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Biden planeja transição, e Trump evita reconhecer derrota

8 de novembro de 2020

Um dia após ser declarado presidente eleito, democrata anuncia equipe para cuidar da transição de governo. Por sua vez, o presidente republicano joga golfe e volta a falar em "eleição roubada" e fraudes na contagem.

Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos
Biden lançou um site para definir linhas gerais do governo, em que ele prometeu trabalhar a partir desta segunda-feiraFoto: Angela Weiss/AFP/Getty Images

Enquanto o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, começa a traçar sua transição para a Casa Branca, o atual presidente, Donald Trump, ainda se recusa a reconhecer a derrota.

"Desde quando a mídia 'lamestream' [junção das palavras tradicional e estúpido, em inglês] diz quem será nosso próximo presidente?", tuitou Trump neste domingo (08/11), um dia após projeções da imprensa americana apontarem Biden como o vencedor da acirrada eleição presidencial.

O democrata, enquanto isso, anunciou neste domingo o lançamento de uma equipe de transição de governo, que, segundo ele, vai se concentrar em desafios como a pandemia do coronavírus, a economia prejudicada, a desigualdade racial e as mudanças climáticas.

Apenas um dia após seu discurso de vitória, Biden e a sua vice na chapa do Partido Democrata, Kamala Harris, afirmaram que já estão trabalhando para enfrentar as demandas mais urgentes nos EUA. Entre elas, citaram "proteger e preservar a saúde da nação, renovar as oportunidades de sucesso, promover a igualdade racial e combater a crise climática".

A campanha de Biden lançou uma série de contas em redes sociais e um site para definir suas linhas gerais, em que ele prometeu trabalhar a partir desta segunda-feira.

Não está claro, entretanto, se as várias equipes do democrata terão acesso às principais agências federais para uma transição coordenada, uma vez que Trump não reconheceu a derrota e continua denunciando, sem provas, fraudes no pleito.

Trump em seu clube de golfe em Sterling, na VirgíniaFoto: Al Drago/Getty Images

A recusa do presidente em parabenizar Biden foi apoiada por alguns políticos republicanos mais próximos.

O deputado Kevin McCarthy e o senador Lindsey Graham, importante aliado de Trump, disseram que o mandatário não deveria reconhecer a derrota enquanto suas ações na Justiça e pedidos de recontagem dos votos em alguns estados continuarem pendentes.

O advogado de Trump, Rudy Giuliani, que não apresentou qualquer evidência material de fraude, disse neste domingo que a campanha republicana continuará a entrar com processos na Justiça, especialmente na Pensilvânia, onde a vantagem de Biden aumentou para mais de 40 mil votos, enquanto as cédulas ainda estão sendo contadas.

Apesar de uma enxurrada de processos judiciais nesse sentido, o presidente não venceu qualquer caso importante até agora, e não há qualquer indicação de fraude eleitoral generalizada, à qual Trump atribui sua declaração de derrota pelos principais veículos da imprensa.

A campanha do presidente solicitou uma recontagem em Wisconsin, que está dentro de seu direito legal se a margem de vitória de Biden for de 1% ou menos. Uma recontagem também é provável na Geórgia, onde o democrata lidera por cerca de 10 mil votos, e na Pensilvânia.

De qualquer forma, as vantagens de Biden parecem ser largas demais para que uma recontagem mude os resultados de forma favorável para Trump.

O ex-vice-presidente democrata foi declarado vencedor da eleição de 3 de novembro neste sábado, depois de projeções apontarem sua vitória nos estados de Nevada e Pensilvânia, empurrando-o para bem além dos 270 votos no Colégio Eleitoral necessários para ganhar o pleito.

Enquanto Trump se recusa a reconhecer a derrota, desafetos republicanos do presidente parabenizaram Biden, incluindo Mitt Romney, Jeb Bush e a viúva do ex-senador John McCain. O ex-presidente republicano George W. Bush também se pronunciou neste domingo.

"O povo americano pode ter confiança de que esta eleição foi fundamentalmente justa, sua integridade será mantida, e seu resultado é claro", afirmou Bush.

Com isso, todos os ex-presidentes vivos dos Estados Unidos se mostraram contrários às alegações de fraude de Trump, o que é visto por alguns como sinal importante da legitimidade de Biden.

Boa parte do mundo – incluindo líderes de Alemanha, França, Índia e até mesmo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aliado de Trump – também já reconheceu o democrata como presidente eleito. Já Brasil e México permanecem em silêncio.

Neste domingo, Biden passou seu primeiro dia como presidente eleito indo a uma igreja em Delaware, seu reduto político, e visitando o cemitério onde estão enterrados sua primeira mulher, Neilia Hunter, e sua filha Naomi, que morreram num acidente de carro, e Beau, filho de Biden que morreu de câncer.

Trump, por sua vez, passou o segundo dia consecutivo em seu clube de golfe na Virgínia. Mas o lazer não impediu que ele publicasse uma enxurrada de mensagens no Twitter fazendo alegações de fraude eleitoral, falando em "eleição roubada" e acusando a imprensa de indevidamente decidir o próximo presidente.

Historicamente, uma vez que a mídia projeta o resultado final, após algumas horas o derrotado geralmente telefona para o candidato vitorioso para parabenizá-lo. Entretanto, o atual presidente parece não planejar seguir a tradição.

EK/ap/dpa/efe/rtr