Centrista pró-UE vence eleição presidencial na Romênia
Publicado 18 de maio de 2025Última atualização 19 de maio de 2025
Em eleição presidencial observada com atenção na União Europeia, prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, supera em reviravolta o ultradireitista George Simion, um eurocético pró-Trump.
Nicusor Dan é um apoiador declarado da União EuropeiaFoto: Alex Nicodim/IMAGO
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Numa virada eleitoral, o centrista independente Nicusor Dan venceu neste domingo (18/05) o segundo turno presidencial da Romênia ao conquistar 53,6% dos votos. O resultado foi encarado com alívio por líderes de outros países-membros da União Europeia (UE), já que Dan é um apoiador declarado do bloco.
Com 100% das urnas apuradas, Dan venceu de virada o eurocético George Simion, líder do partido de ultradireita Aliança para a União dos Romenos (AUR), que havia ficado na liderança do primeiro turno no início de maio, e que, neste domingo, conquistou 46,4% dos votos.
Após o fechamento das urnas no domingo, Dan, de 55 anos, disse à mídia que "as eleições não são sobre políticos", mas sobre comunidades e que na votação de domingo "uma comunidade de romenos venceu, uma comunidade que deseja uma mudança profunda na Romênia". "Quando a Romênia passar por momentos difíceis, vamos nos lembrar da força da sociedade romena", disse.
Os líderes da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu rapidamente felicitaram Dan pela vitória, destacando que os romenos escolheram o projeto europeu.
"As minhas mais sinceras felicitações a Nicusor Dan pela sua vitória desta noite!", escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "O povo romeno compareceu em massa às urnas. Escolheram a promessa de uma Romênia aberta e próspera numa Europa forte", declarou.
Derrotado, Simion evita reconhecer resultado
Após o anúncio das primeiras pesquisas que indicavam a vitória de Dan, a imprensa romena passou a destacar o temor de protestos violentos no país, já que o ultradireitista Simion vinha nos últimos dias ensaiando sem provas um discurso de que uma eventual derrota da sua candidatura poderia ser resultado de fraude.
E assim aconteceu. Na noite de domingo, Simion reivindicou a vitória, apesar das projeções e das parciais apontarem sua derrota. "Somos os claros vencedores destas eleições. Reivindicamos a vitória em nome do povo romeno", declarou Simion.
Quase 18 milhões de cidadãos estavam aptos a votar para eleger um novo presidente do país – que integra a União Europeia (UE) e a Otan. Segundo dados oficiais, a participação eleitoral neste segundo turno foi de 64,7%, ou 11.639.301 votantes. No primeiro turno, a participação foi de 53%.
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Impacto na UE
O cargo de presidente na Romênia tem poderes mais limitados do que em outros países, mas ainda assim inclui prerrogativas como definir a política externa e de segurança. O novo presidente também será encarregado de nomear um novo primeiro-ministro, depois que Marcel Ciolacu renunciou ao cargo após o fracasso do candidato de sua coalizão em avançar para o segundo turno.
Na UE, onde a ultradireita vem registrando uma série de avanços, uma possível vitória de Simion vinha sendo encarada com apreensão, por potencialmente vir a reforçar o campo nacionalista e eurocético do bloco, que conta com figuras como o primeiros-ministros Viktor Orbán, da Hungria, e Robert Fico, da Eslováquia.
Neste domingo, o governo da Romênia também denunciou o que chamou de sinais de interferência russa, assim como havia ocorrido no ano passado. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores romeno, Andrei Ţarnea, disse na rede social X que "mais uma vez são visíveis sinais de interferência russa" nas eleições.
"Uma campanha viral de notícias falsas no Telegram e outras plataformas de mídia social tem como objetivo influenciar o processo eleitoral", afirmou o porta-voz cerca de uma hora antes do fechamento das seções eleitorais.
O ultradireitista George Simion reivindicou a vitória, apesar das projeções e das parciais apontarem sua derrotaFoto: Daniel Mihailescu/AFP
Georgescu, no entanto, ainda tentou influenciar o pleito, declarando apoio a Simion.
Ao final do primeiro turno do novo pleito, no início de maio, Simion também disse que queria transformar o que via como o "roubo" eleitoral do ano passado numa vitória. Um fervoroso apoiador de Donald Trump, ele também prometeu colocar "a Romênia em primeiro lugar", emulando o estilo do presidente americano.
