Empresas aéreas europeias mudam regras para cabine
26 de março de 2015
Após desastre do voo da Germanwings, companhias de Alemanha, Irlanda, Reino Unido e Noruega se antecipam e prometem estabelecer, como nos EUA, obrigatoriedade de que sempre haja duas pessoas no cockpit de um avião.
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Após a revelação de que o copiloto teria deliberadamente derrubado o voo 4U-9525, da Germanwings, companhias aéreas europeias começaram, nesta quinta-feira (26/03), a anunciar mudanças de modo a obrigar que sempre haja duas pessoas dentro da cabine de suas aeronaves.
Segundo as investigações iniciais, feitas com base no áudio de uma das caixas-pretas do A320, o copiloto Andreas Lubitz aproveitou a saída do piloto da cabine para trancá-la. A porta foi travada por dentro, e a abertura por fora bloqueada por ele.
Nos Estados Unidos, existe uma lei determinando que, sempre que piloto ou copiloto deixar a cabine, um membro da tripulação deverá entrar nela e esperar seu retorno. A regra não existe na Europa – o que empresas aéreas estão começando a mudar agora, de forma unilateral.
A Norwegian Air Shuttle foi uma das primeiras a anunciar mudanças. "Se uma pessoa deixar o cockpit, duas terão que estar lá", disse Thomas Hesthammer, diretor de operações da companhia norueguesa. "Vínhamos discutindo isso há tempos, mas os acontecimentos aceleraram as coisas."
Nas irlandesas Aer Lingus e Ryanair, as regras também já devem passar a valer nos próximos dias, assim como nas britânicas Virgin Atlantic, Easyjet e Thomas Cook.
Segundo o tabloide Bild, as alemãs Lufthansa, Condor, Germanwings e Tuifly vão em breve estabelecer a regra. Para a Air Berlin, as mudanças já valem a partir desta sexta-feira.
"Nós queremos imediatamente aplicar essas novas regras", afirmou Matthias von Randow, presidente da agência federal alemã de transporte aéreo. Segundo ele, já nesta sexta-feira será discutido como concretizar a alteração.
Cronologia do desastre do voo 4U-9525
Airbus A320 da Germanwings caiu nos Alpes franceses 40 minutos após decolar de Barcelona, numa tragédia que investigadores tratam como um ato deliberado do copiloto. Uma cronologia com base nas primeiras investigações.
Foto: D. Bois/AFP/Getty Images
Decolagem com atraso
O voo 4U-9525, da companhia aérea alemã Germanwings, decola do aeroporto de Barcelona por volta das 10h00 (horário local), de 24 de março de 2015, com cerca de 20 minutos de atraso. O Airbus A320-211, com 24 anos de uso, deveria chegar às 11h55 em Düsseldorf. Havia 150 pessoas a bordo, a maioria delas alemães e espanhóis.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Vinte minutos sem problemas
Durante os 20 primeiros minutos, o voo é normal. O ambiente entre piloto, copiloto e tripulação foi descrito pelos investigadores franceses, com base no áudio de uma das caixas-pretas, como descontraído e relaxado.
Foto: picture-alliance/dpa/Ole Spata
Voo de cruzeiro
Às 10h20, o avião da Germanwings alcança a altitude de cruzeiro, de 38 mil pés (11,5 quilômetros). É a fase na qual a aeronave viaja de forma reta e nivelada, na velocidade máxima que pode atingir de modo a consumir o mínimo de combustível possível.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Último contato
Às 10h30, o avião faz o último contato com o controle aéreo. Um dos pilotos diz: "Direção IRMAR. Obrigado, 18G." A sigla é uma indicação de que a cabine recebeu dos controladores a autorização para prosseguir a rota direta até "IRMAR", próximo ponto em que o A320 deveria fazer contato. Já 18G é a abreviatura do indicador de rádio do voo.
Foto: picture-alliance/dpa/Airbus_Industrie
Piloto trancado fora da cabine
Às 10h31 o avião começa a perder altitude, quando deveria manter-se em fase de cruzeiro. Na cabine fechada, estava apenas o copiloto Andreas Lubitz, de 28 anos. A caixa-preta registra chamadas de interfone, em que o piloto se identifica tentando entrar, mas sem receber qualquer resposta. Captada pelos microfones, a respiração de Lubitz é normal.
Foto: Reuters/L. Foeger
Copiloto em silêncio
Às 10h35, a agência de aviação civil francesa lança um sinal de alerta, ao perceber a perda de altitude contínua da aeronave. Um caça Mirage 2000 decola da base militar de Orange para alcançar o voo da Germanwings. Durante cerca de cinco minutos, o piloto golpeia a porta da cabine, de forma cada vez mais violenta, na tentativa de entrar. O copiloto (foto) se mantém em silêncio.
Foto: picture alliance/AP Photo
Desespero de passageiros
O transponder do A320, que envia automaticamente informações sobre sua localização, para de emitir sinais às 10h40. A caixa-preta registra a ativação do sistema de alerta sonoro do avião, que indica impacto imediato. Nos instantes finais, passageiros começam a gritar.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Queda nas montanhas
Cerca de 40 minutos após decolar, o A320 se choca contra o maciço de Trois Evêchés, numa zona não habitada dos Alpes franceses. Todos os 144 passageiros e seis tripulantes morrem, num dos maiores desastres aéreos da história na Europa. Entre os mortos, estão pessoas de 15 nacionalidades, incluindo 16 adolescentes da mesma escola de uma pequena cidade no oeste da Alemanha.