Engenheiro da VW é condenado em escândalo de emissões
25 de agosto de 2017
Justiça americana sentencia James Liang a 40 meses de prisão e multa de 200 mil dólares por seu papel na manipulação dos motores a diesel em veículos da montadora alemã. Funcionário foi o primeiro a se declarar culpado.
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O engenheiro James Liang, da Volkswagen, foi condenado nesta sexta-feira (25/08) pela Justiça dos Estados Unidos a 40 meses de prisão e ao pagamento de uma multa no valor de 200 mil dólares por seu papel no escândalo de emissões envolvendo manipulações ilegais por parte da empresa alemã.
Em 2015, a montadora reconheceu ter equipado milhões de veículos com um dispositivo que os fazia parecer menos poluentes, permitindo à Volkswagen contornar as leis americanas antipoluição.
Liang, de 63 anos, sabia que a empresa estava cometendo fraudes e agiu para encobri-las, declarou o juiz Sean Cox durante audiência no tribunal de Detroit, no estado de Michigan, nesta sexta-feira.
"Tal conspiração perpetrou uma fraude maciça e impressionante contra o consumidor americano, atacando e destruindo a base do nosso sistema econômico", acrescentou o magistrado.
O engenheiro, que corre o risco de ser deportado para a Alemanha quando for libertado da prisão, se recusou a se pronunciar sobre a pena, que foi além da solicitada pelos procuradores – a acusação havia sugerido 36 meses de prisão e multa de 20 mil dólares.
Segundo os procuradores, Liang tinha conhecimento sobre o uso do dispositivo em cerca de 600 mil veículos a diesel a fim de burlar as leis antipoluição nos EUA.
O advogado de Liang negou que seu cliente seja "ganancioso ou imoral", mas apenas seguia ordens para manter seu emprego e sustentar sua família. "O que aconteceu aqui foi errado", disse o advogado Daniel Nixon, "mas não foi ele quem arquitetou [a fraude]", defendeu.
Em setembro do ano passado, o engenheiro declarou-se culpado perante o tribunal de Detroit e aceitou cooperar com as autoridades que investigam o caso Volkswagen. A defesa havia pedido ao juiz que considerasse uma pena de liberdade condicional e 1,5 mil horas de serviço comunitário.
Liang trabalhou de 1983 a 2008 em Wolfsburg, na Alemanha, onde fica a sede da Volkswagen. Depois, foi transferido para os EUA, especificamente para a Califórnia, para integrar a equipe destinada a preparar e testar os veículos com motor a diesel que o grupo pretendia comercializar em território americano. Foi essa equipe que deu garantias de conformidade dos referidos veículos.
O engenheiro é um dos dois funcionários da Volkswagen que se declararam culpados. O segundo foi o executivo Oliver Schmidt, de 48 anos, encarregado de assegurar que a produção da montadora estava de acordo com as regulamentações ambientais americanas. Acusado de conspiração para defraudar as autoridades, ele deve ter conhecimento de sua sentença em dezembro deste ano.
A própria empresa alemã admitiu culpa pela conspiração perante o tribunal de Detroit em março passado, fechando um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que envolve o pagamento de multas no valor de 4,3 bilhões de dólares.
EK/ap/dpa/efe/dw
Dez coisas que você talvez não saiba sobre a VW
Abalada por recente escândalo de manipulação de emissões, Volkswagen reúne uma série de fatos curiosos em sua trajetória – de Adolf Hitler ao Fusca e aos lucros bilionários.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Wagner
Carro popular
Você sabia que Volkswagen (carro popular, em alemão) foi uma ideia de Adolf Hitler, desenvolvida por Ferdinand Porsche, fundador da marca homônima? Em 1938, Hitler chegou a construir uma cidade inteira para abrigar a fábrica e seus trabalhadores nas proximidades de Fallersleben, no estado da Baixa Saxônia. Em 1945, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg, onde até hoje se situa a sede da Volks.
Foto: DW/J. Dumalaon
Sucesso mundial
Conhecido na Alemanha como "Käfer" (besouro), o Fusca liderou durante muito tempo a lista dos carros mais vendidos no século 20. Antes de a produção ter sido encerrada em 2003, mais de 21,5 milhões de Fuscas foram vendidos no mundo todo.
Foto: DW/E. Schuhmann
As muitas faces da Volks
A empresa percorreu um longo caminho desde a década de 1930. Atualmente, o Grupo Volkswagen engloba 12 marcas. Os carros da Audi, Bentley, Lamborghini, Porsche e Skoda estão entre as mais comercializadas, respondendo por 37% das vendas de 2014.
Foto: Audi AG
Domínio de mercado
Hoje, a Volkswagen realmente faz jus ao nome "carro popular". Mais de um em cada três carros vendidos na Alemanha é do Grupo Volks, com a montadora detendo uma parcela de 36% do mercado alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Um em cada dez
Mundialmente, mais de 10% de todos os carros vendidos no ano passado levava o símbolo de uma das marcas do Grupo Volkswagen. A companhia vendeu mais de 10,2 milhões de veículos em 2014. Por volta de 70% desse total foi comercializado fora da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Z. Junxiang
EUA: mercado difícil
O cobiçado mercado americano tem mostrado ser uma "pedra no sapato" da montadora alemã. Apenas 6% dos carros produzidos mundialmente pela companhia, por volta de 600 mil, foram vendidos nos EUA no ano passado. Apesar de investimentos imensos, a parcela da Volks nesse disputado mercado gira em torno de 2%, muito atrás de concorrentes como GM, Ford e Toyota.
Foto: picture-alliance/dpa
Primeira posição em jogo?
Em julho, a Volks ultrapassou a Toyota como a maior vendedora de carros do mundo. A montadora alemã também lidera o ranking das montadoras em termos de receitas. Em 2014, a companhia registrou um volume de vendas de 202,5 bilhões de euros. Descontados os impostos, o lucro foi de 11,1 bilhões de euros. Mas, depois do escândalo de emissões, analista alertam para o risco de perda da "pole position".
Foto: picture-alliance/dpa
Empregador global
Até 31 de dezembro de 2014, o grupo empregava aproximadamente 600 mil trabalhadores, tornando-se assim um dos maiores empregadores em todo o mundo. Desses, mais de um terço, cerca de 270 mil empregados, trabalha na Alemanha.
Foto: picture alliance/dpa
Maior indústria alemã
A indústria automobilística é o maior setor da economia alemã, sendo impulsionada pelas chamadas "três grandes": Daimler, BMW e Volks. A indústria emprega cerca de 800 mil trabalhadores, quase 2% da força de trabalho alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Sucesso de exportação
A receita total da indústria automotiva alemã chegou a quase 370 bilhões de euros no ano passado. O setor respondeu por quase um quinto das exportações do país e cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.