Por outro lado, Simion vinha afirmando ser "mais moderado" que Georgescu, um admirador declarado de antigos fascistas romenos. Ainda assim, ele disse compartilhar com Georgescu sua animosidade em relação ao que ele chama de "burocratas não eleitos de Bruxelas", acusando-os de interferir nas eleições romenas.
O pleito na Romênia fez parte de um trio de eleições que ocorreu neste domingo na Europa. Eleitores também foram às urnas em Portugal e na Polônia.
jps (EFE, AP, DW, ots)
O mês de maio em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Francesco Sforza/REUTERS
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Salão Oval vira, mais uma vez, palco de "emboscada"
O presidente dos EUA, Donald Trump, aproveitou a visita do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, para apresentar supostas provas de um "genocídio" contra fazendeiros brancos sul-africanos, teoria propagada por Elon Musk. O mal-estar diplomático foi transmitido ao vivo. Jovens negros são as maiores vítimas da violência na África do Sul, que ainda enfrenta marcas do apartheid. (21/05)
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Após avisar que tomaria "ações concretas" contra a escalada das operações israelenses em Gaza, o Reino Unido interrompeu as negociações sobre um acordo de livre comércio com Israel, convocou a embaixadora do país para prestar esclarecimentos e impôs novas sanções contra colonos da Cisjordânia. Já a UE disse estar aberta a revisar um acordo de associação com Israel. (20/05)
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Quase nove anos depois de votar pelo Brexit, o Reino Unido chegou a um amplo acordo com a União Europeia que vai redefinir seus laços comerciais e de defesa. O pacto viabiliza investimentos militares, reduz controles de fronteira e compartilha controle comercial marítimo. (19/05)
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Leão 14 celebra missa inaugural de seu pontificado
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Áustria vence Eurovision 2025
O festival Eurovision 2025 chegou ao fim com a vitória de Johannes Pietsch, conhecido como JJ, da Áustria, que apresentou a canção "Wasted Love". O cantor de ópera foi o vencedor com um total de 436 pontos, 154 dos quais obtidos através do voto popular. (17/05)
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Surto de gripe aviária no Brasil
A confirmação do primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil levou alguns países como China e Argentina a interromperem a compra de carne de frango brasileira, pressionando o mercado bilionário de exportação do produto. Governo afirma que as medidas de contenção e erradicação para debelar a doença e manter a capacidade produtiva do setor já foram tomadas. (16/05)
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Israel intensifica ataques enquanto mantem bloqueio a Gaza
Defesa Civil palestina relatou mais de 100 mortes em apenas um dia em ataques israelenses à Faixa de Gaza, onde a crise humanitária e a escassez de recursos atingem níveis cada vez mais alarmantes. ONU alerta que estoques de alimentos, água potável, combustíveis e medicamentos atingiram níveis extremamente baixos. (15/05)
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O Ministério Público da Alemanha anunciou a prisão de três cidadãos ucranianos, dois deles na Alemanha e um na Suíça, por suspeita de atuarem como agentes da Rússia para realizar atos de sabotagem com explosivos no transporte de cargas alemão. (14/05)
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Morre "Pepe" Mujica, o presidente mais humilde do mundo
O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica morreu aos 89 anos. Ele estava em estágio terminal de um câncer de esôfago e recebia cuidados paliativos. Sua morte foi informada pelo atual líder do país sul-americano, Yamandu Orsi. Líderes do mundo inteiro se despediram do ex-guerrilheiro uruguaio. (13/05)
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O braço armado do Hamas informou que libertou o soldado israelense-americano Edan Alexander, de 21 anos, que havia sido mantido como refém em Gaza desde 7 de outubro de 2023. A libertação ocorreu "após contatos com a administração dos EUA, no âmbito dos esforços dos mediadores para chegar a um cessar-fogo", disse a organização terrorista palestina em comunicado (12/05).
