Pesquisadores descobrem, em escavações na Geórgia, vestígios de vinificação em barricas de cerâmica do período Neolítico. Material coletado tem pelo menos oito mil anos.
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Cientistas encontraram a mais antiga evidência da produção de vinho: oito mil anos atrás, no que é hoje território da Geórgia, segundo estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), na segunda-feira (13/11).
A descoberta, de acordo com os pesquisadores, coloca a origem da prática de produzir vinho no período Neolítico, em torno de 6 mil a.C. – entre 600 e mil anos antes da data previamente aceita.
Os pesquisadores – provenientes de França, Itália, Dinamarca, Israel, Canadá, EUA e Geórgia – analisaram compostos químicos encontrados em barricas de cerâmica em dois sítios arqueológicos – Gadachrili Gora e Shulaveris Gora – cerca de 50 quilômetros ao sul de Tbilisi.
O relatório diz que a equipe usou uma combinação das mais recentes técnicas de espectrometria de massa e cromatografia, e a análise "confirmou a presença de ácido tartárico, composto característico para uva e vinho".
"Acreditamos que este é o exemplo mais antigo da domesticação de uma videira euroasiática de crescimento selvagem unicamente para a produção de vinho", diz Stephen Batiuk, coautor do estudo e pesquisador associado da Universidade de Toronto.
As escavações foram patrocinadas pela Associação do Vinho da Geórgia e pela Agência Nacional do Vinho do Ministério da Agricultura da Geórgia, de acordo com dados divulgados pela Universidade de Toronto.
Antes deste estudo, a evidência mais antiga de produção de vinho feito de uvas veio de uma descoberta de potes de cerâmica, que remontam a entre cerca de 5.400 e 5 mil a.C., nas montanhas de Zagros, localizadas no que atualmente é o Irã.
No entanto, o indício mais antigo de vinificação data de cerca de 9 mil anos atrás na China, mas estima-se ter sido feito a base de arroz. "O vinho é central para a civilização como a conhecemos no Ocidente", afirma Batiuk. A domesticação da uva, com o tempo, "acabou levando ao surgimento de uma cultura do vinho na região".
"Como um remédio, lubrificante social, substância que altera a mente e mercadoria altamente valorizada, o vinho se tornou o foco de cultos religiosos, farmacopeias, cozinhas, economias e da sociedade no antigo Oriente Médio", conclui Batiuk.
PV/rtr/afp
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