Em uma semana, Espírito Santo tem mais de 130 mortos
11 de fevereiro de 2017
Em visita a Vitória, ministro da Defesa diz que tropas federais ficarão pelo tempo que for necessário no estado, que enfrenta paralisação de policiais militares e onda de violência.
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Uma semana após o início da paralisação da Polícia Militar no Espírito Santo, o número de homicídios chegou a 137 no estado, segundo dados do Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol/ES) divulgados neste sábado (11/02).
Enquanto os policiais militares não voltam às ruas, mesmo depois de um acordo entre associações de PMs e o governo estadual, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que as tropas federais ficarão no estado pelo tempo que for necessário, até que o policiamento seja restabelecido.
"A determinação do presidente da República é de envolver os recursos necessários e o tempo necessário até a retomada da normalidade. Podem ter certeza: não vamos vacilar", afirmou Jungmann em pronunciamento no 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha, na região metropolitana de Vitória.
Ele afirmou, ainda, que cabe ao governo do estado a coordenação das ações em relação à Polícia Militar: "Nós vamos dar apoio às decisões do governo, de forma inflexível e determinada. Não se pode aceitar que reivindicações coloquem em risco a sociedade."
De acordo com Jungmann, 3.130 homens estão no estado e, desses, 300 são da Força Nacional. Estão sendo empregados também mais de 180 veículos, três helicópteros e sete veículos blindados.
"Já temos um policiamento que é superior ao que era registrado em dias normais. Isso tem feito com que, desde que as forças chegaram, não aconteçam mais saques e arrombamentos", frisou o ministro. "Houve, ainda, uma redução extraordinária de homicídios, que ainda ocorrem acima da média, mas que já tiveram uma queda vertical."
Apesar do acordo fechado na noite de sexta-feira entre o governo estadual e as associações que representam os policiais militares capixabas para suspender a paralisação às 7 horas da manhã deste sábado, as mulheres dos agentes seguem acampadas na frente de batalhões na capital, Vitória, e impedem a saída das viaturas.
Elas afirmam que não vão recuar do ato por melhores salários e permanecem em frente aos quartéis bloqueando a saída dos policiais.
FC/abr/ots
Greve da PM gera caos no Espírito Santo
A paralisação dos policiais militares no estado provoca onda de violência, saques e depredação. Mais de cem pessoas morrem de forma violenta na primeira semana do protesto. População vive clima de insegurança nas ruas.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Medo de sair às ruas
A paralisação dos policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência, saques e depredação. Mesmo patrulhamento ostensivo das Forças Armadas não conseguiu devolver a tranquilidade à população. Mais de cem pessoas foram mortas de forma violenta no estado na primeira semana do protesto, e a população evita sair de casa.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Bloqueio de batalhões
A greve dos PMs começou de forma inusitada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam o acesso de uma companhia militar, impedindo a saída de viaturas. A partir de então, o movimento se espalhou rapidamente, com a criação de grupos de WhatsApp. As portas de praticamente todos os 14 batalhões militares e oito companhias foram ocupadas por famílias de soldados.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Ajuda do Exército e da Força Nacional
Para ajudar a conter a onda de violência, o governo federal liberou as Forças Armadas para atuar no patrulhamento no estado e enviou 200 militares da Força Nacional para a região. Mas a situação continua caótica. Aulas em escolas e atendimentos em postos de saúde continuam suspensos.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Dificuldade para comprar alimentos
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou, após a chegada das Forças Armadas, que as ocorrências diminuíram, mas números oficiais não foram divulgados. A população enfrenta dificuldades até mesmo para comprar alimentos. Os poucos supermercados abertos lotam, com consumidores disputando mercadorias para estocá-las.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Paralisação de policiais civis
Em meio ao caos na segurança pública, policiais civis do Espírito Santo fizeram uma paralisação de doze horas nesta quarta-feira (08/02), em protesto pela morte de um investigador na cidade de Colatina. Organizações da classe não descartaram também entrar em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Roubos, assaltos, saques e atos de vandalismo são registrados em várias regiões do estado. Ônibus da região metropolitana de Vitória chegam a voltar à circulação, mas motoristas interrompem o trabalho horas depois, devido à insegurança, ameaças e após a morte do presidente dos sindicatos dos Rodoviários de Guarapari, Wallace Barão. Ele é achado morto a tiros dentro de um carro em Vila Velha.
Secretários do governo capixaba e representantes das associações de classe de policiais militares iniciaram negociações para acabar com a crise. Segundo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, as lideranças do movimento exigem anistia geral para todos os policiais, que são proibidos de fazer greve, e 100% de aumento para toda a categoria.
Foto: Getty Images/AFP/V. Moraes
Acordo sem efeito
O acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual não foi suficiente para pôr fim à paralisação. As mulheres dos policiais não participaram da negociação com o governo. No acordo firmado, o governo não concedeu aumento salarial. Na proposta apresentada pelas mulheres, elas pediam 20% de reajuste imediato e 23% de reajuste escalonado. A segurança continua nas mãos do Exército.