Engenheiro da VW se declara culpado em escândalo de emissões
10 de setembro de 2016
Para evitar julgamento e buscar uma pena mais branda, James Liang admite culpa na manipulação dos motores a diesel em veículos da montadora alemã. Ele é a primeira pessoa acusada no âmbito deste caso.
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O engenheiro James Liang foi acusado nos Estados Unidos de estar diretamente envolvido no desenvolvimento de um dispositivo que permitiu ao Grupo Volkswagen contornar as leis americanas antipoluição, indicou o Departamento de Justiça dos EUA nesta sexta-feira (09/09).
James Liang declarou-se culpado perante a um juiz do tribunal de Detroit, no estado de Michigan, para evitar julgamento. Em troca, o engenheiro cooperará com as autoridades que estão realizando as investigações do caso Volkswagen.
Liang pode ser condenado a uma pena máxima de cinco anos de prisão e a uma multa de até 250 mil dólares. No entanto, a decisão de reconhecer culpa no escândalo deve atenuar a pena. Ele é a primeira pessoa acusada no âmbito deste caso.
Liang trabalhou de 1983 a 2008 em Wolfsburg, na Alemanha, onde fica a sede da Volkswagen, de acordo com documentos judiciais. Depois, ele foi transferido para os EUA, especificamente para a Califórnia, para integrar a equipa da VW destinada a preparar e testar os veículos com motor a diesel que o grupo pretendia comercializar em território americano. Foi essa equipa que deu garantias de conformidade dos referidos veículos com as normas americanas sobre poluição, segundo os documentos.
"Quando trabalhava no projeto dos motores a diesel [James] Liang fez parte de uma equipe de engenheiros que desenvolveu o motor +EA 189+ concebido para estar de acordo com as novas regras americanas em relação às emissões", segundo a acusação.
Em setembro de 2015, a Volkswagen admitiu ter manipulado cerca de 11 milhões de veículos em todo o mundo para manipular os dados sobre emissões de gases poluentes. A montadora já concordou em pagar 14,7 bilhões de euros em compensações, mas os promotores americanos seguem com suas investigações criminais sobre o escândalo automobilístico.
PV/lusa/rtr/ap/afp
Dez coisas que você talvez não saiba sobre a VW
Abalada por recente escândalo de manipulação de emissões, Volkswagen reúne uma série de fatos curiosos em sua trajetória – de Adolf Hitler ao Fusca e aos lucros bilionários.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Wagner
Carro popular
Você sabia que Volkswagen (carro popular, em alemão) foi uma ideia de Adolf Hitler, desenvolvida por Ferdinand Porsche, fundador da marca homônima? Em 1938, Hitler chegou a construir uma cidade inteira para abrigar a fábrica e seus trabalhadores nas proximidades de Fallersleben, no estado da Baixa Saxônia. Em 1945, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg, onde até hoje se situa a sede da Volks.
Foto: DW/J. Dumalaon
Sucesso mundial
Conhecido na Alemanha como "Käfer" (besouro), o Fusca liderou durante muito tempo a lista dos carros mais vendidos no século 20. Antes de a produção ter sido encerrada em 2003, mais de 21,5 milhões de Fuscas foram vendidos no mundo todo.
Foto: DW/E. Schuhmann
As muitas faces da Volks
A empresa percorreu um longo caminho desde a década de 1930. Atualmente, o Grupo Volkswagen engloba 12 marcas. Os carros da Audi, Bentley, Lamborghini, Porsche e Skoda estão entre as mais comercializadas, respondendo por 37% das vendas de 2014.
Foto: Audi AG
Domínio de mercado
Hoje, a Volkswagen realmente faz jus ao nome "carro popular". Mais de um em cada três carros vendidos na Alemanha é do Grupo Volks, com a montadora detendo uma parcela de 36% do mercado alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Um em cada dez
Mundialmente, mais de 10% de todos os carros vendidos no ano passado levava o símbolo de uma das marcas do Grupo Volkswagen. A companhia vendeu mais de 10,2 milhões de veículos em 2014. Por volta de 70% desse total foi comercializado fora da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Z. Junxiang
EUA: mercado difícil
O cobiçado mercado americano tem mostrado ser uma "pedra no sapato" da montadora alemã. Apenas 6% dos carros produzidos mundialmente pela companhia, por volta de 600 mil, foram vendidos nos EUA no ano passado. Apesar de investimentos imensos, a parcela da Volks nesse disputado mercado gira em torno de 2%, muito atrás de concorrentes como GM, Ford e Toyota.
Foto: picture-alliance/dpa
Primeira posição em jogo?
Em julho, a Volks ultrapassou a Toyota como a maior vendedora de carros do mundo. A montadora alemã também lidera o ranking das montadoras em termos de receitas. Em 2014, a companhia registrou um volume de vendas de 202,5 bilhões de euros. Descontados os impostos, o lucro foi de 11,1 bilhões de euros. Mas, depois do escândalo de emissões, analista alertam para o risco de perda da "pole position".
Foto: picture-alliance/dpa
Empregador global
Até 31 de dezembro de 2014, o grupo empregava aproximadamente 600 mil trabalhadores, tornando-se assim um dos maiores empregadores em todo o mundo. Desses, mais de um terço, cerca de 270 mil empregados, trabalha na Alemanha.
Foto: picture alliance/dpa
Maior indústria alemã
A indústria automobilística é o maior setor da economia alemã, sendo impulsionada pelas chamadas "três grandes": Daimler, BMW e Volks. A indústria emprega cerca de 800 mil trabalhadores, quase 2% da força de trabalho alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Sucesso de exportação
A receita total da indústria automotiva alemã chegou a quase 370 bilhões de euros no ano passado. O setor respondeu por quase um quinto das exportações do país e cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.