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Empresas da Alemanha se unem contra as mudanças climáticas

Mathilda Jordanova-Duda ca
20 de setembro de 2019

Várias iniciativas empresariais pressionam políticos por mais proteção climática, prometendo começar por elas próprias. Trata-se apenas de marketing verde ou há uma intenção honesta por trás disso?

Cartraz da iniciativa Empreendedores para o Futuro em manifestação pelo clima
Iniciativa Empreendedores para o Futuro participa da manifestação pelo climaFoto: Entrepreneurs for Future

O Gabinete do Clima, órgão do governo alemão para proteção climática, reuniu-se nesta sexta-feira (20/09), dia em que os estudantes iniciaram a Greve Global pelo Clima, mas também 2.500 empresários fecharam suas empresas, escritórios, lojas e lojas on-line, liberando seus funcionários para as manifestações.

Empresas que já contribuem ativamente para a proteção climática com seus produtos e serviços se reuniram na iniciativa Empreendedores para o Futuro (EFF). O grupo demanda um aumento eficaz e planejado dos preços das emissões de carbono para todos os setores; uma mudança acelerada no setor energético, agrícola e de mobilidade; uma verdadeira economia circular; a abolição de subsídios prejudiciais ao clima, uma lei ambiciosa de proteção climática e um fundo de inovação.

Entre os signatários estão fabricantes de bicicletas, agricultores orgânicos e produtores de energia renovável. Embora os iniciadores venham do setor orgânico e ecológico, o movimento é aberto a todos os empreendedores, idealizadores e autônomos. Para atrair o máximo possível de "atores incomuns", os grupos regionais da EFF estão buscando aliados nas câmaras de indústria comércio e outras redes.

Esse é o caso, por exemplo, da iniciativa Líderes para a Ação Climática. Mais de cem empresários do setor digital alemães assinaram um "compromisso verde" no final de agosto. A promessa se aplica tanto em nível pessoal quanto empresarial.

Os CEOs das empresas Telekom, Zalando, Flixbus, Mister Spex, o provedor de capital de risco Earlybird e muitos outros se comprometeram a calcular sua pegada de carbono, reduzindo-a gradualmente nos próximos dois anos. A digitalização deverá ajudar nesse intuito. O que não pode ser reduzido deve ser totalmente compensado por medidas compensatórias certificadas.

Essa implementação será avaliada para que não se trate apenas de um marketing verde, garante a porta-voz da iniciativa empresarial, Doreen Rietentiet, da agência DWR eco. "Se eles não cumprirem as promessas, por exemplo, de suspender os voos domésticos, também perderão sua credibilidade perante os funcionários".

De qualquer forma, o problema, segundo Rietentiet, são as empresas que formam o DAX, índice da Bolsa de Valores de Frankfurt, responsáveis pela maior parte do CO2 lançado na atmosfera. Em 2018, suas emissões diminuíram apenas marginalmente ou até aumentaram acentuadamente. Os esforços de eficiência foram devorados pelo crescimento econômico. "É por isso que estamos exigindo um preço pelo gás do efeito estufa".

Proteção climática como novo modelo de negócios

Empresas do setor automotivo, de construção, químico e metalúrgico também passaram a exigir medidas para reduzir emissões que causam o aquecimento global. A Fundação 2°, que reúne empresários alemães pela proteção climática, enviou um documento sobre suas posições em 9 de setembro último, incorporando a expertise de mais de 30 grandes corporações.

Segundo Sabine Nallinger, diretora da fundação, trata-se de partes da economia que estão diante de enormes desafios e têm que investir bilhões para mudar o rumo das coisas. Divididas nos setores de edificações, transporte e indústria, elas estabeleceram medidas para aumentar a taxa de recuperação de prédios e infraestruturas existentes, para incentivar a eletromobilidade, fortalecer a malhar ferroviária e ajudar tecnologias inovadoras a prosperar na produção industrial.

Do setor público, essas empresas esperam que se criem incentivos e se avance com bons exemplos. "A proteção climática deve se tornar rapidamente um modelo de negócios", diz Nallinger.

Criada pelos CEOs e proprietários de várias empresas conhecidas, a Fundação 2° é a mais antiga iniciativa da indústria alemã contra o aquecimento global. Com bons laços com a política, ela também cultiva o contato com o setor científico, com organizações não governamentais e iniciativas principalmente de médio porte, como a EFF e os Líderes para a Ação Climática.

O compromisso pessoal dos presidentes das empresas é um pré-requisito para tornar-se membro, explica Nallinger. Os patronos estariam sujeitos a uma auditoria individual. "Observamos a empresa e as pessoas, comparando-as com companhias do mesmo setor", conta.

A operadora de cruzeiros Aida, por exemplo, foi escolhida porque foi a primeira a tentar se livrar do óleo pesado como combustível: "Aida está sacudindo a indústria naval", aponta Nallinger. Também uma rede de supermercados de baixo custo, conhecida por sua guerra de preços à custa dos agricultores, é um dos membros da Fundação 2°.

De acordo com informações próprias, a rede Aldi Süd já está operando em condições de neutralidade climática. Sistemas fotovoltaicos e estações de recarga elétrica estão sendo instalados nas filiais, e as lojas e a logística foram planejadas para a maior eficiência energética. Compensa-se o CO2 e também se exortam os fornecedores a quantificar as emissões, diz a empresa.

"Basicamente, é positivo que as empresas participem de tais iniciativas. Elas se mostram publicamente, tornando-se vulneráveis. Elas serão julgadas segundo seus próprios critérios", diz Susanne Blazejewski, pesquisadora sobre organização e design sustentáveis no local de trabalho na Universidade Alanus. "Além da redução das emissões de CO2, isso também tem outros efeitos, como conscientizar a organização e atrair os funcionários para o tema."

Mesmo ecopioneiros convictos ainda podem melhorar suas ações, de acordo com a especialista. Mas especialmente nas empresas que atuaram até agora de forma pouco sustentável, isso acarretaria efeitos internos positivos, acrescenta Blazejewski: "São pequenas peças que se podem adicionar. Quando Aldi Süd instala estações de recarga, os funcionários poderão em breve exigir bicicletas funcionais e alimentação orgânica no refeitório."

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