Empresa alemã tem teste rápido para diagnosticar ebola desde 2012
Valentin Betz (cn)7 de dezembro de 2014
Enquanto milhões eram investidos no desenvolvimento urgente de um teste rápido para detectar o vírus, um método pronto criado em Weimar aguardava validação.
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Até seis horas uma pessoa gravemente doente precisa esperar para saber se está com ebola. Um tempo que faz falta mais tarde, na hora do tratamento, e que pode ser crucial para salvar uma vida. Além disso, o teste requer um laboratório com energia elétrica. Assim, o diagnóstico chega tarde demais para muitas doentes na África.
Já o material para um diagnóstico preciso entre os que já faleceram só pode ser recolhido de uma forma complexa: uma agulha precisa coletar sangue diretamente do coração para que o vírus seja identificado.
Um teste rápido poderia melhorar muito o tratamento dos doentes e também o encaminhamento dos mortos.
Rápido e barato
Um diagnóstico rápido desenvolvido pela empresa alemã Senova não precisa de energia elétrica nem de um laboratório para diagnosticar o vírus. "É muito simples. A amostra pode ser recolhida na faringe com um cotonete. Ela é dissolvida numa solução, que é pingada sobre o teste rápido", explica Tom Halgasch, consultor da companhia Health Focus, responsável pela validação do teste.
O método também funciona se a amostra for coletada de um cadáver. O teste rápido foi desenvolvido em 2012 pela Senova, que tem sede em Weimar. "Mas a empresa não conseguiu validá-lo, pois não tinha acesso às estruturas necessárias", revela Halgasch.
Enquanto isso, milhões foram repassados a grandes empresas para o desenvolvimento de testes rápidos, acrescenta o consultor. No final de novembro, o governo britânico, por exemplo, anunciou um teste rápido para ebola que apresenta o resultado em 15 minutos.
Em comparação com o teste desenvolvido em 2012, a nova versão da Senova é ainda mais rápida e sensível. Em apenas 10 minutos é possível dizer com 98% de precisão se o vírus do ebola foi detectado.
No entanto, há ainda um último obstáculo. O teste não consegue detectar o ebola se a infecção estiver no estado inicial. Ele só funciona se a doença já estiver avançada, diz Halgasch.
Nova ferramenta
Para ele, os testes rápidos é a peça que faltava na luta contra a epidemia de ebola. "Os protocolos de tratamento exigem normalmente um teste rápido, realizado antes do teste confirmatório", afirma. Um teste rápido não vale como diagnóstico final. Mas estes demoram horas, além de serem caros.
Na Guiné, por exemplo, apenas dois laboratórios estão equipados para isso. Além disso, dependendo do método, esse exame custa entre 100 e 200 euros.
"Muitas vezes o vírus é transmitido durante um enterro. Com o teste rápido é possível verificar se a pessoa morreu de ebola ou não. Se a pessoa faleceu de outra doença, ela ao menos pode ser enterrada normalmente. Isso contribuiria para acalmar um pouco a situação", afirma Halgasch.
A produção em grande escala das tiras para o tese é relativamente simples. Halgasch diz não entender porque a validação do teste rápido demorou tanto. "É incompreensível, mas ninguém realmente se interessou por isso."
Ebola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção na África
Agora, médicos e enfermeiros da África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.