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Entenda como é escolhido um Patrimônio Mundial

Jan Bruck (gb)29 de junho de 2015

Até 8 de julho, um comitê da Unesco reúne-se para escolher quais candidatos, de locais históricos a belezas naturais mundo afora, receberão o disputado título. Saiba como é o processo para inclusão na renomada lista.

Spreicherstadt, o bairro dos armazéns em Hamburgo, está na lista de nomeados deste anoFoto: picture-alliance/dpa/Kay Nietfeld

A Muralha da China, as Victoria Falls, na fronteira entre Zâmbia e Zimbábue, o centro histórico de Quedlinburg, na Alemanha, e a cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, são lugares espetaculares. Mas por que esses locais são considerados Patrimônios Mundiais da Unesco? Como essas maravilhas naturais ou culturais entraram para a seleta lista?

Os lugares que desejam receber o título devem atender a uma série de critérios, mas o primeiro obstáculo dos potenciais candidatos é conseguir a nomeação para o prêmio.

Em 2015, há um total de 36 nomeados, de todo o mundo. Entre eles, estão o aqueduto Padre Tembleque, no México, e as pinturas rupestres nas cidades de Ha'il, na Arábia Saudita, e Forth Bridge, na Escócia. Cingapura, com o seu Jardim Botânico, e Jamaica, com o parque nacional de Blue and John Crow Mountains, figuram pela primeira vez na lista de nomeados.

A cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, foi o primeiro local do Brasil a entrar para a lista da Unesco, em 1980Foto: DW

Beleza, significado e singularidade

Inicialmente, são os próprios países que elaboram uma lista de potenciais candidatos ao título concedido pela Unesco. No caso da Alemanha, a tarefa cabe aos 16 estados do país. Neste ano, apenas três locais foram indicados: a Speicherstadt (bairro dos armazéns, em Hamburgo), a catedral de Naumburg e, no estado de Schleswig-Holstein, o antigo centro comercial viking de Haithabu e a fortificação de Danewerk.

Entre dez itens exigidos para que um lugar seja eleito Patrimônio Mundial, há um pré-requisito básico, conforme o site da Unesco: "Os locais precisam ter um valor universal excepcional."

Candidatos alemães a Patrimônio Mundial

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Locais como monumentos e prédios têm que ser considerados "uma obra-prima da criatividade e genialidade humanas" – o que seria um critério para a Speicherstadt, em Hamburgo. O local também precisa representar certo tipo de arquitetura ou tecnologia, uma tradição cultural ou uma cultura perdida.

Por sua vez, um lugar inscrito devido a belezas naturais deve ser uma área "de excepcional beleza natural e importância estética".

Ainda assim, alguns critérios são vagos, e devem sê-lo, de acordo com a Comissão Alemã da Unesco. Afinal, a lista de Patrimônio Mundial deve refletir a diversidade do planeta.

O poder dos preservacionistas

As listas de candidatos elaboradas pelos países são encaminhadas a um painel independente de especialistas – o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos, na sigla em inglês). Ele analisa as candidaturas e faz suas recomendações. Os candidatos na categoria de fenômenos naturais são, então, examinados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Para ficarmos no exemplo alemão, o Speicherstadt, de Hamburgo, conseguiu convencer o Icomos e foi recomendado para inclusão na lista de Patrimônios Mundiais.

Já a catedral de Naumburg não teve a mesma sorte. Mas nem tudo está perdido para a cidade, já que o Comitê da Unesco para o Patrimônio Mundial poderia passar por cima das recomendações dos preservacionistas. Na conferência anual do ano passado, em Doha, no Catar, as decisões do comitê foram muito criticadas, e ele foi acusado de incluir locais na lista por motivação política.

Neste ano, o comitê é liderado por Maria Böhmer, ministra de Estado no Ministério do Exterior da Alemanha, responsável pelas relações culturais do país. Ela quer afastar a impressão negativa deixada em 2014.

"Um Patrimônio Mundial deve ter valor extraordinário e universal para a humanidade, não apenas para um único país", diz Böhmer, que deseja tornar o trabalho do Icomos mais transparente.

Jardim Botânico de Singapura também quer entrar para a listaFoto: picture-alliance/ANN/The Straits Times

Lista ainda desigual

O processo de candidatura leva ao menos 18 meses e é altamente complexo. Talvez por isso a maioria dos lugares eleitos esteja na Europa, América do Norte e Ásia, uma vez que em outros continentes faltam funcionários ou o know-how para fazer a inscrição. De todo o Patrimônio Mundial, 48% estão na Europa e na América do Norte, enquanto apenas 9% estão na África.

"A diferença, na maioria das vezes, ocorre porque certas regiões contribuem com um número extremamente alto de nomeações", diz Katja Römer, porta-voz da Comissão Alemã da Unesco. "O comitê quer atenuar esse desequilíbrio, apoiando países africanos na elaboração de dossiês para inscrições, por exemplo."

O comitê que toma a decisão final sobre que lugares serão incluídos na lista de Patrimônios Mundiais é formado por especialistas de 21 países.

O Brasil tem hoje 12 patrimônios culturais – incluindo Ouro Preto e as paisagens do Rio de Janeiro, o último, em 2012 – e sete naturais – entre eles, o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e as reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas.

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