Enchentes alagam cidades e matam ao menos 11 na Itália
18 de maio de 2023
Governo local diz que choveu em 36 horas o equivalente a seis meses e estima prejuízo em bilhões de euros. Várias cidades estão inundadas nas províncias de Forlí-Cesena e Ravena.
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Equipes de resgate continuam trabalhando nesta quinta-feira (18/05) por causa das graves inundações que devastaram localidades inteiras da região da Emilia-Romagna, no norte da Itália, e causaram prejuízos de bilhões de euros, segundo estimativa do governo local.
As autoridades locais disseram que choveu em 36 horas o equivalente a seis meses. "Nunca se tinha visto um fenômeno dessa magnitude no nosso país", declarou o presidente regional, Stefano Bonaccini.
Ao menos 11 pessoas morreram, segundo balanço desta quinta-feira. Entre elas estão pessoas que foram arrastadas pelas águas. O número de vítimas pode aumentar. Autoridades confirmaram que há 10 mil pessoas deslocadas.
Quarenta e duas cidades foram inundadas pelas águas, e centenas de estradas e rodovias foram destruídas. Mais de 20 rios transbordaram, e ocorreram mais de 280 deslizamentos de terra. As áreas mais afetadas estão nas cidades de Faença e Forlí e na área de Ravena.
Os prejuízos chegam a vários bilhões de euros, acrescentou Bonaccini. "Os danos foram muito maiores do que aqueles que esperávamos, mas felizmente emitimos um alerta vermelho 24 horas antes, caso contrário teria sido uma tragédia ainda mais dramática", disse o presidente regional.
"Os 30 milhões disponibilizados pelo governo são bem-vindos e agradeço que os disponibilizem de imediato, mas aqui estamos falando de bilhões de euros de prejuízos", declarou Bonaccini à emissora de televisão pública italiana RAI.
"Foi como um novo terremoto na véspera do catastrófico evento em Emilia-Romagna em 2012, cujo aniversário está prestes a acontecer. Cerca de 40 municípios foram inundados, estruturas destruídas, ferrovias interrompidas, estradas provinciais praticamente demolidas, e uma ponte desabou", descreveu Bonaccini.
Nas províncias de Forlí-Cesena e Ravena há cidades inteiras inundadas, situação que pode piorar nas próximas horas, já que o nível de quase todos os rios ainda está acima do limite de emergência.
As enchentes deixaram 34 mil residências sem eletricidade, 100 mil pessoas com problemas em seus telefones celulares e outras 10 mil com problemas nas linhas fixas.
O Grande Prêmio de Fórmula 1 de Ímola, que seria realizado no próximo fim de semana, foi cancelado. Em Ferrara, um show do cantor Bruce Springsteen estava confirmado apesar da tragédia e dos pedidos de adiamento por fãs.
as (Lusa, Efe, ots)
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
Calor, seca, incêndios, tempestades extremas, inundações – mais uma vez, o ano foi marcado por muitos eventos climáticos direta ou indiretamente influenciados pelas mudanças climáticas. Uma retrospectiva em fotos.
Foto: Thomas Coex/AFP
Na Europa, 2022 foi mais quente e seco do que nunca (agosto)
Calor extremo e a pior seca em 500 anos marcaram o verão na Europa. Na Espanha, mais de 500 pessoas morreram na onda de calor mais forte já registrada no país, com temperaturas acima de 45º C. No Reino Unido, o termômetro bateu 40º C pela primeira vez. Partes do continente nunca estiveram tão secas nos últimos mil anos, e muitas regiões racionaram água.
Foto: Thomas Coex/AFP
Graves incêndios devastaram a Europa (julho)
De Portugal, Espanha e França, no oeste, passando pela Itália até a Grécia e Chipre, no leste, e a Sibéria, no norte, florestas estiveram em chamas em todo o continente em 2022. Os incêndios queimaram cerca de 660 mil hectares somente até meados do ano, um recorde desde o início dos registros, em 2006.
Chuvas de monção extremas caíram sobre o Paquistão. Cerca de um terço do país ficou debaixo d'água, 33 milhões de pessoas perderam suas casas, mais de 1.100 morreram e as doenças estão se espalhando. Chuvas extremamente fortes também atingiram o Afeganistão. Milhares de hectares de terra foram destruídos. A fome no país está piorando.
Foto: Stringer/REUTERS
Calor, seca e tufões afetaram a Ásia (agosto e setembro)
Antes das enchentes, o Afeganistão e o Paquistão, assim como a Índia, tiveram calor extremo e seca. A China passou por sua seca mais extrema em 60 anos e seu pior calor já registrado. No outono, 12 tufões assolaram a China. Coreia do Sul, Filipinas, Japão e Bangladesh também sofreram com fortes tempestades, que estão se tornando cada vez mais fortes devido às mudanças climáticas.
Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo/picture alliance
Na África, consequências dramáticas
O clima no continente africano está esquentando mais rápido do que a média global. Por isso, a África é particularmente afetada por mudanças nas chuvas, secas, tormentas e inundações. Na Somália, a seca de 2022 foi a pior em 40 anos. Um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Na foto, um alagamento no Senegal em julho.
Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Fuga e fome nos países africanos
Estiagens e inundações tornam difícil a criação de gado ou a agricultura em cada vez mais regiões do continente africano. Como resultado, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, principalmente na Etiópia, na Somália e no Quênia.
Foto: Dong Jianghui/dpa/XinHua/picture alliance
América do Norte: Incêndios e inundações
No final do verão no Hemisfério Norte, incêndios graves ocorreram nos estados americanos da Califórnia, Nevada e Arizona, em particular. Uma cúpula de calor se formou em todos os três estados, com temperaturas chegando a 40º C. No início do verão, fortes chuvas haviam causado grandes alagamentos no Parque Nacional de Yellowstone e no estado de Kentucky.
Foto: DAVID SWANSON/REUTERS
América e Caribe: ciclones violentos
Em setembro, o furacão Ian causou grande devastação no estado americano da Flórida. As autoridades falaram de "danos em escala histórica". O Ian já havia passado por Cuba, onde causou interrupção no fornecimento de eletricidade por vários dias. O ciclone tropical Fiona se moveu até a costa leste do Canadá depois de causar graves danos inicialmente na América Latina.
Foto: Giorgio Viera/AFP/Getty Images
Tempestades tropicais devastam América Central
Não apenas o Fiona assombrou a América Central. Em outubro, o furacão Julia trouxe devastação severa a Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Devido ao aquecimento global, as superfícies dos oceanos estão esquentando, o que torna os furacões mais fortes.
Foto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance
Seca extrema na América do Sul
Há uma seca persistente em quase todo o continente sul-americano. No Chile, por exemplo, isso ocorre desde 2007. Desde então, a água dos córregos e rios em muitas regiões diminuiu entre 50% a mais de 90%. Em regiões do México, quase não chove há vários anos consecutivos. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Panamá e partes do Equador e da Colômbia também sofrem com a seca.
Foto: IVAN ALVARADO/REUTERS
Alagamentos na Austrália e Nova Zelândia
Na Austrália, fortes chuvas em 2022 causaram graves inundações várias vezes. De janeiro a março, choveu tanto na costa leste quanto na Alemanha durante todo o ano. A Nova Zelândia também foi afetada. O responsável é o fenômeno climático La Niña, que é amplificado pelas mudanças climáticas, pois a atmosfera mais quente absorve mais água e as chuvas aumentam.