Aplicativo BerlKönig funciona de modo semelhante ao Uber. Diferença é que o novo serviço berlinense é coletivo, com vans que levam vários passageiros em trajetos semelhantes.
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Depois de oferecer um tênis que vale como passagem e testar ônibus autônomos, a empresa pública de transporte coletivo de Berlim, a BVG, inovou mais uma vez ao lançar no início de setembro um serviço semelhante ao Uber.
Chamado de BerlKönig, o nome do serviço da BVG remete ao famoso poema Erlkönig, de Johann Wolfgang von Goethe : "Quem cavalga tão tarde através da noite e do vento?/ É um pai com seu filho/ Ele segura o menino em seus braços/ Ele o leva seguro, ele o mantém aquecido", diz a primeira estrofe.
Em alemão, o termo Erlkönig é utilizado também para denominar modelos de carro que estão em fase de desenvolvimento e ainda não tem um desenho final. No Brasil, esses protótipos são chamados de mula. Muitas vezes, esses modelos têm suas carrocerias pintadas em estilo camuflado, semelhantes às das vans do BerlKönig.
Quem batizou o serviço provavelmente estava pensando nas mulas e acabou esquecendo a referência do poema de Goethe, que na primeira estrofe parece até ser uma boa ideia para um nome ligado a transporte.
O princípio do BerlKönig é bem parecido com o do Uber: por meio de um aplicativo, o usuário solicita o carro que o buscará e o deixará no endereço indicado. A diferença entre os dois, porém, é que o transporte do BerlKönig é coletivo, ou seja, as vans levam vários usuários que fazem trajetos parecidos. Até seis pessoas cabem nas vans da BVG. Além disso, o BerlKönig é inclusivo, com veículos adaptados para cadeirantes.
Apesar de ser um serviço oferecido pela BVG, a viagem no BerlKönig sai bem mais cara do que uma passagem do transporte coletivo, porém, ainda é um pouco mais barata do que táxi. O usuário da van paga 1,50 euro por quilômetro, e o valor total é calculado pelo aplicativo com base na rota mais direta.
O valor mínimo pago por viagem, porém, é de 4 euros. Em horários de pico, essa taxa tem um acréscimo de 25%. Se o trajeto for solicitado para mais pessoas, o valor por quilômetro para cada usuário extra cai pela metade.
O BerlKönig promete ainda buscar os usuários menos de 10 minutos depois da solicitação do veículo. O novo serviço está em fase de teste e, por enquanto, é oferecido às sextas-feiras e aos sábados entre as 17h e as 5h e está disponível apenas nos bairros Mitte, Prenzlauer Berg, Kreuzberg e Friedrichshain. Atualmente, 50 vans, sendo 40 delas elétricas, fazem parte da frota do BerlKönig.
No futuro, se houver demanda suficiente, a BVG planeja expandir a cobertura do serviço na cidade e disponibilizá-lo 24 horas por dia de domingo a domingo. Para isso, pretende aumentar a frota do BerlKönig para 300 veículos.
Ao que tudo indica, o BerlKönig tem tudo para fazer sucesso. No primeiro final de semana de seu lançamento, apesar de sua área restrita de atuação, cerca de mil pessoas usaram o serviço e mais de 10 mil baixaram o aplicativo.
Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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A primeira linha subterrânea para transporte público na Alemanha foi inaugurada em 1902, em Berlim, cerca de 40 anos depois de a primeira do mundo ser aberta em Londres. Os alemães chamam o metrô de U-Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Berlim, pioneira na Alemanha
No dia 15 de fevereiro de 1902, foi inaugurado o metrô berlinense, partindo da estação da Praça de Postdam em direção à estação Stralauer Tor. Três dias depois, o meio de transporte foi aberto ao público. Até dezembro do mesmo ano, foram abertas nove estações na rede metroviária. Na Alemanha, o trem subterrâneo chama-se Untergrundbahn ou U-Bahn.
Foto: Imago/G. Leber
Londres, primeiro metrô do mundo
Em 1863, começaram a circular os metrôs em Londres, na época, locomotivas a vapor. Como a fumaça incomodava os passageiros, a linha foi encerrada precocemente. Em 1890, os túneis da capital londrina foram eletrificados. Em Paris, a primeira linha da rede de metrô foi inaugurada em 1900. O Chemin de Fer Métropolitain (caminho de ferro metropolitano) deu origem à abreviatura no português, metrô.
Foto: picture-alliance/Heritage-Images
Da Berlim Ocidental à Oriental
O metrô de Berlim, primeiro trem subterrâneo da Alemanha, cresceu com a expansão de seus trilhos, que inicialmente percorriam pouco mais de 10 quilômetros. Ele sobreviveu a duas guerras mundiais e o Muro de Berlim. Durante a divisão da cidade, o trem só chegava ao lado oriental, comunista, após inspeções rigorosas. A segurança foi redobrada, para evitar que alemães do leste fugissem para o oeste.
Foto: DW/Kate Brady
Hamburgo
A eficiência dos trens elétricos em Berlim inspirou a cidade portuária de Hamburgo, que inaugurou sua rede ferroviária subterrânea em 15 de fevereiro de 1912. Por causa do rio Elba, no entanto, grande parte da malha foi construída sobre viadutos e aterros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Colônia e outras
Em outras grandes cidades alemãs, o metrô subterrâneo foi introduzido após a Segunda Guerra, por conta da reconstrução dos centros urbanos. A Stuttgart, ele chegou em 1966; a Essen, em 1967; e a Frankfurt e Colônia, em 1968. Na foto, a escada rolante da estação de metrô Heumarkt, em Colônia.
Foto: Imago/blickwinkel/S. Ziese
Munique
À capital da Baviera, o sistema de metrô subterrâneo só chegou na década de 1970. Inicialmente ele estava previsto para ser inaugurado em 1974, mas, devido aos Jogos Olímpicos de 1972, começou a funcionar já em 1971. Na foto, a estação Münchner Freiheit, decorada pelo designer e artista alemão Ingo Maurer, com espelhos no teto e luzes azuis.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
A rede mais longa do mundo
Desde dezembro de 2017, a mais extensa malha metroviária do mundo é a de Xangai, na China, com 637 quilômetros. Na Alemanha, a maior rede de metrô é a de Berlim, com 144 quilômetros, 12ª colocada no ranking mundial.
Foto: Imago/Xinhua/D. Ting
O mais longo trecho subterrâneo
A mais longa linha subterrânea da Alemanha é a U7 (foto), de Berlim, com 31,8 km. Já a linha de metrô mais longa, que corre embaixo e sobre o solo, é a linha U1 em Hamburgo, com 55,8 km. Em termos de inclinação, a linha U3, entre Frankfurt e Hohemark, supera uma altura de 204 metros.
Foto: Imago/R. Peters
Bunker de guerra
Estações de metrô especialmente profundas sob o solo foram construídas nos antigos países socialistas durante a Guerra Fria, para servirem também de abrigo numa eventual guerra nuclear. O recorde mundial de profundidade é a estação de metrô Arsenalna, em Kiev, na Ucrânia, com 105,5 metros. Na foto, a escada rolante de uma estação de metrô em São Petersburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt
A estação alemã mais profunda
Já nos países ocidentais, os metrôs não são tão profundos devido a questões arqueológicas (Atenas e Roma) ou geológicas (Oslo e Washington). A estação mais profunda da Alemanha é a Messehallen, em Hamburgo, 26 metros abaixo do solo. Também suas escadas-rolantes são recorde alemão, com 22 metros de extensão.