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Entenda o caso Michael Brown e os protestos em Ferguson

Marcus Lütticke (av)20 de agosto de 2014

Morte de jovem negro por policial branco acirrou tensão racial nos EUA. Cidade no Missouri enfrenta protestos violentos e saques quase todas as noites. Uma cronologia dos fatos.

Foto: Reuters

9 de agosto de 2014: Michael Brown, de 18 anos, é baleado por um policial na cidade de Ferguson, em Saint Louis, estado do Missouri. As informações iniciais sobre as circunstâncias que levaram aos tiros são contraditórias. Segundo a polícia, Brown teria tentado roubar diversos pacotes de cigarrilhas de uma loja e se comportado de forma "agressiva", antes de ser alvejado.

Uma testemunha relata a jornalistas uma sequência de fatos diferente, porém: Brown estaria a caminho para a casa da avó. Ao receber os tiros, teria as mãos levantadas. Como a grande maioria da população de Ferguson, o jovem era afro-americano.

Michael Brown (e) com a irmãFoto: Scott Olson/Getty Images

10 de agosto de 2014: Pela manhã a polícia convoca uma coletiva de imprensa. Segundo Jon Belmar, chefe de polícia do condado de St. Louis, o agente que disparou contra Michael Brown foi empurrado de volta para o carro policial e lá "atacado". O primeiro disparo teria sido feito ainda de dentro do veículo, sem atingir ninguém, e os tiros fatais, já do lado de fora. Diversas perguntas da imprensa sobre os acontecimentos permaneceram sem resposta.

Em memória de Brown, um grupo se reúne à tarde, nas proximidades do local do homicídio. Alguns oram, outros protestam contra a polícia. Pela noite adentro, os protestos acabam em violência, lojas da área são saqueadas. Um helicóptero policial é atingido por tiros.

11 de agosto de 2014: Trabalhos de limpeza após uma noite de violência. À tarde, os pais de Brown apelam aos manifestantes para que mantenham a calma, mas à noite voltam a ocorrer protestos, violência e saques. Pela primeira vez a polícia emprega gás lacrimogêneo.

12 de agosto de 2014: A polícia se recusa a divulgar o nome do agente atirador, declarando que ele teria recebido ameaças de morte. O presidente Barack Obama pede calma aos habitantes de Ferguson e expressa condolências à família da vítima. Na terceira noite de protestos violentos, há emprego de gás lacrimogêneo e de veículos blindados.

Saques são quase diários em Ferguson , St. LouisFoto: Reuters

13 de agosto de 2014: Durante o dia, os moradores de Ferguson se manifestam pacificamente. A intervenção da polícia é criticada pela opinião pública. À noite volta a ocorrer violência. As forças de segurança respondem com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.

14 de agosto de 2014: Obama conclama à "paz e calma" em Ferguson. Jay Nixon, governador do Missouri, transfere o comando da operação, da polícia local para a Missouri State Highway Patrol, a policia estadual. A chefia é entregue a Ronald Jonson, afro-americano e natural de Ferguson. No início da noite, no Gateway Arch, marca registrada de St. Louis, há protestos, a maioria silenciosos, contra a violência policial, com a participação da família de Brown. A noite em Ferguson é tranquila.

15 de agosto de 2014: A polícia revela pela manhã o nome do atirador: Darren Wilson, policial branco com seis anos de experiência profissional que até então nunca chamara a atenção negativamente. À noite há protestos pacíficos, enquanto paralelamente os saques prosseguem. Ocorrem choques entre manifestantes e saqueadores. A polícia está presente, mas se mantém basicamente neutra.

16 de agosto de 2014: O governador Jay Nixon decreta estado de exceção e toque de recolher em Ferguson, entre a meia-noite e as 5h da manhã. Apesar disso, violência e saques continuam.

17 de agosto de 2014: Segundo uma perícia encomendada pelos pais de Michael Brown, o jovem foi atingido por seis balas, duas na cabeça e quatro no braço direito, todas pela frente. Acontecem novos distúrbios à noite, antes mesmo do início do toque de recolher. Manifestantes isolados atacam os policiais com coquetéis molotov, segundo a polícia há também disparos entre a multidão. Os agentes empregam gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.

Governador do Missouri, Jay Nixon, anuncia medidas de segurançaFoto: picture-alliance/AA

18 de agosto de 2014: Com base numa autópsia privada, um advogado da família de Brown confirma que o jovem foi atingido por pelo menos seis tiros. O governador Jay Nixon autoriza a mobilização da Guarda Nacional americana para Ferguson. Na esperança de uma distensão, ele suspende o toque recolher, porém novos choques deixam feridos.

19 de agosto de 2014: Em carta publicada por um jornal de St. Louis, o procurador-geral Eric Holder promete investigação minuciosa do caso Brown e apela pelo fim da violência, anunciando um encontro com agentes do FBI em Ferguson. É marcado o inicio do exame das evidências por um grand jury, com o fim de definir se Darren Wilson será acusado de homicídio. Os protestos arrefecem, porém mesmo assim são detidas 47 pessoas, a maioria por ignorar ordens de dispersar.

No norte de St. Louis, a apenas quatro quilômetros de Ferguson, a polícia mata um afro-americano de 23 anos. Segundo o chefe de polícia local, Sam Dotson, ele haveria ameaçado os agentes com uma faca e os desafiado a matá-lo.

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