Alemanha recebeu mais de 30 mil pedidos de reunião familiar
30 de julho de 2018
Solicitações de parentes de refugiados que vivem na Alemanha sobrecarregam representações diplomáticas em países como Líbano e Jordânia. Critérios para concessão de vistos são alvo de questionamentos.
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As embaixadas e consulados da Alemanha em Estados vizinhos à Síria registraram um aumento significativo no número de pedidos de reuniões familiares de refugiados. As representações diplomáticas alemãs na Jordânia, Líbano, Iraque e Turquia acumulam no momento 31.340 pedidos de agendamento para o processamento dos pedidos, que foram apresentados por parentes de pessoas que já obtiveram o status de refugiado na Alemanha.
As informações foram divulgadas pela cadeia de jornais Redaktionsnetzwerk Deutschland (RND), que reproduziu a resposta dada pelo Ministério das Relações Exteriores a um questionamento da deputada Sevim Dagdelen, do partido A Esquerda.
Ainda segundo a reportagem, do total de pedidos, 22.100 foram entregues à embaixada alemã em Beirute, no Líbano. Diante da enxurrada de pedidos, o ministério informou que vai contratar mais pessoal para as embaixadas em Amã, na Jordânia, e Beirute.
A partir desta quarta-feira (30/07), a cada mês mil parentes de refugiados que receberam status de proteção limitado na Alemanha devem receber vistos para viajar ao país europeu. A decisão foi uma das condições impostas pelo Partido Social-Democrata (SPD) para concordar em formar uma coalizão governamental com a União Democrata Cristã (CDU) e garantir mais um mandato para a chanceler federal Angela Merkel.
O status de proteção limitado é concedido a refugiados a quem não cabe proteção total nem segundo a legislação migratória alemã nem segundo a Convenção de Genebra relativa ao Estatuto dos Refugiados, mas que mesmo assim conseguem provar que sofrem ameças de tortura, morte ou outro tratamento desumano em seus países de origem.
Segundo o Ministério do Exterior, a escolha de quais parentes vão receber permissão é tomada com base "em critérios humanitários". Dessa forma, podem ter preferência reuniões familiares que incluam crianças pequenas, parentes que estejam correndo risco de vida ou que estejam doentes ou tenham alguma condição especial.
Dagdelen, no entanto, critica os critérios impostos pelo Ministério do Exterior. "A reunião familiar é como uma loteria que ocorre à custa de milhares de crianças e mulheres", disse Dagdelen à RND.
"O pessoal disponível para tomar essas decisões vitais é completamente inadequado, e as regras pouco claras abrem a porta para arbitrariedade." Segundo ela, não estão claros que critérios de urgência serão levados em conta.
Da escalada da violência no Médio Oriente e na África a crises sociais e políticas na Europa, veja como a União Europeia busca solucionar seus problemas.
Foto: picture-alliance/dpa
Fugindo da guerra e da pobreza
No fim de 2014, com a guerra na Síria entrando no quarto ano e o chamado "Estado Islâmico" avançando no norte do país, o êxodo de cidadãos sírios se intensificou. Ao mesmo tempo pessoas fugiam da violência e da pobreza em outros países, como Iraque, Afeganistão, Eritreia, Somália, Níger e Kosovo.
Foto: picture-alliance/dpa
Em busca de refúgio nas fronteiras
A partir de 2011, um grande número de sírios passou a se reunir em campos de refugiados nas fronteiras com a Turquia, o Líbano e a Jordânia. Em 2015, os campos estavam superlotados. A falta de oportunidade de trabalho e escolas levou cada vez mais pessoas a buscarem asilo em países distantes.
Foto: picture-alliance/dpa
Uma longa jornada a pé
Estima-se que 1,5 milhão de pessoas se deslocaram da Grécia para a Europa Ocidental em 2015 através da chamada "rota dos Bálcãs" . O Acordo de Schengen, que permite viajar sem passaporte em grande parte da União Europeia (UE), foi posto em xeque à medida que os refugiados rumavam para as nações europeias mais ricas.
Foto: Getty Images/M. Cardy
Desespero no mar
Dezenas de milhares de refugiados também se arriscaram na perigosa jornada pelo Mar Mediterrâneo em barcos superlotados. Em abril de 2015, 800 pessoas de várias nacionalidades se afogaram quando um barco que saiu da Líbia naufragou na costa italiana. Seguiram-se outras tragédias. Até o fim daquele ano, cerca de 4 mil refugiados teriam morrido ao tentar a travessia do norte da África para a Europa.
Foto: Reuters/D. Zammit Lupi
Pressão nas fronteiras
Países ao longo da fronteira externa da União Europeia enfrentaram grandes problemas para lidar com o enorme número de pessoas que chegavam. Foram erguidas cercas nas fronteiras da Hungria, da Eslovênia, da Macedônia e da Áustria. As leis de asilo político foram reforçadas, e vários países da área de Schengen introduziram controles temporários nas fronteiras.
Foto: picture-alliance/epa/B. Mohai
Fechando as portas abertas
A catastrófica situação dos refugiados nos países vizinhos levou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a abrir as fronteiras. Os críticos da "política de portas abertas" de Merkel a acusaram de agravar a situação e encorajar ainda mais pessoas a embarcarem na perigosa viagem à Europa. Em setembro de 2016, também a Alemanha introduziu controles temporários na sua fronteira com a Áustria.
Foto: Reuters/F. Bensch
Acordo com a Turquia
No início de 2016, UE e Turquia assinaram um acordo prevendo que refugiados que chegam à Grécia podem ser enviados de volta para a Turquia. O acordo foi criticado por grupos de direitos humanos. Após o Parlamento Europeu votar pela suspensão temporária das negociações sobre a adesão da Turquia à UE, em novembro de 2016 a Turquia ameaçou abrir as fronteiras para os refugiados em direção à Europa.
Foto: Getty Images/AFP/A. Altan
Que perspectivas?
Com o acirramento do clima anti-imigração na Europa, os governos ainda buscam soluções para lidar com a crise de refugiados. As tentativas de introduzir cotas para distribuí-los entre os países da UE em grande parte falharam. Por outro lado, não há indícios de que os conflitos nas regiões de onde eles vêm estejam chegando ao fim, e o número de mortos na travessia pelo mar continua aumentando.