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Energias renováveis para 1 bilhão de pessoas

gh4 de junho de 2004

Renewables aprova programa de 165 ações voluntárias para ampliar uso de fontes energéticas regenerativas. Países em desenvolvimento destacam-se na conferência de Bonn.

Conferência reconheceu energia hidrelétrica como renovávelFoto: AP

Representantes de 154 países aprovaram por unanimidade um amplo pacote de medidas para fomentar o uso de novas fontes energéticas em detrimento do petróleo, no final da Conferência Internacional para Energias Renováveis, nesta sexta-feira (04/06) em Bonn. Um plano de 165 ações voluntárias, a ser supervisionado pelas Nações Unidas, deve ampliar o uso global do vento, da luz solar, água, biomassas e o calor natural do centro da Terra. Isso deve garantir o acesso à eletricidade para mais um bilhão de pessoas.

Para o governo alemão, que acertou em cheio ao propor a realização da Renováveis na cúpula do meio ambiente de 2002 em Johannesburgo, o encontro foi um sucesso. "A mensagem de Bonn é: ações em vez de palavras", disse o ministro do Meio Ambiente, Jürgen Trittin. Ele acredita que o plano de ação aprovado na ex-capital alemã vai permitir uma redução de 1,2 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2) no ano 2015. "Isso é mais do que as emissões produzidas hoje pelo Japão", comparou.

A ministra para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento Econômico, Heidemarie Wieczorek Zeul, declarou que "começou um nova era energética. Formamos uma aliança para um futuro energético sustentado", disse. A declaração de Bonn propõe um aumento do uso de energias renováveis, sobretudo nos países em desenvolvimento.

Água é renovável

O Brasil pode ver com certo alívio o fim da Renewables. Contrariando a opinião de alguns movimentos ecológicos brasileiros, a energia hidrelétrica foi considerada renovável nos documentos finais de Bonn. Além disso, a delegação brasileira destacou-se ao afirmar que 41% da energia consumida no país já é regenerativa, bem como ao apresentar o programa do etanol. Segundo a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, o país vai diversificar ainda mais sua matriz energética, com a compra de 3300 megawatts de energia eólica, de biomassas e de pequenas centrais hidrelétricas.

Os movimentos ecológicos alemães não vêem motivos para euforia diante dos resultados da Renováveis 2004. Para o Fundo de Proteção à Natureza (WWF alemão), "foi apenas um raio de luz em termos de política energética". Para o Greenpace, a conferência trouxe só "um pequeno avanço em termos de proteção do clima. Não foi possível definir o quadro político necessário para fomentar novas fontes de energia".

Panacéia

Em parte, as energias renováveis foram apresentadas como panacéia para os mais diversos problemas em Bonn: elas devem reduzir as caras importações de petróleo, levar luz elétrica a regiões distantes e gerar novos empregos. No entanto, o argumento mais convincente para substituir o petróleo e o carvão pelo vento, o sol e a biomassa ainda parece ser a proteção do clima. "Só assim será possível reduzir as emissões de CO2, conforme previsto no Protocolo de Kyoto", afirmou o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder.

A Alemanha destacou-se como mentora e organizadora da Renewables. Além disso, apresentou novos projetos e tecnologia de ponta no campo da energia verde, bem como fechou vários acordos bilateriais. O sinal de Bonn foi claro: as fontes alternativas precisam de kwow-how, mas de também de subsídios, como foi – e em parte ainda é – o caso das energias fósseis. O atual governo alemão parecer estar disposto a apostar no "novo futuro energético".

Não é o que se pode dizer da União Européia como um todo. A UE fechou mais de uma dúzia de acordos de cooperação internacional, mas não conseguiu definir uma nova meta interna para mudar sua matriz energética. Ficou sentada em cima de seu modesto objetivo, de aumentar para 12% a participação da "energia verde" até 2010. A boa surpresa foram os "ventos do sul", ou seja, os programas de países como Brasil, China, Filipinas, República Dominicana e Egito de ampliarem seus ambiciosos programas de "energia soft".

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