Em tempos de Trump, arte explora mito e realidade americanos
Courtney Tenz ca
11 de dezembro de 2017
Remetendo a "American dream" e "American way of life", exposição indaga que imagem se tem dos Estados Unidos num momento em que o presidente do país deixa ambíguos conceitos de verdadeiro e falso.
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Os Estados Unidos têm um posto de tamanho destaque na cultura mundial que conceitos abstratos como American dream (sonho americano) e American way of life (modo de vida americano) são ensinados em salas de aula no mundo todo – e agora também tematizados na arte.
Desvendar o verdadeiro significado desses conceitos é o objetivo autodeclarado da exposição America! America! How Real is Real? (EUA! EUA! Quanto de real há na realidade?), em cartaz no Museu Frieder Burda na cidade alemã de Baden-Baden. A mostra traz 70 trabalhos de artistas americanos contemporâneos, entre eles, Roy Lichtenstein, Cindy Sherman, Eric Fischl e William N. Copley.
A princípio, estava planejada uma exposição para mostrar o grande acervo de obras de artistas americanos do museu em Baden-Baden, mas a eleição de Donal Trump para a presidência dos EU mudou tudo.
"Logo ficou claro que, sob as circunstâncias de uma atitude política e um linguajar mutáveis e confusos por parte do então novo presidente americano [Donald Trump], a questão do que associávamos com os EUA nos levaria além da nossa coleção de expressionismo abstrato", relatou o curador Helmut Friedel.
Assim, a seleção dos trabalhos foi complementada com empréstimos. As obras de artistas como Jeff Koons, Cindy Sherman e Andy Warhol adicionam um componente atual à discussão proposta pela mostra. Trata-se de explorar a divergência entre fato e realidade num momento político em que é cada vez mais ambíguo o que é real ou falso.
No início da exposição, serigrafias de Andy Warhol sobre fotos de criminosos, acidentes de carro e a cadeira elétrica são contrapostas com o mito do American way of life, muitas vezes glorificado por Hollywood e pela mídia.
Questões sobre o capitalismo e o comportamento dos consumidores, levantadas pelo movimento da pop art, ainda são temas centrais da arte americana contemporânea. A exposição mostra que não há respostas simples. Ela estimula a discussão sobre o papel dos EUA e sua memória visual.
Debate com a realidade
O artista Robert Longo aborda o impulso de documentar eventos noticiáveis 24 horas por dia: por meio de um tríptico com uma imagem em preto e branco dos aviões que atingiram o World Trade Center, em 2001.
Um autorretrato de Cindy Sherman como Marilyn Monroe dá prosseguimento à ideia de Andy Warhol de examinar com mais vagar o culto da celebridade e suas implicações na vida moderna.
"É muito importante para nós usar esta exposição para estimular uma troca de ideias sobre os temas atuais de 'atitude perante a verdade' e 'respeito pela verdade', tanto no âmbito individual quanto no contexto global", explicou o diretor do museu, Henning Schaper.
A mostra America! America! How Real is Real? pode ser visitada até 21 de maio de 2018 no Museu Frieder Burda, em Baden-Baden.
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As obras de arte mais caras do mundo
Colecionadores pagam fortunas por obras de artistas famosos. Poucos trabalhos, no entanto, foram comprados por mais de 100 milhões de dólares. Veja as dez obras mais valiosas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Wenig
O mais caro do mundo
A pintura "Salvator mundi" (Salvador do Mundo), de Leonardo da Vinci, foi leiloada em Nova York em 15 de novembro de 2017 por 450 milhões de dólares, tornando-se o quadro mais caro de todos os tempos. A pintura a óleo representando Cristo foi feita em madeira há 500 anos e mede 66 x 46 cm. Não foi revelado quem adquiriu o quadro, que era a última obra conhecida do autor em mãos privadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Wenig
Picasso está na lista quatro vezes
O quadro "As mulheres de Argel (versão 0)", de Pablo Picasso, foi leiloada em 11 maio de 2015. Por mais de 179 milhões de dólares, a tela mudou de dono na casa Christie's de Nova York. Com essa transação, o pintor moderno espanhol aparece quatro vezes na lista das obras de arte que alcançaram os lances mais altos. E está em excelente companhia.
Foto: Reuters
Vice-campeão italiano
O pintor italiano Amedeo Modigliani pintou este "Nu deitado" em 1917, três anos antes de morrer. Em novembro de 2015, a tela foi arrematada na Christie's de Nova York por 170,4 milhões de dólares. O novo proprietário é Liu Yiqian, negociante e bilionário de Xangai, China.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Bacon, o ex-número um
"Três estudos de Lucian Freud" de Francis Bacon era, até maio de 2015, o quadro mais caro já leiloado. Em 2013, os retratos que o inglês fez do também pintor Freud foram arrematados por 142,4 milhões de dólares. O tríptico pertence à colecionadora americana Elaine Wynn.
Foto: picture-alliance/dpa
Venda privada
O quadro "Adele Bloch-Bauer I" foi pintado pelo austríaco Gustav Klimt em 1907 e é mais conhecido como "Adele Dourada". Em 2006, o empresário americano Ronald Lauder o adquiriu por 135 milhões de dólares para uma galeria em Nova York, onde está exposto. Trata-se de uma venda particular, mas que foi organizada pela casa de leilões Christie's.
Em maio de 2012, a versão em pastel de "O grito", feita pelo norueguês Edvard Munch em 1985, foi leiloada por 119,9 milhões de dólares. Poucos sabem, no entanto, que há quatro versões deste quadro. Ao lado de "Mona Lisa", de Da Vinci, e "Girassóis", de Van Gogh, é um dos quadros mais conhecidos no mundo. O comprador foi o americano Leon Black.
Foto: Reuters
Monet: recorde do Impressionismo
Em maio de 2019, uma pintura da série "Meules", do pintor francês Claude Monet, foi vendida por US$ 110,7 milhões em um leilão em Nova York, marcando um recorde para o artista e para o Impressionismo. Pintada no inverno de 1890 na casa do artista em Giverny, na região francesa da Normandia, a obra é considerada um dos ícones do Impressionismo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Sotheby's
Nudez milionária
Pablo Picasso pintou "Nu com folhas verdes e busto" num único dia de 1932, retratando sua amante da época. Em termos atuais, um salário-hora milionário. Em 2010, um colecionador incógnito arrematou a tela pelo telefone, por 106,5 milhões de dólares. Em 2011, foi emprestada à galeria Tate, de Londres.
Foto: picture-alliance/dpa
"Acidente com carro prata", de Andy Warhol
Em 1963, o artista americano Andy Warhol produziu esta obra, que mostra várias imagens de um acidente de carro. A obra-prima foi leiloada por 105,4 milhões de dólares pela Sotheby's em 2013.
Foto: AUSSCHNITT: picture-alliance/dpa/Sotheby's
Outra obra de Picasso
O óleo "Rapaz com cachimbo" foi pintado por Pablo Picasso em 1905. Ele marca a transição do período azul para rosa do pintor. O quadro foi leiloado em Nova York em 2004 por 104,2 milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
Escultura mais cara
O modernista suíço Alberto Giacometti também quebrou o próprio recorde no leilão de maio de 2015 em Nova York. Sua escultura "Homem apontando" alcançou 141,3 milhões de dólares.
Outra escultura de bronze de Giacometti, "Homem caminhando I" foi arrematada por 103,7 milhões de dólares pela filantropa brasileira Lily Safra. A escultura, de 1960, é considerada uma das mais destacadas obras de arte suíças no século 20. Ainda hoje ela estampa a cédula de 100 francos suíços.