Emissões de CO2 voltam a subir pela primeira vez em anos
Rebecca Staudenmaier
13 de novembro de 2017
Estudo prevê primeira alta nas emissões de gases causadores do efeito estufa em três anos e relaciona aumento à recuperação da economia mundial. Sozinha, China é responsável por 28%.
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As emissões de gases causadores do efeito estufa devem registrar um aumento de 2% em 2017, a primeira alta em três anos, segundo o relatório anual da ONG Global Carbon Project, publicado nesta segunda-feira (13/11).
É a primeira vez que as emissões registram um aumento depois de terem permanecido relativamente similares por três anos, de acordo com o relatório intitulado Orçamento do Carbono de 2017, apresentado na 23ª Conferência do Clima (COP23), em Bonn, Alemanha.
"Com as emissões globais de CO2 de todas as atividades humanas estimadas em 41 bilhões [de toneladas métricas] para 2017, o tempo está se esgotando em nossa capacidade de manter o aquecimento global abaixo da margem de 2 graus Celsius, muito menos abaixo de 1,5 graus", diz a pesquisadora-chefe e diretora do departamento de mudanças climáticas da universidade inglesa Esat Anglia, Corinne Le Quere.
O estudo observou que, dos 41 bilhões de toneladas das emissões globais de CO2, 31 bilhões decorrem da indústria e do uso de combustíveis fósseis.
O índice de emissões totais é um recorde, e especialistas estimam que o orçamento global de carbono chegue ao fim em 20 ou 30 anos. O orçamento, que se refere à quantidade de carbono que pode ser expelido para a atmosfera antes de exceder os objetivos traçados para combater a mudança climática, foi determinado pelo Global Carbon Project.
"Neste ano, vimos como as mudanças climáticas podem amplificar os impactos de furações, com chuvas mais fortes, elevações dos níveis do mar e condições oceânicas mais quentes, o que favorece tempestades mais poderosas", afirma Le Quere.
A especialista pede que se faça mais nos próximos anos para reduzir as emissões, a fim de limitar os impactos das mudanças climáticas. "Esta é uma janela para o futuro", completa.
Os pesquisadores dizem que as crescentes emissões globais estão, em grande parte, ligadas a uma recuperação da economia mundial.
"A economia global está progredindo lentamente. À medida que o PIB [Produto Interno Bruto] aumenta, produzimos mais bens, o que respectivamente produz mais emissões", explica Robert Jackson, um dos coautores do relatório.
Em 2017, a China, por exemplo, teve um aumento de 3,5% em suas emissões em relação a 2016 e hoje é responsável por 28% do total global. Na Índia, a alta foi de 2%, cifra que acompanha seu crescimento econômico.
As emissões de dióxido de carbono na Europa e nos EUA, por outro lado, estão a caminho de serem mais baixas em 2017 do que no ano anterior, com quedas de 0,2% e 0,4%, respectivamente. No entanto, segundo os pesquisadores, as atuais reduções de emissões em todo o mundo ainda são muito lentas a fim de reverter a tendência crescente.
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Fiji, um paraíso em perigo
Fiji já foi sinônimo de paraíso tropical, mas o arquipélago está ameaçado de desaparecer por causa do aquecimento global. O fotógrafo Aaron March nasceu nas ilhas e captura em imagens a natureza frágil de seu país.
Foto: DW/A. March
Paraíso ameaçado
O recife de coral da ilha de Mamanuca, em Fiji, é um destino ideal para quem gosta de mergulhar com snorkel. Mas o mergulho na água límpida para ver peixes coloridos está virando raridade. Devido ao aumento da temperatura do oceano, os recifes de corais em Fiji estão morrendo. A perda do frágil ecossistema tem um efeito decisivo para a pesca e o turismo – duas importantes fontes de renda do país.
Foto: DW/A. March
Erosão na praia
As tempestades e o aumento do nível do mar lavaram grande parte da costa no sul da ilha Viti Levu. As palmeiras, que deveriam ajudar a proteger a praia da erosão, têm as raízes expostas à medida que o oceano se aproxima da terra. Para lutar contra as mudanças climáticas e resistir melhor ao seu impacto, os moradores de Namatakula fundaram um grupo ambiental.
Foto: DW/A. March
Luta contra as mudanças climáticas
Quando viram que o nível do mar começou a subir e que as tempestades estavam acabando com a praia, os moradores de Namatakula criaram, em 2017, um projeto em que jovens da comunidade enfrentam o problema. O grupo se concentra na limpeza e mecanismos de preservação, como o plantio de árvores. Membros deste projeto participam da COP23 em Bonn, na Alemanha.
Foto: DW/A. March
Deslocamento de uma vila
Em fevereiro de 2016, o ciclone Winston atingiu a vila de Vunisavisavi, na segunda maior ilha de Fiji, lavando grande parte da costa e destruindo prédios. Desde então, o oceano continua avançando sobre a terra. Os campos são rotineiramente inundados com água salgada, e as casas desabaram nas enchentes. Muitas famílias abandonaram seus lares ou foram transferidas para terrenos mais altos.
Foto: DW/A. March
Mudança para locais mais altos
Sepesa Kilimo Waqairatavu é um dos moradores de Vunisavisavi que pensa em se mudar para uma área mais alta. Alguns parentes dele se mudaram depois que suas casas foram danificadas em 2016. Mas Sepesa ainda está em dúvida, pois, embora o deslocamento para o interior da ilha garanta uma maior proteção, ele ficaria longe da vila e também do mar, já que a pesca é sua principal fonte de renda.
Foto: DW/A. March
Papel dos ancestrais
Muitos anciãos de Vunisavisavi se recusaram a deixar suas casas, pois acreditam que os antepassados lhes confiaram a proteção da terra. Mas Maria Lolou, de 85 anos, a residente mais antiga da pequena vila, decidiu se mudar para um terreno mais alto com a família em maio de 2016. Na foto, ela aparece com a bisneta no novo lar, financiado por um programa americano de ajuda ao desenvolvimento.
Foto: DW/A. March
Desaparecimento de uma atração turística
A Costa dos Corais é um destino muito popular para quem passa as férias na ilha de Viti Levu. A área é conhecida por seus recifes de corais extensos e pouco profundos, facilmente acessíveis a partir da costa. Mas as temperaturas elevadas da água danificaram gravemente o coral. Em alguns locais, ele nem existe mais.
Foto: DW/A. March
Ilhas artificiais
À medida que a erosão começou a destruir as praias, e os recifes de coral começaram a desaparecer, os administradores de Fiji buscaram novas formas de atrair turistas. Uma solução são ilhas artificiais, como a Fantasy Island. A dragagem de canais e a conversão de áreas improdutivas à beira mar acabou atraindo uma série de resorts de cinco estrelas.