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PolíticaBelarus

Empresas aéreas evitam Belarus após desvio de voo

25 de maio de 2021

Companhias suspendem rotas sobre o país após governo Lukashenko desviar avião para prender dissidente. Oposição denuncia tortura contra oposicionista após divulgação de vídeo. Minsk convida UE e EUA a investigarem caso.

Avião comercial de grande porte durante o pouso, orientado por um profissional do aeroporto na pista
Cada vez mais empresas estão desviando rotas aéreas que passam por BelarusFoto: Leonid Faeberg/Russian Look/picture alliance

Mais companhias aéreas anunciaram nesta terça-feira (25/05) que vão evitar o espaço aéreo de Belarus depois que o país do Leste Europeu desviou um voo comercial para prender um jornalista de oposição ao governo.

Líderes da União Europeia haviam apelado para que as companhias aéreas desviem suas rotas de Belarus após terem decidido nesta segunda-feira impor sanções contra o governo do presidente belarusso, Alexander Lukashenko, conhecido como "o último ditador da Europa".

As empresas Air France, Finnair, KLM, Singapore Airlines e a japonesa ANA anunciaram que vão ajustar seus voos, seguindo o exemplo de Lufthansa, SAS e AirBaltic, que já haviam anunciado medida similar no dia anterior.  

De acordo com a Organização Europeia para a Segurança da Aviação (Eurocontrol), uma média de cerca de 2.500 aeronaves usam semanalmente o espaço aéreo de Belarus.

Perda de divisas

O especialista em aviação Cord Schellenberg espera poucos efeitos no tráfego aéreo internacional. "Você pode voar ao redor da Belarus, ao norte ou ao sul", disse ele à agência de notícias AFP. Além disso, segundo ele, atualmente há apenas alguns voos para a Ásia devido à pandemia.

Conforme Schellenberg, as consequências econômicas para as companhias aéreas serão mínimas. Ele acredita que a própria Belarus será a mais afetada. "Normalmente, o governo belarusso recebe pagamentos quando os aviões sobrevoam ou pousam em seu espaço aéreo; essa receita agora será perdida."

Algumas companhias aéreas continuam a usar o espaço aéreo do país. De acordo com o portal especializado FlightRadar24, aviões russos e chineses continuavam a sobrevoar Belarus nesta terça-feira.

"Sequestro"

Um avião da companhia aérea Ryanair que ia da Grécia à Lituânia no domingo foi desviado para pousar em Belarus. A bordo estava o jornalista belarusso Roman Protasevich, crítico ao regime do presidente Alexander Lukashenko. O oposicionista foi preso logo após o pouso forçado em Minsk.

O incidente gerou protestos internacionais. Os líderes europeus acusaram o governo belarusso de promover um "sequestro" de um avião europeu, e exigiram a libertação imediata do jornalista detido, bem como da namorada dele, a russa Sofia Sapega, que também foi retirada do voo.

Em cúpula nesta segunda-feira, a UE decidiu, entre outras sanções, proibir todas as companhias aéreas de Belarus de usarem o espaço aéreo e os aeroportos dos 27 países-membros do bloco.

"Confissão"

Um vídeo lançado na noite de segunda-feira mostra Roman, de 26 anos, no que seria uma "confissão", em que ele admite ter organizado protestos antigoverno em Minsk e diz que vai cooperar com os investigadores belarussos.

A líder da oposição belarussa exilada Sviatlana Tsikhanouskaya disse que o vídeo é prova de que Protasevich foi torturado. "Ele disse que foi tratado conforme a lei, mas ele visivelmente foi espancado e colocado sob pressão. Não há dúvida de que ele foi torturado. Ele foi feito refém", disse ela em entrevista coletiva na capital da Lituânia, Vilnius.

Nesta terça-feira, ela pediu aos líderes ocidentais que aumentem a pressão sobre o governo de Belarus. "A situação com o sequestro do avião não pode ser considerada separadamente de outras repressões e violações flagrantes dos direitos humanos em Belarus", disse Tsikhanouskaya.

O governo da Belarus não comentou imediatamente a acusação de tortura, mas tem negado sistematicamente o abuso de detidos. Grupos de direitos humanos documentaram centenas de casos do que descrevem como abusos e confissões forçadas durante a repressão contra ativistas pró-democracia desde o ano passado.

A França e a Irlanda descreveram o incidente como pirataria. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, chamou-o de "sequestro de Estado".

Minsk faz convite a UE e EUA

Belarus convidou nesta terça-feira a UE, os Estados Unidos e agências reguladoras de aviação civil a investigarem o incidente do último domingo.

Segundo um comunicado do Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes belarusso, foi o piloto do voo da Ryanair que "tomou a decisão de aterrissar no Aeroporto Nacional de Minsk sem qualquer pressão do lado bielorrusso".

Apesar do desmentido divulgado pelo Hamas, Belarus insiste que no domingo o aeroporto de Minsk recebeu um e-mail com uma ameaça de bomba assinada pelo movimento palestino.

Após relatar a ameaça à segurança do avião à agência de aviação local (Belaeronavigatsia), os controladores belarussos entraram em contato com os pilotos do voo FR4978 da Ryanair.

"A tripulação foi imediatamente informada sobre a ameaça relativa à presença de um dispositivo explosivo a bordo do avião e foi aconselhada a aterrissar em um aeroporto alternativo – o Aeroporto Nacional de Minsk", detalha o comunicado.

A nota também salienta que as autoridades aeronáuticas tentaram contactar representantes da Ryanair em Vilnius, na Lituânia, mas não tiveram êxito.

De acordo com o Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes de Belarus, a tripulação solicitou assistência, não sem antes insistir em conhecer a fonte da informação sobre as ameaças de bomba.

O serviço de imprensa da presidência belarussa confirmou no domingo que foi o presidente Lukashenko quem deu a ordem para "desviar o avião" e para que fosse "escoltado" por um caça MiG-29.

A justificativa era "uma potencial ameaça à segurança a bordo", embora as forças de segurança belarussas não tenham encontrado qualquer dispositivo, o que levou a oposição a denunciar que tudo era uma operação especial da KGB belarussa para prender o jornalista opositor Roman Protasevich.

md (AFP, EFE, Reuters)

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