Enquanto inundações atingem o norte do país, varrendo ruas e levando carros e casas, no sudoeste o problema são os incêndios, que já devastaram milhares de hectares e deixaram ao menos oito mortos.
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As enchentes que varrem a Turquia próximo ao Mar Negro já deixaram ao menos 31 mortos, informou nesta sexta-feira (13/08) a Agência de Gestão de Catástrofes e de Situações de Emergência (AFAD).
O país vive catástrofes provocadas por dois climas extremos. No norte, as inundações, que levaram casas, pontes e carros e afetaram a infraestrutura de centenas de comunidades - cerca 330 aldeias estão sem energia elétrica.
No sudoeste, o problema são os incêndios florestais, considerados os mais graves da história do país, que já deixaram ao menos oito mortos desde 28 de julho.
Os bombeiros já conseguiram controlar cerca de 275 incêndios. Antalya e Mugla foram algumas das cidades mais atingidas, embora 53 províncias tenham sido afetadas.
As inundações, sobretudo nas províncias de Kastamonu, Bartin e Sinop, foram causadas por chuvas intensas na madrugada de quarta-feira.
"Esta é a pior enchente que já vi", disse o ministro do Interior, Suleyman Soylu.
O nível da água subiu e atingiu até cinco metros em algumas cidades. Ruas viraram rios, que levaram carros e todo o tipo de entulho. Na província de Bartin, ao menos 13 pessoas ficaram feridas no desabamento de uma ponte.
A emissora local NTV mostrou imagens dramáticas de um prédio desabando ao longo de um rio em Kastamonu.
Erdogan visita áreas atingidas
Nesta sexta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cancelou as comemorações do 20º aniversário de seu partido no poder e viajou a Kastamonu para verificar os estragos e se solidarizar com as vítimas.
Pelo menos 4.500 pessoas, 19 helicópteros e 24 barcos trabalham nas operações de busca e resgate. Ao menos 1.700 pessoas tiveram de ser levadas para lugares seguros.
No mês passado, pelo menos seis pessoas morreram em enchentes na província costeira de Rize, que também fica ao longo do Mar Negro.
Muitos cientistas afirmam que o aquecimento global causado pela atividade humana está diretamente relacionado à ocorrência cada vez mais frequente de acontecimentos climáticos extremos.
Vários responsáveis políticos e associações turcas exortaram o governo a tomar medidas radicais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, já que o país não ratificou o acordo de Paris sobre o clima de 2015.
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Quase 70 mil evacuados no Japão
Não só a Turquia vive efeitos do clima extremo, mas também outros países. No Japão, pelo menos uma pessoa morreu, duas seguem desaparecidas e dezenas de milhares foram evacuadas quando níveis "sem precedentes" de chuvas torrenciais atingiram o oeste do país nesta sexta-feira.
As chuvas provocaram um deslizamento de terra na cidade de Unzen, em Nagasaki. Duas casas foram soterradas.
A região mais atingida foi Hiroshima, onde quase 70 mil pessoas foram evacuadas.
A Agência Meteorológica do Japão (JMS, na sigla em inglês) emitiu alertas de risco máximo, já que não há previsão de que as chuvas cessem em breve.
"Emitimos um aviso especial de chuva forte [na cidade de Hiroshima]. Este é um nível de chuva forte que nunca experimentamos antes", disse a JMA em comunicado.
Itália escaldante
Também sob os efeitos do clima extremo, a Itália viu nesta sexta-feira vários incêndios consumirem 11 mil hectares somente na Calábria, provocando quatro mortes.
Nas últimas 24 horas, bombeiros lutam para extinguir 528 focos de fogo na Calábria e na Sicília. O país aguarda a chegada de três aviões franceses para ajudar no controle das chamas.
O fogo queimou centenas de hectares de oliveiras e pomares, matou milhares de animais, destruiu casas e obrigou a retirada de pessoas.
O país registrou 48,8 °C na quarta-feira, temperatura que, se for confirmada pelo serviço meteorológico italiano, será a mais alta da história já registrada em toda a Europa.
No continente, além da Itália e da Turquia, Grécia e Albânia enfrentam graves incêndios, com registro de mortes.
No norte da África, pelo menos 71 pessoas morreram desde segunda-feira devido a incêndios na Argélia.
Fogo na Sibéria
Na Sibéria, chamas devastam a região de Yakutia. Embora incêndios sejam comuns nessa época do ano na região, a cada temporada eles estão mais violentos e queimando com maior intensidade, o que as autoridades meteorológicas russas e ambientalistas vincularam às mudanças climáticas provocadas pelo homem.
Em Yakutia, o fogo já consumiu 9,4 milhões de hectares, uma área maior do que a de Portugal.
A poluição atmosférica provocada pelo fogo cobriu diversas cidades da região e o dia foi declarado "não útil" em diversas localidades, devido aos riscos para a saúde de sair na rua.
le (lusa, dpa, afp, ap, reuters)
O poder de destruição da natureza
Água, vento, fogo ou gelo: grandes desastres naturais causam mortes por todo mundo, afetando a vida de milhões de pessoas. Confira algumas das catástrofes naturais registradas no último século.
Foto: Getty Images/AFP/J. Barret
Enchente na China em 1931 pode ter matado até 4 milhões de pessoas
Em 1931, a cheia dos rios Amarelo, Pérolas, Yangtzé e Huai devastou parte da China. A enchente, que durou de julho a novembro, inundou mais de 88 mil km² e deixou outros 21 mil km² parcialmente inundados. Não há registro exato do número de mortos, mas estima-se que de 1 milhão a 4 milhões de pessoas morreram em decorrência da tragédia e de seus efeitos secundários, como a fome.