Foto: Ohad Zwigenberg/AP/dpa/picture alliance
Primeira bênção dominical do papa Leão 14
Em sua primeira bênção dominical na Praça de São Pedro, o papa Leão 14 pediu uma paz genuína e justa na Ucrânia e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. "Depois desse cenário dramático de uma terceira guerra mundial em pedaços, como tantas vezes afirmou o papa Francisco, eu me dirijo também aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre atual: nunca mais a guerra", afirmou o pontífice. (11/05)
Foto: Vatican Media/ZUMA Press/IMAGO
Macron, Merz, Starmer e Tusk visitam Kiev
Os líderes do Reino Unido, Keir Starmer, da França, Emmanuel Macron, da Alemanha, Friedrich Merz, e da Polônia, Donald Tusk, se encontraram com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em Kiev, uma demonstração conjunta de apoio à Ucrânia. A visita ocorre um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, receber aliados no evento que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra em Moscou. (10/05)
Foto: LUDOVIC MARIN/POOL/AFP/Getty Images
Leão 14 celebra sua 1ª missa como novo papa
O papa Leão 14 celebrou sua primeira missa após ter sido escolhido como o novo líder da Igreja Católica. O missionário agostiniano retornou à Capela Sistina, onde ocorreu o conclave, para celebrar a missa na presença dos cardeais. Na homilia, disse que foi eleito para que a Igreja possa ser um "farol" para iluminar as regiões do mundo onde haja falta de fé. (09/05)
Foto: VATICAN MEDIA/Handout/AFP
Cardeal americano Robert Prevost é eleito novo papa
O conclave elegeu o cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, como o 267º papa da Igreja Católica. Missionário agostiniano, ele é o primeiro pontífice nascido nos EUA da história. Em seu primeiro discurso aos fiéis, homenageou o papa Francisco, pediu construção de pontos e paz a todos os povos. (08/05)
Foto: Guglielmo Mangiapane/REUTERS
Começa o conclave que irá eleger o novo papa
Cardeais de todo o mundo estão reunidos no Vaticano para eleger o próximo líder da Igreja Católica.133 cardeais de 71 países estão aptos a votar no maior e mais geograficamente diverso conclave em 2 mil anos de história. Ao fim do primeiro dia, fumaça preta na chaminé da Capela Sistina indicou que não houve consenso em torno de um novo nome. (07/05)
Foto: Gregorio Borgia/AP/picture alliance
Merz toma posse após tropeço histórico no Bundestag
O Bundestag (Parlamento) elegeu oficialmente, em segunda votação, o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), como o novo chanceler federal do país Ele é o terceiro membro da CDU a chefiar o governo alemão desde a reunificação do país, em 1990. O conservador conseguiu o feito inédito de não conseguir se eleger na primeira rodada de votação (06/05).
Foto: Lisi Niesner/REUTERS
Israel se prepara para ampliar ofensiva militar em Gaza
O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para expandir as operações militares em Gaza, incluindo a "conquista" do território palestino e a pressão para que residentes se desloquem para o sul. No domingo, militares israelenses já haviam iniciado uma convocação em massa de reservistas para ampliar a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza. (05/05)
Foto: Omar Ashtawy/ZUMAPRESS.com/picture alliance
Míssil disparado do Iêmen cai perto do aeroporto de Tel Aviv
O Aeroporto Internacional de Ben Gurion, na região de Tel Aviv, foi alvo de um ataque de míssil. Os rebeldes Houthis, do Iêmen, grupo aliado do Hamas, reivindicaram a autoria do ataque, que causou interrupção no tráfego aéreo. O exército israelense reconheceu que não conseguiu interceptar o míssil. (04/05)
Foto: Ohad Zwingenberg/AP/dpa/picture alliance
Austrália: esquerda reelege premiê em meio a onda anti-Trump
O primeiro-ministro da Austrália, o trabalhista Anthony Albanese, proclamou a vitória de seu partido nas eleições gerais. Ele se tornou, assim, o primeiro chefe de governo a conquistar um segundo mandato consecutivo de três anos em 21 anos. "Os australianos escolheram enfrentar os desafios globais do jeito australiano, cuidando uns dos outros e construindo o futuro", disse Albanese. (03/05)
Foto: Rick Rycroft/AP Photo/picture alliance
Inteligência alemã classifica AfD como extremista de direita
A inteligência interna da Alemanha classificou sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) como uma "organização comprovadamente extremista de direita" que ameaça a democracia e viola a dignidade humana ao tentar excluir grupos populacionais, como os imigrantes. A medida permite às agências de segurança monitorarem de forma mais incisiva o partido. (02/05)
Foto: dts Nachrichtenagentur/IMAGO
Trabalhadores ao redor do mundo protestam no 1º de Maio
Redução de jornada, garantia de direitos e melhoria do ambiente de trabalho foram algumas das reivindicações de manifestações em todo o mundo no Dia do Trabalhador, como nesta em Daca, capital de Bangladesh. A data remonta ao início de uma greve em Detroit ocorrida em 1886, que resultou na prisão e morte de trabalhadores. (01/05)