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Emocionada, Dilma diz que Brasil merece saber a verdade sobre a ditadura

10 de dezembro de 2014

Durante entrega do relatório final da CNV, presidente reitera importância de conhecer a história das violações aos direitos humanos no período para que elas não se repitam.

Emocionada, Dilma chora durante o discurso. Presidente foi torturada durante a ditaduraFoto: Evaristo Sa/AFP/Getty Images

A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta quarta-feira (10/12) o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), depois de dois anos e sete meses de investigações. Dilma, ela própria vítima de tortura, emocionou-se durante o seu discurso, no qual enfatizou a importância da divulgação dos fatos ocorridos no período para que eles nunca mais se repitam.

Dilma disse que o trabalho do grupo vai ajudar a afastar "fantasmas de um passado doloroso" e permitir que os brasileiros conheçam a história das violações aos direitos humanos durante a ditadura militar para que elas não se repitam.

"Nós, que acreditamos na verdade, esperamos que esse relatório contribua para que fantasmas de um passado doloroso e triste não possam mais se proteger nas sombras do silêncio e da omissão", destacou.

Emocionada, Dilma chorou ao dizer que o Brasil merecia saber a verdade sobre a ditadura militar. "Sobretudo merecem a verdade aqueles que perderam familiares e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia", disse, com a voz embargada, após interromper o discurso por causa do choro.

O relatório final da CNV faz um relato das atividades desenvolvidas durante os dois anos e sete meses de investigações, além de fatos apurados, conclusões e recomendações. De acordo com o coordenador do colegiado, Pedro Dallari, uma das conclusões mais importantes do relatório final é a confirmação de que as graves violações aos direitos humanos, durante o período da ditadura militar, foram praticadas de maneira sistemática.

Dilma agradeceu e elogiou o trabalho dos integrantes da comissão e disse que a conclusão das atividades não representa um ponto final nas investigações das violações de direitos humanos na ditadura. Segundo a presidente, o Estado brasileiro vai se "debruçar" sobre o relatório, "olhar as recomendações e propostas e tirar as consequências necessárias".

"Com a criação desta comissão, o Brasil demonstrou a importância do conhecimento desse período para não mais deixá-lo se repetir", disse. "Conhecer a história é condição imprescindível para construí-la melhor. Conhecer a verdade não significa reagir, não deve ser motivo para ódio. A verdade liberta daquilo que permaneceu oculto", comparou.

Ao receber o documento de 4,4 mil páginas, que também está disponível na internet, Dilma disse que a apresentação simultânea para o governo e para a sociedade mostra que o trabalho da CNV foi isento de interferências e que é resultado de uma decisão do Estado brasileiro, e não apenas de um governo.

Criada pela Lei 12.528/2011 e instalada em maio de 2012 para examinar e esclarecer violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, principalmente no período da ditadura militar (1964-1985), a Comissão Nacional da Verdade terá seus trabalhos encerrados no próximo dia 16. No relatório final, o grupo sugere a criação de um órgão público para dar seguimento e continuidade às ações da CNV.

AS/abr/lusa

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