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Empresas alemãs sob suspeita em caso de submarino argentino

11 de dezembro de 2017

Ferrostaal e EnerSys-Hawker teriam pagado suborno e oferecido peças de qualidade inferior, segundo emissora alemã. O ARA San Juan desapareceu em meados de novembro depois de um curto-circuito e um princípio de incêndio.

Submarino ARA San Juan, em foto de junho de 2014
Submarino ARA San Juan, em foto de junho de 2014: embarcação desapareceu com 44 tripulantes em meados de novembroFoto: Reuters/Handout: Armada Argentina

Duas empresas alemãs que forneceram as baterias do submarino desaparecido ARA San Juan estão sob suspeita de terem pagado subornos para conseguir o contrato e de terem oferecido peças de qualidade inferior, segundo informações da emissora regional pública alemã Bayerischer Rundfunk.

O Ministério do Interior da Alemanha confirmou à emissora que recebeu um documento da comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento argentino solicitando informação sobre o caso, e que remeteu a petição à pasta de Economia.

"Existe a suspeita de que as baterias que foram substituídas não eram, em parte ou em nada, da qualidade que deviam ter sido. Não sabemos também de onde chegaram, se da Alemanha ou de outro país. Por isso queremos saber quais técnicos estavam no lugar e quem assinou e deu o aval do conserto", declarou a presidente da citada comissão argentina, Cornelia Schmidt-Liermann.

Leia também: O que torna tão difícil achar um submarino?

A parlamentar salientou que existe a suspeita de que houve subornos e de que "empresas alemãs estiveram envolvidas". Autoridades argentinas se dirigiram ao governo alemão por escrito para pedir dados sobre o caso. "As suspeitas sugerem que houve corrupção", destacou o ministro da Defesa argentino, Oscar Aguad, citado pela emissora alemã.

Há poucos dias, o ministro tornou públicas essas suspeitas na Argentina, país que continua sem notícias do paradeiro do submarino que desapareceu em 15 de novembro no Atlântico Sul com 44 tripulantes a bordo.

Aguad lembrou que houve uma denúncia sobre suposta corrupção perante os tribunais que foi "varrida pra debaixo do tapete" e não investigada, e apontou que há também testemunhos que indicam que foram usados materiais sem a qualidade requerida.

As empresas alemãs sob suspeita são a Ferrostaal e a EnerSys-Hawker e, segundo a emissora regional alemã, não há documentação suficiente sobre os trabalhos realizados quando o submarino, de fabricação alemã e incorporado à Marinha argentina em 1985, foi submetido a um processo de reforma no qual, entre outros trabalhos, teriam sido trocadas as baterias.

O ARA San Juan reportou sua posição pela última vez na manhã de 15 de novembro na área do Golfo de San Jorge, a 432 quilômetros da costa argentina. Poucas horas antes, o comandante do submarino havia comunicado uma entrada de água que molhou as baterias, o que provocou um curto-circuito e um princípio de incêndio. O problema teria sido corrigido, e o San Juan seguiu seu curso rumo à sua base, em Mar del Plata.

Segundo a emissora alemã, a Ferrostaal e a EnerSys-Hawker, com sedes em Essen e Hagen, respectivamente, assinaram um contrato no valor de 5,1 milhões de euros para o fornecimento de 964 baterias, no qual presumivelmente pagaram subornos.

A Ferrostaal respondeu à emissora e rejeitou qualquer responsabilidade, explicando que se limitou a intermediar o contrato e cobrar uma comissão por isso, enquanto a EnerSys-Hawker, fornecedora das baterias, não respondeu às perguntas.

PV/efe/ots

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