Há dias que o tufão varre o país, deixando um rastro de destruição. Entretanto, população e autoridades estavam mais bem preparadas do que há um ano, quando o Haiyan matou 7 mil em sua passagem pelo arquipélago.
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O vento está uivando ameaçador, quando Juvelyn Panghubasan sente as primeiras contrações. Mas a jovem de 27 anos não pensa nesse momento no tufão, que passa com fortes rajadas de vento pela sua cidade natal, Daanbantayan, na província de Cebu. Algumas horas mais tarde, sua filha Ruby vem a um mundo castigado pela tempestade.
"Ruby" também é o nome local do tufão Hagupit, que há dias leva medo às Filipinas. Ele passou no sábado (06/12) à costa leste, com ventos de 200 quilômetros por hora, deixando um rastro de destruição. Eduvigio Luga, pai da pequena Ruby, está aliviado. "Tivemos sorte. Nossa filha nasceu saudável, apesar dessa catástrofe natural. É uma bênção para nós."
O Hagupit enfraqueceu um pouco em seu caminho pelas Filipinas. Com ventos de até 140 quilômetros por hora e um diâmetro atual de 450 quilômetros, ele se dirige para o noroeste do país. Somente no leste da província de Samar já morreram pelo menos 21 pessoas, informou a Cruz Vermelha nesta segunda-feira.
Tufão Hagupit se aproxima de Manila
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No entanto, em muitas áreas ainda não há informações, porque as linhas telefônicas foram interrompidas, e as ruas ainda estão debaixo de água ou intransitáveis devido a escombros e árvores arrancadas.
Até agora, entretanto, o Hagupit fez menos vítimas do que se temia, o que é atribuído às operações precoces de retirada da população. Tudo indica que a população estava mais bem preparada desta vez. Há um ano, o supertufão Haiyan deixou mais de 7 mil mortos no país.
Ajuda lenta
Na noite desta segunda-feira, o Hagupit deve entrar em terra pela terceira e provavelmente última vez, na parte oriental da província de Batangas, 140 quilômetros a sudoeste da capital, Manila. Milhares de pessoas foram forçadas a deixar seus lares.
Em Tacloban e outras cidades nas regiões atingidas, há relatos de graves danos e quedas de energia. A infraestrutura foi destruída numa vasta área, várias regiões já declararam estado de emergência. Além disso, os abrigos de emergência estão superlotados, especialmente nas províncias de Samar, Leyte e Masbate. Neles, há necessidade urgente de itens de higiene e alimentos.
O tufão tem sido lento em seu percurso, movimentando-se a apenas dez quilômetros por hora. Com chuva constante e ventos permanentes, há perigo agudo de que algumas áreas fiquem isoladas devido a deslizamentos de terra. Assim, a liberação das ruas é uma prioridade agora, a fim de garantir que mesmo as regiões mais remotas receberão assistência nos próximos dias.
Perigos de inundação em Manila
Na província de Ilo Ilo, a oeste das ilhas Visayas, vários milhares se refugiaram em cavernas, por não haver outros lugares protegidos nas ilhas. No sul da ilha de Luzon, casas na orla foram simplesmente varridas, enquanto enormes rochas rolaram sobre as áreas mais baixas, causando grande estrago. Milhares de pessoas também estão presas nos portos, pois todo o tráfego marítimo está paralisado desde o último sábado.
O Hagupit foi rebaixado ao status de tempestade tropical, o que não significa que seja menos perigoso. Na capital Manila, o alerta de tempestade foi elevado. Os efeitos indiretos do tufão se fizeram sentir lá na segunda-feira de manhã, com fortes chuvas e fortes rajadas de vento.
Para a metrópole e sua periferia densamente povoada, isso significa, acima de tudo, perigo de enchentes. As favelas nas zonas mais baixas são extremamente vulneráveis a inundações, sendo também prováveis deslizamentos de terra. As áreas em torno da Baía de Manila vêm sendo evacuadas desde o último fim de semana por ordem do governo da cidade. Cerca de 100 mil pessoas foram afetadas, escolas e instalações públicas estão fechadas.
Recordações traumáticas
As recordações traumáticas da destruição e do sofrimento causados pelo Haiyan (conhecido nas Filipinas como "Yolanda"), há um ano, ainda são onipresentes. Assim, muitos respiram aliviados nas Filipinas, pois temiam um novo desastre de proporção comparável. No entanto a preocupação é grande de que o impacto do atual tufão possa pôr a perder todo o trabalho de reconstrução realizado desde o ano passado.
Na cidade de Tacloban, seriamente atingida há um ano, casas de madeira e barracos de bairros mais precários foram literalmente varridos do mapa. O jovem de 27 anos Jacques Palami, teve sorte: seu recém-inaugurado albergue no centro da cidade foi, em grande parte, poupado. Ainda assim, ele está preocupado. "Ruby é a irmã rebelde de Yolanda - ambas são ruins, mas Ruby prefere ser bastante imprevisível. Traz vento que vai e volta, e parece que ainda não terminou."
