou que seus filhos também gostariam de ir: "Eles adoram a vida em Paris, a cultura e a música."
Quem também veio a esta manhã silenciosa de lembrança foi o líder da banda Eagles of Death Metal, que pôde escapar do palco durante os ataques um ano atrás: Jesse "o Diabo" Hughes. Por ocasião da reabertura da casa de espetáculos no sábado à noite, houve controvérsia sobre sua presença. A gerência do Bataclan não o queria lá, porque ele culpou os seguranças muçulmanos na boate de ter ajudado os terroristas.
Mas como no domingo tudo transcorreu silenciosamente, ele se posicionou em frente ao clube junto às famílias, representantes da política e algumas centenas de parisienses.
Também Daniel Psenny, jornalista do diário Le Monde, esteve presente. Durante o atentado, ele foi atingido por um tiro de raspão ao arrastar um ferido para o seu apartamento atrás do Bataclan. "Aqui é um ato simbólico e importante para os sobreviventes", afirmou. Ele disse ter achado bom que o presidente Hollande tenha tido tempo para apertar-lhes as mãos e falar com todos eles.
Muitos dos afetados estão conseguindo superar o trauma dos atentados terroristas apenas lentamente: 600 familiares e sobreviventes ainda continuam em tratamento psicológico.
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".