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Empresariado alemão apóia eleição antecipada

(sk / gh)24 de maio de 2005

Líderes empresariais aprovam a anunciada antecipação da eleição parlamentar alemã, mas exigem mais reformas econômicas. Schröder quer fazer campanha "livre" dos verdes.

Thumann, da BDI:'Alemanha está diante de grandes desafios'Foto: AP

Desde a derrota do Partido Social Democrata (SPD) na eleição da Renânia do Norte-Vestfália, no último domingo (22/05), o mapa político da Alemanha exibido na mídia é quase todo preto – a cor símbolo da União Democrata Cristã (CDU), que controla a maioria dos governos estaduais. Foi a dominância dessa cor que levou o chanceler federal Gerhard Schröder a anunciar a antecipação das eleições parlamentares de setembro de 2006 para, provavelmente, dia 18 de setembro próximo.

O anúncio surpreendeu a oposição e alegrou o empresariado alemão. Uma das primeiras reações do mercado financeiro foi a valorização das ações de empresas do setor energético que ainda operam usinas nucleares. Especula-se que, após uma eventual troca de governo em Berlim, a Alemanha poderia voltar atrás na decisão de renunciar à energia nuclear. Essa idéia ganhou força nesta terça-feira (24/05), depois de Schröder afirmar que pretende fazer a próxima campanha eleitoral "livre" do Partido Verde, portanto, sem definir um potencial parceiro de coalizão.

Dias sombrios para energias renováveis

Embora declarações políticas costumem ter apenas efeito de curto prazo nas Bolsas de Valores, há analistas prevendo "dias sombrios" para quem investiu em energias renováveis, fomentadas pelo atual governo social-democrata-verde. As ações das empresas do setor entraram em queda, após o anúncio do resultado eleitoral de domingo.

Os empresários não chegam a falar abertamente em "troca de governo", mas avaliam positivamente a antecipação das eleições, como explica Antor Börner, presidente da Confederação do Comércio Atacadista e Exterior: "Penso que o chanceler federal tomou a decisão correta, porque é preciso reconhecer que a maioria da população do maior Estado alemão manifestou-se contra a política do governo federal. A conseqüência lógica na democracia é que, uma vez que o soberano – o povo – falou, é preciso tornar as coisas claras e perguntar o que o povo alemão quer. E daí, para mim, só há uma resposta: novas eleições".

Braun, da DIHK: 'Alemanha não pode ficar discutindo até o ano que vem'Foto: dpa

Na mesma linha opina o presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Ludwig Georg Braun. "A decisão por novas eleições é conseqüente. A Alemanha não pode submeter-se a discussões que se arrastem até o fim do ano que vem", disse.

Mais reformas

O presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Jürgen Thumann, afirmou que "a Alemanha está diante de grandes desafios e precisa de mais reformas", o que é uma reivindicação de todas as entidades patronais.

Börner, no entanto, adverte seus colegas para não cair em euforia. "De imediato, a eleição antecipada não muda nada. O que muda algo são novas leis, que – esperamos – sejam todas aprovadas por um novo governo. Se isso ocorrer, haverá mais chances para quem desempenha mais, e menos burocracia. Isso daria enormes impulsos de crescimento à Alemanha, a população novamente teria mais confiança e consumiria mais, podendo proporcionar altas taxas de crescimento do mercado interno", prevê.

Clima negativo

Mas até lá o clima negativo na economia alemã não deve mudar muito. Pelo contrário, economistas do Deutsche Bank até prevêem efeitos negativos do anúncio das novas eleições sobre os investimentos e a cotação do euro, devido à insegurança política que deverá reinar no país até o outono europeu. Acrescente-se a isso a conjuntura fraca e os graves problemas financeiros do governo federal alemão, que deve contrair novas dívidas de mais de 30 bilhões de euros este ano. Os furos e riscos do orçamento de 2005 devem atingir a casa dos 10 bilhões de euros, em decorrência da queda de arrecadação e dos gastos extras com a reforma do mercado de trabalho (Hartz IV).

Sindicalista Michael Sommer (d) pede mudança de rumo ao SPDFoto: AP

A Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB) conclamou o governo a mudar seu rumo político. "Muitos trabalhadores e desempregados perderam a confiança no poder da classe política de tomar decisões pelo bem-estar comum", disse o presidente da DGB, Michael Sommer.

Também o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos IG Metall, Jürgen Peters, não acredita que o SPD volte a obter a maioria no Parlamento, se não mudar seu programa de governo. Em princípio, os sindicatos também são favoráveis às novas eleições, acrescentou. "Os cidadãos devem decidir que linha de governo querem", declarou Hubertus Schmodt, presidente do Sindicato dos Setores Químico, de Mineração e Energia.

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