Tufão Hagupit nas Filipinas
No fim de semana o Hagupit atingiu o leste das Filipinas, que já havia sido vítima do supertufão Haiyan em 2013. Mas desta vez os habitantes estavam mais bem preparados e a tempestade foi menos violenta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Favila
Rastro de destruição
Coqueiros caídos, postes derrubados, telhados descobertos: o Hagupit devastou cidades e campos, na foto se vê Borongan, na província de Samar. Com ventos de até 170 km/h, o tufão foi mais fraco e provocou menos mortes do que esperado. Há um ano, com ventos de até 300 km/h, o supertufão Haiyan deixou 7 mil mortos.
Foto: picture-alliance/dpa/F.R. Malasig
Chicoteado por ventos e ondas
No idioma filipino, Hagupit significa chicote. Os insulanos, porém, chamam o atual tufão de "Ruby". E esse o nome que recebeu uma menina nascida numa noite de tempestade num centro de emergência lotado em Lavaan. De acordo com a emissora ABC-CBN, a bebê passa bem.
Foto: Ted Aljibe/AFP/Getty Images
Cortes na rede
Vai demorar um tempo até todas as estradas estarem abertas e todas as redes de energia elétrica, em funcionamento. Milhões de pessoas estiveram temporariamente sem energia elétrica, na ilha de Samar os celulares ficaram sem cobertura. Isso não é de admirar, com um tufão que arremessa rochas vulcânicas sobre as estradas como se fossem caixas de fósforo – como aqui em Guinobatan, na Ilha Luzon.
Foto: Reuters
Varridas pelo vento
Casas e cabanas foram destruídas principalmente na área costeira, onde não tiveram a menor chance contra a fúria dos ventos e as ondas gigantescas. As Filipinas se compõem por 7.107 ilhas no Oceano Pacífico, e são especialmente vulneráveis. Todos os anos o arquipélago é atingido por 20 tempestades tropicais, em média.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Favila
Pertences perdidos
Será que este filipino vai conseguir resgatar algo dos escombros de sua casa? Aqui, nada resiste muito tempo: o que a tempestade não carregou, apodrece sob a água.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F.R. Malasig
Vale tudo
O plástico tem grande resistência à decomposição e ao apodrecimento. Estas mulheres procuram se proteger do vento e da tempestade dentro de um saco transparente: mais do que isso não deve lhes ter restado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Favila
Espera em suspense
Alguns filipinos ficaram desabrigados pela segunda vez, no prazo de um ano. Muitos outros ainda estão ameaçados, como nas zonas de perigo ao sul de Manila. Há um ano, o devastador supertufão Haiyan fez 4 milhões de desabrigados. Agora, grande parte deles está sendo evacuada de seus abrigos de emergência e barracas improvisadas – como as crianças na foto.
Foto: picture-alliance/dpa/R.B. Tongo
Refeição antes da tempestade
Esta família também espera para ser evacuada. Os pobres nas favelas dos arredores da capital filipina, Manila, são particularmente vulneráveis diante da violência do tufão. Mas ainda têm tempo e tranquilidade para comer algo.
Foto: picture-alliance/dpa/R.B. Tongo
Prevenção oportuna
Soldados e voluntários preparam suprimentos para abastecer os flagelados nas áreas de tempestade. Desta vez, o Ministério de Assuntos Sociais tomou precauções. Para o caso de catástrofe, os EUA, diversos Estados-membros da União Europeia e outros países também prometeram apoio. Um ano atrás faltaram equipes de resgate e muitos esperaram em vão por ajuda, durante dias.
Foto: Reuters/R. Ranoco
Lição aprendida
A vida em ginásios de esporte e salas de reuniões. Nos últimos dias, 700 mil pessoas foram evacuadas ou se refugiaram no interior do país. De acordo com a ONU, esta foi uma das maiores ações de evacuação em tempos de paz. As autoridades quiseram garantir a tempo a segurança dos moradores em regiões costeiras – ao contrário de um ano atrás, quando muitos foram surpreendidos pelo tufão Haiyan.
Foto: Reuters
Abrigo na igreja
As igrejas também ofereceram refúgio. Muitos já estão novamente otimistas. Sharee Ann Tan, governadora da província de Samar, declarou na TV: "O dano material, aquilo que foi perdido, podemos substituir. Temos casas em ruínas, mas o mais importante é que ainda estamos vivos." No domingo o transporte público voltou a circular em Tacloban.
Foto: Reuters/R. Montes
Refúgio em terra
Desta vez, o trabalho de prevenção valeu a pena. A população estava informada. Por exemplo, os pescadores puderam transportar a tempo seus barcos para terra, como esse catamarã em Legazpi City, ao sul de Manila. Isso também certamente ajudará no abastecimento da família, após a tempestade.
Foto: Reuters/Erwin Frames
A caminho de Manila
Para os próximos dias estão sendo esperadas chuvas e inundações. Especialistas em defesa civil temem sobretudo deslizamentos de terra ao redor do vulcão Mayon. Nesta segunda-feira o tufão deve atingir a capital Manila. A imagem de satélite da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) mostra seu percurso sobre o país insular.