Entenda como o ebola é transmitido
24 de agosto de 2014Na África Ociental o vírus do ebola já fez mais de mil vítimas. Apesar dos grandes esforços de médicos, Organização Mundial da Saúde (OMS) e organizações humanitárias, o vírus vai se espalhando cada vez mais.
Ao contrário da gripe, a transmissão do ebola se dá apenas pelo contato direto com os fluidos corporais de pessoas infectadas, como sangue, urina, fezes ou suor. O vírus é extremamente resistente e sobrevive também durante muito tempo nas superfícies de objetos.
Quando um enfermo deixa fluidos corporais sobre uma mesa ou tampa de vaso sanitário, por exemplo, o vírus se mantém longamente ativo, e outras pessoas podem se contaminar. Outra situação perigosa é o óbito, pois o vírus do ebola não morre imediatamente com o paciente, mas permanece no cadáver, como fonte de contaminação.
Os pesquisadores acreditam ter sido assim que a atual epidemia se alastrou. Consta que, em dezembro de 2013, um menino se infectou no contato com um morcego caçado para ser comido. Assim, o chamado "paciente zero", ou seja, o primeiro a carregar o vírus da epidemia, contaminou também as pessoas imediatamente à sua volta.
Importância de medidas de precaução
Ao entrar no corpo, o vírus se espalha com velocidade e destrói os vasos sanguíneos. Além disso, ele prejudica o processo de coagulação e provoca fortes reações inflamatórias. O sistema imunológico não consegue responder com rapidez suficiente: a pressão sanguínea cai velozmente e os pacientes morrem de falência múltipla de órgãos.
Como as formas de transmissão do vírus são conhecidas, os médicos deveriam poder se proteger da infecção. Apesar disso, cada vez mais membros das equipes médicas se contaminam.
O Instituto Bernhard Nocht, a maior organização alemã de pesquisa de doenças tropicais, presume que as rigorosas medidas de segurança para pessoal médico não foram ou não puderam ser cumpridas, seja por falhas de formação e esclarecimento no tratamento de pacientes, seja por falta do material necessário, como desinfetantes para as vestes de proteção.
Aspecto cultural do alastramento
Teoricamente, a epidemia poderia ser logo debelada, mas isso não depende apenas dos médicos. Faz parte do combate ao ebola também o esclarecimento da população, pois certos costumes são um obstáculo à extinção do vírus.
O Instituto Bernhard Nocht recomenda que também sejam consultados antropólogos, pois, em muitas das regiões afetadas na África, o significado do funeral é maior do que o de um nascimento ou casamento. Os mortos ficam na proximidade da família por algum tempo, são velados e tocados. E assim o vírus, que ainda sobrevive por vários dias, é transmitido às pessoas saudáveis.
Muitos africanos consideram que sua doença é uma maldição, que os persegue por vingança de um inimigo ou de uma divindade; ou que o vírus foi trazido pelos brancos aos seus países. Muitos rejeitam a medicina convencional e não se deixam tratar, muito menos por brancos.
A chave para combater o ebola está no esclarecimento. Os infectados devem ser encorajados a procurar ajuda nos ambulatórios. E os familiares precisam saber como se proteger do contágio.