Foto: picture-alliance/AP Images
Por falta de aviso à população, ciclone mata pelo menos 300 mil em Bangladesh
Em novembro de 1970, o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) esteve no caminho do ciclone Bhola. Meteorologistas disseram ter previsto a tempestade, mas que não havia meios de comunicar o risco à população. Como resultado, ao menos 300 mil pessoas morreram – algumas estimativas chegam a meio milhão de mortes. Em 1991, Bangladesh foi atingido por outro ciclone, que deixou cerca de 138 mil mortos.
Foto: Getty Images
Terremoto acaba com cidade na China
A cidade industrial de Tangshan, na China, foi arrasada por um terremoto de magnitude 7,6 em 28 de julho de 1976. Em minutos, a cidade praticamente deixou de existir, com o colapso da maioria dos prédios. O abalo sísmico matou 242 mil pessoas, segundo o governo chinês – o recorde entre os terremotos ocorridos no século 20.
Foto: Imago/Xinhua
Erupção riscou cidade colombiana do mapa
O vulcão Nevado del Ruiz, na Cordilheira dos Andes, riscou do mapa a cidade de Armero, em 13 de novembro de 1985, na Colômbia. Uma erupção provocou um degelo, formando uma avalanche de lama e cinza vulcânica que atingiu um raio de 100 km, matando mais de 23 mil pessoas, entre elas, Omayra Sánchez, de 12 anos, que agonizou por 60 horas em frente às lentes do mundo todo sem possibilidade de resgate.
Foto: AP
Diretor de cinema e equipe soterrados por avalanche
Uma avalanche acima do povoado de Nizhny Karmadon, na Rússia, deixou 127 mortos em 20 de setembro de 2002 – entre eles o ator e diretor russo Serguei Bodrov Jr. e a equipe de 24 pessoas que filmavam no local no momento do desastre. Acredita-se que a tragédia tenha sido causada por um pedaço de uma geleira que se soltou das montanhas do Cáucaso e rolou em direção ao vilarejo.
Foto: AP
Mais de 230 mil mortes um dia depois do Natal
Em 26 de dezembro de 2004, um maremoto no Oceano Índico com intensidade 9.1 na escala Richter causou ondas de até 30 metros de altura, que devastaram regiões de 13 países, deixando quase dois milhões de desabrigados e ao menos 230 mil mortos. Somente na província indonésia de Acé morreram 170 mil pessoas.
Foto: Pornchai Kittiwongsakul/AFP/Getty Images
Furacão rompe barragens e deixa cidade debaixo da água nos EUA
Um dos furacões mais conhecidos da história dos Estados Unidos teve efeitos devastadores em Nova Orleans, na Luisiana. Ocorrido em 2005, o Katrina matou cerca de 1.800 pessoas, fez com que 250 mil perdessem suas casas e provocou danos estimados em cerca de 108 bilhões de dólares. Barragens se romperam, deixando 80% da cidade debaixo da água e arrancando até mesmo caixões das sepulturas.
Foto: AP
Ciclone devasta Myanmar e deixa pelo menos 140 mil mortos
O ciclone Nargis afetou, entre outros países, Índia, Sri Lanka, Laos, Bangladesh e, principalmente, Myanmar com sua fúria de categoria 4, em 2 de maio de 2008. Estatísticas apontam que 140 mil pessoas morreram, mas o número real pode ser próximo de um milhão de vítimas.
Foto: IFRC/dpa/picture alliance
Um terço da população afetada por terremoto no Haiti
Não bastasse ser o país mais pobre da América, em 12 de janeiro de 2010 um terremoto de magnitude 7 na escala Richter destruiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, deixando cerca de 220 mil mortos e 1 milhão de desabrigados. Entre as vítimas estava a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Estima-se que 3 milhões de pessoas, quase um terço da população, tenham sido afetadas.
Foto: C. Somodevilla/Getty Images
Enxurrada e deslizamentos matam mais de 900 no Rio de Janeiro
O Brasil não costuma ser assolado por desastres naturais como terremotos e tsunamis. Porém, entre 11 e 12 de janeiro de 2011, uma sequência de chuvas fortes atingiu a região serrana do Rio de Janeiro, causando uma grande enxurrada e vários deslizamentos de terra, com soterramento de casas. O desastre provocou mais de 900 mortes em sete cidades e afetou mais de 300 mil pessoas.
Foto: AP
Tsunami provoca derretimento de reatores e acidente nuclear no Japão
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami causou danos devastadores no Japão. A catástrofe matou pelo menos 16 mil pessoas. Na usina nuclear de Fukushima, os núcleos de três dos seis reatores derreteram, causando o pior acidente atômico desde Chernobyl, em 1986. O tsunami fez com que quase 300 espécies marinhas viajassem através do Pacífico até o litoral dos EUA.
Foto: AP
Dezenas de mortos cercados pelo fogo em estrada de Portugal
Uma onda de calor causou vários incêndios em Portugal em junho de 2017. Ao menos 61 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em um deles, que atingiu a vila de Pedrógão Grande. Corpos de 30 pessoas foram encontrados dentro de veículos, em uma estrada que foi cercada pelo fogo. Mais de 800 bombeiros trabalharam para extinguir as chamas, com a ajuda de cinco aviões.
Foto: Reuters/R. Marchante
Onda de calor deixa 70 mil mortos na Europa
Embora os brasileiros estejam acostumas e preparados para temperaturas que frequentemente chegam a 40°C, a Europa não costumava, até alguns anos, enfrentar esse tipo de problema. Mas uma onda de calor atingiu o continente no verão de 2003, provocando a morte de cerca de 70 mil pessoas – na Alemanha foram 7 mil mortes. Na foto acima, o rio Reno em Düsseldorf.