Empresários são treinados para trabalhar em 'regiões de risco'
8 de maio de 2006
O trabalho dessas empresas, conhecidas na Alemanha como empresas de gestão de crise, começa com a obtenção de informações sobre as condições de segurança nas regiões em que a empresa cliente atua ou vai atuar.
Essas informações são obtidas de matérias e reportagens da mídia local, de pessoas que já trabalharam nessas regiões e também de fontes ligadas aos serviços secretos europeus.
"Na América Latina, os países mais perigosos no que se refere ao terrorismo, a seqüestros e a riscos para os funcionários são a Colômbia, o México, o Brasil e a Argentina. Nas outras regiões, são o Paquistão, o Afeganistão, a Índia, a Indonésia, a Malásia, as Filipinas e, é claro, o Iraque", afirma o presidente da Aon Crisis Management, Christof Bentele.
Iraque
O Iraque é atualmente o país mais perigoso do mundo para os empresários. Mas também é importante levar em conta as diferenças regionais dentro do país.
"No Curdistão, por exemplo, é possível andar num comboio de uma cidade para a outra sem seguranças armados. Já em Bagdá é muitas vezes impossível até mesmo ir de um local para o outro. Se for necessário se deslocar pela cidade, então apenas num comboio de pelo menos três carros, todos blindados", exemplifica o presidente da Control Risks Deutschland, Maxim Worcester.
Dicas
Antes de começarem seu trabalho nessas regiões, os empresários, diretores ou funcionários são treinados pelas empresas de gestão de risco. Em seminários, eles aprendem como devem agir durante assaltos e seqüestros, por exemplo. Uma "aula particular" de um dia custa em média 2 mil euros. A participação num seminário gira em torno de 1,5 mil euros por dia.
"Nós tentamos passar algumas dicas a essas pessoas para que elas não se tornem vítimas fáceis para os terroristas. A primeira dica é já na chegada ao aeroporto. É obviamente muito melhor ser esperado de uma maneira discreta do que com um enorme cartaz com o seu nome e o nome da empresa", afirma Christopher Schramm, da Result Group.
Ainda segundo Schramm, também é mais seguro chamar um serviço de táxi do que simplesmente pegar o primeiro carro disponível no aeroporto. Outras dicas são trocar de hotel com freqüência e não se deslocar sempre pelos mesmos caminhos.
Relatórios
Na Alemanha, mais de cem empresas alemãs e estrangeiras se especializaram nesse setor. Muitos dos empregados dessas empresas possuem experiência nas "regiões de risco" por terem vivido ou trabalho lá como jornalistas, policiais, soldados e cientistas econômicos ou políticos.
Não apenas o treinamento de pessoal, mas também os relatórios sobre a segurança em diversos países do mundo custam caro para as empresas interessadas. O direito ao acesso a um desses relatórios custa dezenas de milhares de euros.
A Alemanha é o país que mais exporta no mundo: foram cerca de 800 bilhões de euros em produtos comercializados no ano passado, a maior parte para os Estados Unidos e países da União Européia (UE). Mas os negócios com países emergentes e em desenvolvimento também estão crescendo.