Entenda a operação contra Mauro Cid que prendeu ex-ministro
13 de junho de 2025
Ex-titular do Turismo, Gilson Machado é acusado de articular emissão de passaporte português para Cid. Ex-assessor de Bolsonaro é delator e réu na ação que apura trama golpista e não pode deixar o país.
Cid é considerado peça-chave na ação penal que julga trama golpistaFoto: Ton Molina/STF
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A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (13/06) o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, após encontrar indícios de que ele tentou obter um passaporte português para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
A investigação foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que viu risco de fuga de Cid. O tenente-coronel é réu e delator na ação penal que apura a participação de Bolsonaro e auxiliares em uma tentativa de golpe de Estado e, por isso, está proibido de deixar o país.
O STF chegou a emitir um mandado de prisão contra Cid, mas revogou a ordem antes de ele ser preso. O tenente-coronel foi apenas conduzido à PF para depor sobre a suposta tentativa de obter um passaporte português e deixar o país. Os agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão contra Cid e Gilson Machado.
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Entenda a operação da PF contra Cid
A operação acontece após representação enviada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, na última terça-feira. Na ocasião, Gonet avaliou que Cid poderia tentar fugir do país após seus familiares terem deixado o Brasil. Os pais, a esposa e filhas do tenente-coronel foram aos EUA no final de maio e não retornaram.
Conforme apontou o portal G1, na representação, Gonet indicou que a ausência de registros de saída do Brasil de uma das filhas de Cid levantou suspeitas.
A PF ainda afirma que, em 12 de maio deste ano, o ex-ministro Gilson Machado teria tentado viabilizar a emissão de um passaporte português para Cid junto ao Consulado de Portugal em Recife.
No começo desta semana, quando o pedido da PGR foi protocolado, Machado afirmou que procurou o consulado apenas para auxiliar a renovação do passaporte do seu pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães.
Após ser preso, Machado disse à imprensa que apenas pediu um passaporte para seu pai. "O meu pai tem 85 anos. No outro dia ele foi lá no consulado, juntamente com meu irmão. Se ele não recebeu, ele está para receber a renovação do passaporte português dele", afirmou.
A defesa do militar também nega uma articulação para obter passaporte estrangeiro.
Moraes já questionou Cid sobre documento português
Em fevereiro, o ministro do STF, Alexandre de Moraes já havia questionado a defesa do tenente-coronel sobre um pedido feito por ele para obter um documento de identidade português.
Segundo os advogados, Cid solicitou a cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023, três dias depois do ataque à Praça dos Três Poderes. A esposa e filhas do tenente-coronel já possuíam a dupla cidadania na ocasião.
A defesa também defendeu que o documento de identidade não poderia ser usado para deixar o país, e que Cid não possui passaporte português.
Gilson Machado, à direita de Bolsonaro, é apoiador do ex-presidenteFoto: Instagram/@GILSONMACHADONETO/REUTERS
Quem é Gilson Machado
Gilson Machado foi ministro do Turismo do governo Bolsonaro entre dezembro de 2020 e março de 2022. Também foi presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e secretário de Ecoturismo e Cidadania Ambiental do Ministério de Meio Ambiente.
Ele ganhou destaque por aparecer em lives do ex-presidente tocando uma sanfona. Machado era considerado um aliado próximo de Bolsonaro e chegou a ser citado por Cid como integrante da ala mais radical do bolsonarismo, que ampliava pedidos por um golpe de Estado.
Além de ser investigado por supostamente articular um passaporte para Cid, Machado também é alvo da PF por pedir doações via Pix a Bolsonaro em maio deste ano.
O papel de Cid na investigação
O tenente-coronel é considerado uma peça-chave na ação penal da trama golpista. Em delações ao STF e à PF, Cid aponta a ação de Bolsonaro e aliados para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.
Ele cita, por exemplo, a produção de uma minuta golpista, a organização dos acampamentos em Brasília que culminaram nos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, e as reuniões que discutiam a tentativa de assassinato do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, de Lula e outras autoridades.
Ouvido pelo STF em julgamento, Cid confirmou que Bolsonaro revisou a minuta do golpeFoto: Gustavo Moreno/STF
Sua delação também subsidia outras investigações contra o ex-presidente, como a que apura fraude nos cartões de vacinação da covid-19 dele e de familiares, bem como a venda de joias e relógios entregues à Presidência por autoridades estrangeiras.
Em setembro de 2024, Moraes homologou seu acordo de delação e concedeu liberdade provisória ao ex-assessor de Bolsonaro. Ele teve o passaporte apreendido e foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Em mais de uma ocasião, Cid foi questionado por Moraes por supostamente ter mentido em seus depoimentos. Em novembro de 2024, quase voltou a ser preso após passar por nova oitiva.
gq/bl (ots)
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