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CatástrofeAlemanha

Enchentes na Alemanha: o dia seguinte

17 de julho de 2021

Quem pode, começou imediatamente com trabalhos de recuperação após o desastre. Uma jovem família de Sinzig, Renânia-Palatinado, tem toda a casa para colocar em ordem. Mas muito depende da política e das seguradoras.

Monte de móveis quebrados e sujos de lama diante de casa
Água chegou a 1,40 metro na casa dos AkerFoto: Oliver Pieper/DW

Às 3h00 da madrugada da quinta-feira (15/07), quando o rio Ahr transbordou com força total, Nina e Niklas Aker tiveram apenas segundos para decidir o que queriam salvar de suas vidas antigas. Para a filhinha de seis anos, ainda meio dormindo, a resposta é imediata: três coisas, seus patins, o patinete e o violino.

Pouco depois, a água já está batendo no umbigo do casal. Com a menina no braço, pegam o cachorrinho e uma bolsa e saem correndo para a casa dos vizinhos, uma rua acima. "Tem um momento de pânico, em que você só diz 'sai, sai, todo mundo para fora", comenta Niklas.

Passadas 36 horas, pouco sobrou desse receio pela própria vida: assim como muitos dos 18 mil habitantes de Sinzig, no estado da Renânia-Palatinado, oeste da Alemanha, o pai de família de 39 anos está totalmente ocupado em colocar o mais rápido possível em ordem a casa para onde se mudaram em 2018.

A água chegou a 1,40 metro, agora tudo está cheio de lama, "como no delta do Amazonas", comenta, com um sorriso. "Ontem, eu ainda achava que a gente ia precisar de dez anos para a arrumação, e hoje já estamos quase a ponto de poder arrancar o contrapiso."

Niklas Aker quase não dormiu, desde a cheia: a vontade de voltar ao normal é grandeFoto: Oliver Pieper/DW

Pequenos milagres

Porão, com calefação, pneus de inverno e ferramentas: totalmente destruído. Móveis, sofá e armários de vitrine no andar térreo: inutilizados. O adorado piano da vovó saiu boiando até tombar meio de lado. Nesses momentos, Niklas fica feliz com as pequenas coisas que, por uma espécie de milagre, conseguiram resistir.

"Quando entramos novamente na casa pela primeira vez, a roupa passada estava seca e limpa em cima do sofá, porque ele tinha boiado, mas sem tombar. Aí, de mãos lavadas, pudemos levá-la para fora." Ou os trabalhos de artesanato da filha, que estavam em cima da lareira e ficaram secos.

O carro da família também sobreviveu a enchente: na tarde da quarta-feira, o corpo de bombeiros tocara à porta, pedindo que todos os moradores levassem seus automóveis para o estacionamento do supermercado, mais ao alto. "A gente ainda pensou: será que eles estão malucos? O sol ainda estava brilhando", recorda o residente. No dia seguinte, o carro do vizinho estava no meio de 40 centímetros de água.

Depois do choque, o ativismo

A um pulo da casa dos Aker, uma tragédia atingiu Sinzig: num lar para portadores de deficiência mental, 12 internos foram surpreendidos no sono pela inundação e não conseguiram se salvar sozinhos. A equipe de resgate chegou tarde demais. O pessoal do lar está totalmente traumatizado com a morte de seus tutelados.

Em contraste, teve sorte o vizinho idoso da família, que mora só: "Primeiro, não conseguíamos encontrá-lo ao telefone, aí à noite ele ligou: 'O que é que houve? Estava na cama e a água me acordou.'" Pouco depois, o serviço nacional de defesa civil THW o salvava de barco.

Nos últimos dias, Niklas Aker quase não dormiu: a paralisia do choque em seguida à enchente deu lugar a um ativismo frenético. Pela manhã, iniciativas privadas já chegavam com garrafas térmicas de chá quente, o THW distribuiu sanduíches, biscoitos e água. Por toda a casa, munidos de botas de borracha e pás na mão, parentes, amigos e colegas ajudam. Um deles é Sarah, natural do lugar.

"Nesses momentos é importante simplesmente estar lá para os amigos. Isso ajuda, a sensação de que todos se importam." Ela até convocou estudantes da Jordânia e Geórgia para darem uma mão. Os voluntários arrancam os carpetes, colocam a cozinha mais ou menos em ordem.

Piano da vovó sobreviveu miraculosamente à cheiaFoto: Oliver Pieper/DW

A hora da política e das seguradoras

"Vamos ficar, sem dúvida, o andar de cima está habitável", assegura Niklas. O plano é começar o mais rápido possível com a demolição das paredes internas e a reconstrução. Mas isso pode demorar: "Já antes da cheia, quase não se encontravam pedreiros. E agora, só aqui na nossa rua, eu diria que umas 50 pessoas estão precisando do mesmo tipo de serviços."

O que vai ser da vida dos Aker e de seus vizinhos em Sinzig depende agora sobretudo das ajudas emergenciais da política e da cobertura pelo seguro. A família, em princípio, tem boas cartas, pois fechou uma apólice contra desastres naturais. E Niklas fotografa minuciosamente todos os danos.

Na vizinhança, porém, já circulam histórias de que as seguradoras vão se esquivar, alegando força maior. Niklas Aker se manifesta: "Meu apelo é que agora não se coloque a burocracia acima dos destinos humanos."

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