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Emissões mundiais de metano batem recorde

15 de julho de 2020

Em 2017 foram despejadas 600 milhões de toneladas na atmosfera, e 60% das emissões são causadas por atividade humana. Gás tem poder de aquecimento 28 vezes maior que dióxido de carbono durante cem anos.

Vacas em rebanho
Pecuária está entre as principais fontes de emissão de metanoFoto: picture-alliance/dpa/U. Baumgarten

As emissões de metano – gás do efeito estufa várias vezes mais potente que o dióxido de carbono – aumentaram em 9% ao ano ao longo de uma década e alcançaram níveis recordes, impulsionadas pela fome insaciável da humanidade por energia e alimentos, segundo dois estudos divulgados nesta quarta-feira (15/07).

O metano (CH4) tem um potencial de aquecimento atmosférico 28 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) durante um período de cem anos, e sua concentração na atmosfera mais do que duplicou desde a Revolução Industrial. Durante um período de 20 anos, ele é 86 vezes mais potente.

Embora existam várias fontes naturais de metano, como áreas úmidas e lagos, a equipe que realizou o estudo concluiu que 60% das emissões são causadas por atividades humanas. Elas se enquadram principalmente em três categorias: extração e queima de combustíveis fósseis para energia, agricultura e pecuária e gestão de lixo.

No Acordo Climático de Paris de 2015, os países se comprometerem a limitar o aumento da temperatura para "bem abaixo" de 2 °C acima dos níveis pré-industriais. Embora as emissões devam cair um pouco este ano devido à pandemia, os níveis de metano atmosférico estão aumentando cerca de 12 partes por bilhão a cada ano.

Essa trajetória está alinhada com um dos cenários modelados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que vê a temperatura da Terra subindo em torno de 3 a 4 °C até 2100.

"Atualizações regulares do orçamento global de metano são necessárias porque a redução das emissões de metano teria um rápido efeito positivo no clima", diz Marielle Saunois, pesquisadora do Laboratório de Ciências do Clima e do Meio Ambiente da França e uma das autoras dos estudos, publicados nas revistas científicas Environmental Research Letters e Earth System Science Data. "Para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, não apenas as emissões de CO2 precisam ser reduzidas como também as de metano."

O Global Carbon Project, um consórcio de mais de 50 instituições de pesquisa em todo o mundo, liderado pelo cientista Rob Jackson, da Universidade de Stanford, reuniu dados de mais de cem estações de observação.

Em 2017, último ano com dados disponíveis, a atmosfera da Terra absorveu quase 600 milhões de toneladas de metano. Os autores do estudo ressaltam que as emissões anuais do gás aumentam cerca de 9% – ou 50 milhões de toneladas por ano – na comparação com a média dos anos de 2000 a 2006. Até então, as concentrações na atmosfera eram relativamente estáveis.

Em termos de potencial de aquecimento, esse metano adicionado na atmosfera desde 2000 equivale a colocar 350 milhões de automóveis a mais nas estradas e ruas do mundo ou duplicar as emissões totais de Alemanha ou França, advertem os pesquisadores.

Estima-se que cerca de 60% das emissões de metano provocadas pelo homem provêm da agricultura e do lixo, incluindo até 30% pelos processos digestivos de bovinos e ovinos. Outros 22% vêm da extração e queima de petróleo e gás, enquanto 11% são produzidos por minas de carvão em todo o mundo, segundo o estudo.

Mas estudos recentes baseados em novas técnicas para detectar vazamentos de metano usando dados de satélite sugerem que as emissões do setor de petróleo e gás podem ser significativamente maiores do que as mostradas neste estudo, que incluiu apenas dados até 2017.

Enquanto a tendência geral é ascendente, os níveis de emissões variam entre as regiões. Por exemplo, África, China e Ásia produzem 10 milhões a 15 milhões de toneladas anualmente. Os EUA produzem cerca de 4 milhões a 5 milhões de toneladas anuais.

A Europa é a única região em que as emissões de metano estão caindo – entre 2 milhões e 4 milhões de toneladas desde 2006, dependendo do método de estimativa.

As Nações Unidas afirmam que, para atingir a meta mais ambiciosa de Paris de um teto de aquecimento de 1,5 °C, todas as emissões de gases de efeito estufa devem cair 7,6% ao ano nesta década.

MD/efe/afp

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