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Enfermeiro alemão admite ter matado 100 pacientes

30 de outubro de 2018

Niels H. é acusado de injetar medicação cardiovascular nas vítimas para impressionar colegas com reanimações. Ele já cumpre pena de prisão perpétua por outras mortes, e julgamento visa trazer explicações para familiares.

Niels H. esconde o rosto ao chegar a tribunal
Niels H. esconde o rosto ao chegar ao tribunal Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

O enfermeiro alemão Niels H., acusado de ter matado 100 pacientes, confessou nesta terça-feira (30/10) as mortes, durante o primeiro dia do julgamento do caso, em Oldenburg, no noroeste da Alemanha. O réu já cumpre pena de prisão perpétua pelo assassinato de seis pacientes em hospitais onde trabalhava.

No início do julgamento, o juiz Sebastian Bührmann perguntou a Niels se as acusações sobre os 100 assassinatos são verdadeiras. "Sim", respondeu o enfermeiro, de 41 anos.

Niels é acusado de ter assassinado 100 pacientes entre 2000 e 2005 em hospitais nas cidades de Oldenburg e Delmenhorst, no norte da Alemanha. Segundo a promotora Daniela Schiereck-Bohlmann, o acusado agiu por motivos fúteis e maliciosos.

Niels teria injetado em pacientes uma medicação que desencadeou complicações que levaram às mortes. Além de tentar impressionar colegas de trabalho ao reanimar os pacientes após aplicar as injeções, o enfermeiro recorria ao "truque” quando estava entediado.

Durante a sessão, Niels afirmou que se tornou enfermeiro para seguir a profissão do pai e da avó. Desde que começou a trabalhar na unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital em Oldenburg, sentiu muita pressão e passou a fazer uso de medicamentos contra a dor. Em 1999, após sua então namorada terminar o relacionamento, ele cometeu o primeiro assassinato.

Colegas de Niels reconheceram que a quantidade de reanimações realizadas pelo enfermeiro era suspeita, mas nunca o denunciaram. Durante o inquérito, policiais criticaram a falta de ação de autoridades sanitárias locais, quando veio à tona que a taxa de mortalidade na UTI do hospital de Delmenhorst quase dobrou, enquanto Niels trabalhava lá.

O enfermeiro tornou-se um dos mais prolíficos serial killers da história criminal da Alemanha. No início da sessão, Bührmann pediu um minuto de silêncio em homenagens às vítimas. "Vamos nos empenhar e buscar a verdade com todas as forças", disse o juiz.

Primeira condenação

Niels foi condenado à prisão perpétua em 2015 por injetar em pacientes de hospitais nas cidades de Oldenburg e Delmenhorst a medicação cardiovascular. 

Naquele ano, Niels H. foi considerado culpado em seis acusações de assassinato, duas acusações de tentativa de homicídio e uma denúncia de agressão, após seu "truque" não funcionar.

Durante o julgamento em 2015, Niels disse que provocou intencionalmente crises cardíacas em pacientes porque gostava da sensação de podê-las trazer de volta à vida e admitiu surpreendentemente ter matado 30 pessoas. Mais tarde, contou aos investigadores que também tinha agido da mesma forma em Oldenburg.

Somente depois de mais de dez anos de investigação, as autoridades conseguiram dimensionar a quantidade de assassinatos cometidos pelo enfermeiro. No inquérito, mais de 130 corpos foram exumados em busca de traços da medicação aplicada por Niels. Como algumas das possíveis vítimas foram cremadas, nunca será possível esclarecer completamente o caso.

Como Niels já foi condenado à prisão perpétua, não é possível aumentar mais a pena. Segundo Bührmann, o atual julgamento tem como objetivo esclarecer os crimes para os familiares das vítimas. O processo judicial tem previsão de ser concluído em meados de maio do próximo ano.

CN/dpa/epd/afp/ots

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