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Empresas alemãs se preparam para incertezas do Brexit

Brandon Conradis (fc)15 de junho de 2016

Uma possível saída do Reino Unido da União Europeia coloca em questão o futuro de firmas alemãs que operam localmente. Para analistas, relações entre os dois países continuarão calorosas, mas comércio será afetado.

Angela Merkel (esq.) e David Cameron
Angela Merkel e David Cameron: relações comerciais em suspenseFoto: picture-alliance/dpa/J. Knappe

Enquanto os britânicos se preparam para ir às urnas em 23 de junho para votar no referendo que vai decidir se o Reino Unido continuará na União Europeia, as empresas alemãs aguardam o resultado com ansiedade. E há uma boa razão para isso: o Reino Unido é o terceiro maior mercado da Alemanha no exterior depois dos EUA e França.

Os alemães são um dos parceiros comerciais mais importantes do Reino Unido e, também, um dos maiores investidores estrangeiros com mais de 2.500 subsidiárias no país, dando emprego para cerca de 500 mil britânicos, de acordo com a German Industry UK (GIUK), uma organização que representa as empresas alemãs naquele país.

Além disso, o Reino Unido tem sido de importância estratégica para multinacionais alemãs que realizam aquisições – empresas como BMW, Volkswagen e Deutsche Post têm adquirido empresas britânicas ao longo dos anos.

A Alemanha deverá ser claramente afetada caso os britânicos votem pela saída do país do bloco. Por isso, não é nenhuma surpresa que empresas alemãs no Reino Unido façam pressão para o país continuar no bloco.

A empresa alemã de engenharia Siemens, que está investindo 160 milhões de libras (cerca de 200 milhões de euros) numa fábrica de turbinas eólicas em Yorkshire, afirmou que o Brexit "poderia tornar o Reino Unido um lugar menos atrativo para fazer negócios".

Uma carta vazada enviada em março pelos chefes de seis empresas britânicas pertencentes à BMW deu uma perspectiva ainda mais crua. No texto, eles disseram que o Brexit poderia levar a "custos e preços mais altos" e insinuaram que os empregos poderiam ser afetados.

Quem tem medo do Brexit?

Do ponto de vista da comunidade empresarial alemã, existem várias preocupações sobre uma possível saída do Reino Unido do bloco europeu. A maior delas é que isso levaria a tarifas e taxas de importação mais altas, tornando mais difícil para empresas estrangeiras entrarem no mercado britânico.

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As mudanças em regulações é outra preocupação caso o Reino Unido deixe a União Europeia, e isso faria com que empresas alemãs tivessem maiores dificuldades de operar no país. Por fim, as companhias estão preocupadas como o Brexit afetaria os empregos, já que ser parte da União Europeia permite a fácil circulação de trabalhadores entre o Reino Unido e países da União Europeia.

Para o professor Andrew Liekierman, da London Business School, é impossível dizer com precisão qual será o efeito sobre as empresas alemãs. "Isso depende dos termos de renegociação [na sequência de um Brexit]", afirmou à DW. "Não temos um precedente para algo deste tipo."

Um porta-voz da filial britânica da companhia alemã de engenharia Bosch repetiu o mesmo em sua declaração. "Se houver a votação para sair, nós não sabemos qual tipo de relação comercial o Reino Unido iria estabelecer com a União Europeia", afirmou Ojeh Rianne por e-mail à DW.

"Até que isso aconteça, é difícil prever qual será o impacto econômico, se ele houver. Se a decisão for sair da União Europeia, nós vamos avaliar cuidadosamente as mudanças e o impacto que isso terá sobre as operações da Bosch no Reino Unido", frisou Rianne.

"Esperar e ver"

Segundo o presidente do GIUK, Bernd Atenstaedt, outras empresas alemãs com presença no Reino Unido têm tido extrema discrição, e têm dado poucas pistas sobre quais medidas seriam colocadas em prática no caso de um possível Brexit.

No entanto, ele reconheceu que tal decisão poderia levar a uma mudança na forma que empresas alemãs iriam investir no Reino Unido no futuro. Mesmo assim, Atenstaedt acredita que as relações entre os dois países permaneceriam, fundamentalmente, inalteradas.

"É um mercado tão importante [para a Alemanha] e nós, provavelmente, não vamos desaparecer", afirmou Atenstaedt em entrevista à DW. "Nós estamos propensos a continuar fazendo negócios com o Reino Unido como antes."

Liekerman, que enfatizou que suas opiniões não refletem necessariamente as de sua escola, ofereceu uma perspectiva diferente. Ele disse que, embora seja muito cedo para prever exatamente o que irá acontecer após um possível Brexit, as consequências para as empresas estrangeiras no Reino Unido seriam negativas e, como resultado, haveria menos postos de trabalho no país.

"Eu não consigo imaginar uma renegociação que poderia fazer o Reino Unido um lugar mais desejável para operar", afirmou. "Estou certo de que haverá calorosas relações entre Alemanha e Reino Unido em muitos níveis, mas o fato é que tarifas são tarifas. E isso deverá afetar as relações comerciais."

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